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Durante a semana os telefones do Memorial não pararam de tocar. Queriam saber sobre o musical. Onde seria o espetáculo, a que horas chegar? No dia do show, sexta-feira, 27 de junho, já pelo meio da tarde, eles começaram a aparecer. Muitos vieram a pé ou de carro. Os três estacionamentos do Memorial lotaram. Outros, alegres, saíam aos grupos de vagões de metrô, de composições dos trens da CPTM, de ônibus urbanos e de outras cidades. Formou-se uma fila que avançou até a entrada do terminal que depois duplicou, dando duas voltas no entorno do Memorial. No início da noite, a Barra Funda fervilhava de gente.
Nesse dia, nessa hora, o povo afluía ao Memorial “Pro dia nascer feliz”. O antropólogo Darcy Ribeiro concebeu a Praça Cívica, onde está a famosa “Mão”, para, como ele dizia, “o encontro de multidões”. O espetáculo “Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz” arrebatou uma multidão de 40 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, que certamente deixaria feliz os seus criadores. Não só Darcy Ribeiro, mas também Oscar Niemeyer, muitas vezes criticado por não ter colocado um jardim no local.
Como disse o presidente do Memorial, João Batista de Andrade, logo após o espetáculo, “a homenagem ao Cazuza, com o comparecimento em massa do público, é mais uma prova de que o espaço arquitetônico e cultural idealizado por Oscar Niemeyer e Darcy Ribeiro tem capacidade e estrutura para realizar grandes espetáculos, seja por iniciativa própria, locação de espaços ou em parcerias com produtoras de grandes eventos nas áreas de entretenimento e turístico de São Paulo”.
De fato. Segundo a PM não houve intercorrência antes, durante e após o musical, neste que foi um dos maiores ajuntamento de público da história do Memorial. Felipe Pinheiro, diretor administrativo e financeiro do Memorial, comenta que “tinha homem, mulher, criança, idoso. Muitos estavam sentados, mas a grande maioria não. Em certo momento, começaram a pedir “senta”, “senta”, até o ator que interpretava o Cazuza fez coro. E não é que aquela multidão sentou-se ordeiramente! Após o espetáculo, em quinze minutos a multidão já se dispersava, devido aos vários portões do Memorial. Foi um sucesso de organização: o palco, a luz, o som – tudo de primeira linha, dentro do horário e de graça. A gente acredita que com isso se abrirá uma nova fase de musicais a céu aberto no Memorial.”
Os produtores do espetáculo estavam emocionados. O maior público que haviam tido foi no Rio de Janeiro: cinco mil pessoas. Aqui a energia foi tanta que o ator Emílio Dantas, que faz magistralmente o Cazuza, demorou para se recompor. Ele só conseguiu se desligar e sair do Memorial lá pelas duas da manhã. Aliás, todo o elenco ficou até a madrugada sentindo os eflúvios emanados do Memorial da América Latina. “Foi tudo perfeito e só temos a agradecer a estrutura oferecida pelo Memorial”, resumiu a produtora Mariza Medeiros, da Chain XYZ Produções, responsável pelo musical.