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Como ocorre desde sua segunda edição, o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo oferece um prêmio da crítica e um prêmio do público para os filmes da seção Contemporâneos, composto pelo troféu Memorial da América Latina e, no caso do prêmio da audiência, o valor de 10 mil dólares.
A mostra Contemporâneos do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo reúne 35 títulos produzidos entre 2006 e 2008 pela Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Guatemala, Haiti, México, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Entre eles estão destaques em festivais internacionais como Cannes, Veneza, Roterdã, Guadalajara e Havana.
Premiado como melhor filme no Festival de Mar Del Plata, “M” (Nicolas Prividera, Argentina), descreve uma investigação desencada por seu protagonista que o leva ao encontro de velhos companheiros de trabalho e de militância de sua mãe.
No colombiano “PVC-1” (de Spiros Stathoulopoulos, inédito no Brasil), um plano contínuo traz o desespero de uma mulher que tem um colar-bomba preso em seu pescoço. Já no mexicano “Partes Usadas” (Aarón Fernández) são as relações entre juventude e criminalidade o foco. Com mais humor, a comédia policial “A Noite dos Inocentes” traz uma Havana repleta de preconceitos e um travesti violentamente agredido. A pergunta do diretor Paul Leduc em “O Cobrador” é posta: estamos falando de globalização da violência ou da violência da globalização?
Dirigido pelo ídolo pop argentino Fito Páez, “De Quem é a Cinta-Liga”, também inédito, é uma comédia com forte inspiração do universo de Pedro Almodovar (Páez foi casado com Cecilia Roth, protagonista de “Tudo Sobre Minha Mãe”) e seu enredo, situado na década de 1980, focaliza três amigas que resistem à passagem do tempo. A produção é estrelada por Romina Richi, atriz de grande êxito na televisão argentina que foi indicada pela Associação de Críticos da Argentina como atriz revelação pela atuação no filme.
Entre os demais títulos inéditos no pais destacam-se “Não Olhe para Baixo” (Eliseo Subiela), prêmio de melhor direção no Festival de Guadalajara; “A Noite dos Inocentes” (Arturo Sotto, Cuba), vencedor do prêmio especial do júri no Festival de Biarritz; “Os Andes não Crêem em Deus” (de Antonio Eguino, Bolívia); “O Brinde” (Shai Agosin, Chile); “O Presidente tem AIDS?” (Arnold Antonin, Haiti); “A Viagem da Nonna” (Sebastián Silva, México), “Diga a Mário Que Não Volte” (Mario Handler, Uruguai); o argentino “O Sonho do Cão” (Paulo Pécora); e os mexicanos “O Sangue Iluminado” (Iván Ávila Dueñas) e “Ano Unha” (Jonás Cuarón), entre outros.
Na representação brasileira estão dez filmes que estrearam com destaque nos doze meses que precederam esta edição do festival. É uma oportunidade de ver (e rever) produções de grande contribuição artística. Obras de cineastas consagrados como Eduardo Coutinho, Carlos Reichenbach e Andrea Tonacci, e nomes surgidos nos últimos anos, como Cláudio Assis, Lina Chamie e Sandra Kogut. Destacam-se os quatro documentários programados, todos com propostas de linguagem inovadoras e reafirmam a vitalidade do gênero: o exercício que embaralha ficção e realidade em “Jogo de Cena” (de Coutinho) e “Serras da Desordem” (Tonacci), a montagem poética e radical de “Cartola – Música Para os Olhos” (Lírio Ferreira e Hilton Lacerdo) e o uso autocrítico da primeira pessoa em “Santiago” (João Moreira Salles).
Foto 1: “PVC-1”, Spiros Stathoulopoulos
Foto 2: “Jogo de Cena”, Eduardo Coutinho