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O presidente do Memorial, o cineasta João Batista de Andrade, foi recebido pelo prefeito de Campinas, em seu gabinete, no dia 1º de fevereiro. O encontro se deu para discutir formas de apoio ao Dia da Solidariedade Latino-americana, instituído na cidade pela lei municipal 6181/90. Recém-empossado, o prefeito Jonas Donizette planeja fazer uma grande comemoração, com eventos ao ar livre, praças e nos equipamentos culturais. Participaram da reunião o secretário municipal de cultura, Ney Carrasco, e a Diretora de Turismo, Alexandra Caprioli, órgão da pasta municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo.
“Esse convite veio de encontro ao nosso desejo de nos relacionarmos mais com outras cidades do estado São Paulo, afinal, o Memorial é uma fundação pública estadual”, contou João Batista de Andrade. Uma das ações já acertadas é levar para Campinas a exposição “Uma pequena estória da história da América Latina”, organizada pela fotógrafa Maureen Bisilliat. Singela, mas sofisticada, “Pequena estória” apresenta, por meio de painéis ilustrados, uma visão original de países latino-americanos, como Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Segundo o cineasta João Batista de Andrade, o Memorial pode levar aos municípios paulistas outras exposições, como “Mão da América” e “NossoOscar Niemeyer”, só para citar duas recentes homenagens ao arquiteto Oscar Niemeyer, e parte da reserva técnica do Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro. “Basta os prefeitos entrarem em entendimento com a Fundação”. Com isso, ganham todos: os municípios e os seus munícipes, que recebem exposições de alto nível, e o Memorial, que certamente se tornará destino dos interioranos quando visitarem a capital.
A preocupação de João Batista de Andrade é que o Memorial aprofunde seu vínculo com a sociedade paulista, que se torne mais popular. “Para que a população aprenda a usar esse espaço tão generoso”, ele gosta de dizer. “Para isso, estamos fazendo um esforço junto às organizações de bairro, ao Metrô, e a outros parceiros que em breve anunciaremos.” A ideia é que a população naturalmente crie o hábito de frequentar o Memorial para ver o que está acontecendo em seu espaço.
Para isso, é fundamental desenvolver projetos culturais regulares. “Estamos criando um calendário fixo para o Memorial. Além dos festivais de cinema latino-americano e de teatro ibero-americano, que existem há anos”, conta João Batista de Andrade, “definimos recentemente que entrarão para a programação permanente da Fundação a Lavagem da Mão (em 25 de janeiro, carnavalescos, sambistas e a ala das baianas de várias escolas de samba paulistas fizeram uma “lavagem espiritual” da América Latina, simbolizada na escultura “Mão”, de Niemeyer), o Giffoni Film Festival para jovens (de 28 de janeiro a 1º de fevereiro, cerca de 350 estudantes de 12 a 17 anos formaram o jurado do Giffoni, não sem antes terem participado de oficinas sobre aspectos do cinema e terem se encontrado com cineastas e artistas nacionais e internacionais) e o Prêmio Vladimir Herzog, que acontecerá em outubro”.
Os municípios paulistas não poderiam ficar de fora desse cardápio cultural. A ideia é criar uma via de duas mãos. Por exemplo, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (terra natal do eterno Carlos Gomes), atualmente regida pelo maestro chileno Victor Hugo Toro, foi convidada a fazer um concerto no Auditório Simón Bolívar. Por outro lado, o Memorial está neste momento tomando as medidas para fazer com que o seu Festlatino – Festival de Cinema Latino-americano de São Paulo se realize concomitantemente em outra cidade, além da capital. E para que, durante o ano, parte dele seja itinerante pelo litoral e interior afora.
O que puder ser levado para o interior, será levado, explica o presidente do Memorial, que renova o convite para que os cidadãos do interior venham conhecer o complexo arquitetônico criado pelo gênio de Oscar Niemeyer. A instituição até lançará brevemente uma publicação intitulada “O interior vai ao Memorial”, em que, em linguagem jovem e ilustrações do desenhista Franco de Rosa (veja os traços na primeira e nesta página), apresenta as características que fizeram do belo centro cultural da Barra Funda um dos principais da América Latina.