
Quem veio à mostra Transfronteiras Contemporâneas, nos primeiros dias, deve ter se perguntado “por que as pessoas estão dando dinheiro àquele homem ao lado de uma maquininha?” Era o venezuelano Ricardo Benaim e a sua “Oficina portátil de câmbio do Banco Central do Condor”. Ela cambiava notas de 1, 5 e 10 reais por notas de 1, 5 e 10 “condores”. Esta obra/ação faz parte de um projeto maior do artista, que convida à participação de outros artistas, o “Projeto Mapa América do Sul”.
O venezuelano Ricardo Benaim é um artista politicamente ativo: sua principal questão é a integração da América do Sul. Por sinal, um de seus projetos é o “Passaporte Branco”, que propõe uma América Latina sem fronteiras e sem vistos de entrada – pelo menos para os artistas. Ricardo Benaim ofereceu mapas antigos do Brasil para os outros artistas que participam de Transfronteiras Contemporâneas, para que eles fizessem qualquer intervenção. Ele levará esses mapas trabalhados ao seu país e montará outra exposição, sempre na perspectiva da integração latinoamericana.
Como se vê, seus trabalhos sempre envolvem artistas de outros lugares. Por exemplo, aqui no Memorial Benaim deu a oficina “São Paulo Utópica”. Os participantes saíram à rua e fotografaram o que quiseram. Depois, digitalmente e sob sua orientação, novas imagens foram formadas, nem sempre figurativas. O resultado foram multiplas visões subjetivas e utópicas de cada participante. Elas foram impressas em forma de cartões postais e distribuídas aos visitantes com a solicitação que enviassem a alguém pelo correio.
O objetivo de Benaim com seus projetos é “envolver pessoas interessadas em mudar, descobrir, redescobrir, criar e recriar uma opção nova para a América do Sul. Aspiro que a idéia da integração seja debatida entre todos e em todas as esferas, seja ela política, universitária ou artística.”
Fotos: Mônica Saraiva