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O Memorial inaugurou em março de 2015 o Memo FabLab, o primeiro Laboratório Comunitário de Fabricação Digital Público do Brasil. Conhecido por FabLab, o laboratório foi instalado na Galeria Marta Traba do Memorial da América Latina. E desde então ele foi usado em oficinas, workshops e residências artísticas para pessoas interessadas em conhecer mais sobre tecnologias digitais de concepção e fabricação de modelos 3D.
O primeiro FabLab comunitário da América Latina fica no Museu de Arte de Lima, no Peru. O Memo FabLab é o segundo do continente latino-americano e o primeiro em solo brasileiro aberto ao público e gratuito. Por meio dele, o Memorial passa a fazer parte da Citi Fab Lab, rede internacional comprometida com o uso público e gratuito dessa nova tecnologia que permite, em tese, tornar concreto quase qualquer coisa.
As atividades do Memorial envolvendo a tecnologia 3D, sob o conceito FabLab, começaram em 2012 por meio de uma parceria com a USP. O professor Paulo Eduardo da Fonseca de Campos, coordenador do curso de design e do FabLab da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, pioneira nessa área no Brasil, treinou os então artistas residentes do Memorial, Lucas Schlosinski e Lilian Fontenela, para o desenho em 3D e impressão de uma maquete do Memorial.
A artista plástica e gerente da galeria Marta Traba, Ângela Barbour – que antes de se dedicar às artes foi pesquisadora científica do Instituto Butantã, pois é farmacêutica bioquímica de formação – levou o projeto da maquete 3D do Memorial da América Latina ao Fase 5 – Encontro de Arte e Tecnologias Metáforas da Sobrevivência, que se deu em novembro de 2013, em Buenos Aires, Argentina.
Em março de 2014, o professor da FAU-USP Paulo Fonseca fez uma palestra no Memorial sobre as possibilidades abertas por essa tecnologia. O conceito de FabLab (abreviação em inglês para laboratório de fabricação) surgiu em 2001 no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Ele possibilita uma rápida “fabricação digital” de objetos mesmo por quem não tem conhecimento técnico, por meio de equipamentos controlados por computador que cortam e esculpem materiais diversos.
Em meados do ano passado, o Memorial participou do segundo encontro latino-americano de FabLabs, um congresso on line chamado FabLate Fest 2014, coordenado pelo FabLab do Peru. Além da maquete 3D do Memorial, foi apresentada a metodologia de produção de imagens táteis para deficientes visuais, desenvolvida no Memorial pelo projeto Céu Aberto. Barbour e a professora Lilian Amaral, do Instituto de Artes da Unesp, trabalham atualmente no que elas chamam de uma “corpografia” para não videntes.
O primeiro Fab Lab foi montado no MIT pelo professor Neil Gershenfeld como parte da disciplina How To Make (almost) Anything (Como fazer quase tudo). Dinâmico, tornou-se um ponto de encontro entre estudantes, profissionais e empreendedores, em busca de espaço, máquinas, ferramentas e o apoio necessário para o desenvolvimento de produtos e ideias.
E se configurou o conceito de que todo conhecimento advindo daí deve ser público e aberto na internet. Criou-se uma rede de Fab Labs em todo o mundo (cerca de 200, atualmente), principalmente nas universidades. Para fazer parte dela deve-se defender a mesma ideologia, ou seja, todo conhecimento deve ser aberto.
Um desdobramento mais recente das FabLab é a CitiFabLab, uma rede de FabLab com a mesma ideologia e acessível a todo cidadão e não mais só aos estudantes ou empreendedores, como são as das universidades.
O Memo FabLab faz parte então dessa rede Citi FabLab. Está aberto e acessível a todo visitante do Memorial que quiser desenvolve um projeto e tornar concreto uma ideia – algo como imprimir o seu sonho.