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O FILBA (Festival Internacional de Literatura de Buenos Aires), existente desde 2008 e anual desde 2010, com o desafio de criar um espaço diversificado dentro da agenda cultural do país, terá como tema dessa terceira edição, em uma de suas seções, a literatura verde-amarela, voltada principalmente para a criação contemporânea. O FILBA 2011 acontece de 09 a 18 de setembro.
A edição 2011 da FILBA é especial por promover o evento exatamente no ano em que a capital argentina é eleita pela Unesco como a capital mundial do livro. Além da seção “Bloco Brasil”, o III FILBA terá as seções “Tinta activa”, “En primera persona”, “Industria en foco”, “Filbita” (esta última voltada para o público infanto-juvenil).
A criação da Fundação FILBA, em 2009, veio com o propósito de desenvolver ações a fim de difundir a literatura, realizando atividades escolares, jornadas de promoção da leitura, de modo a inspirar a consciência do papel transformador da palavra.
Devido ao espaço que vem sendo conquistado pela literatura brasileira nos últimos anos dentro da comunidade hispanofalante, na edição de 2011, alguns dos maiores escritores de nosso país serão homenageados: Machado de Assis, Guimarães Rosa (foto acima) e Clarice Lispector. Nos paineis programados será debatida a diversidade da narrativa brasileira atual em encontro com as narrativas hispânicas, passando também pela música.
No encerramento, haverá uma leitura realizada pelo prestigiado escritor sul-africano J. M. Coetzee (foto ao lado), Prêmio Nobel de Literatura.
2001 – Buenos Aires, a Capital Mundial do Livro
No ano de 1996, o dia 23 de abril foi escolhido como Dia Mundial do Livro, em comemoração ao falecimento de Miguel de Cervantes, William Shakespeare e o Inca Garcilaso de la Veja, pela Confederação Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
A partir de 2001, o título de Capital Mundial do Livro passou a ser concedido, a cada ano, a uma cidade diferente do globo, em reconhecimento ao trabalho desenvolvido em promoção da cultura e incentivo à prática da leitura.
Buenos Aires é considerada uma cidade de livros e leitores. Contando com inúmeras livrarias, empreendimentos editoriais, revistas literárias, bibliotecas públicas e populares, autores célebres e premiados, o livro e a leitura são como pilares da identidade portenha.
Em um ano de festas e atividades culturais, que se iniciou em 23 de abril deste ano, a capital argentina entende o título como uma homenagem merecida a seus escritores, livreiros, editores, bibliotecários, tradutores literários, educadores e leitores e organiza uma vasta programação de eventos e parcerias.
Antes, já tiveram seu ano de Capital Mundial do Livro Madri, Alexandria, Nova Déli, Bogotá, Amsterdã, Montreal, entre outras.
Atividades
Sábado, 10 de setembro, 18h, Malba
Painel: Brasil por Brasil
Participantes: João Gilberto Noll, Santiago Nazarian e Moreno Veloso
Moderador: Gonzalo Aguilar
O escritor João Gilberto Noll (Harmada), o poeta e narrador Santiago Nazarian (Pornofantasma) e o músico Moreno Veloso (Máquina de escrever música), três figuras relevantes da cultura brasileira contemporânea, abordarão a atualidade cultural do Brasil – os temas de interesse e pontos em conflito que se julgam em cada ambiente, ao tempo que recomendarão diferentes leituras tencionando uma aproximação à cultura brasileira.
Segunda-feira, 12 de setembro, 20h, CCEBA San Telmo
Painel: Palabras Cruzadas: Lecturas – Leituras
Participantes: João Gilberto Noll, Vilma Arêas e Adriana Astutti
Moderadora: Florencia Garramuño
Os encontros culturais entre países fronteiriços estão carregados de tensões que geralmente são abordadas de maneira difusa. O escritor João Gilberto Noll e a acadêmica Vilma Arêas, do Brasil, junto com a editora argentina Adriana Astutti tentarão compreender o modo em que se recebe a literatura do país vizinho e traçam esses encontros literários, analisando quais são as figuras provocantes, os pontos de contato e de diferenciação, entre outros aspectos.
Terça-feira, 13 de setembro, 19h, Auditorio Fundación OSDE
Entrevista + Performance
Seleção de Poemas Cantados por Moreno Veloso
Entrevista: Martín Pérez
Poesia e música se unem em uma performance realizada pelo músico baiano Moreno Veloso. Dono de um estilo particular, formado em uma família de artistas, suas músicas se caracterizam por absorver tanto a influência da bossa e da MPB como os sons de influência eletrônica. O encontro começará com uma entrevista feita pelo jornalista Martín Pérez para terminar com um espetáculo musical no qual Veloso percorrerá aqueles poemas que foram determinantes em sua formação artística.
Entrada gratuita. Retirada de ingressos na Fundación OSDE (Leandro N. Alem 1067, piso 12) e na Eterna Cadencia (Honduras 5582) até lotar a capacidade da sala.
Quarta-feira, 14 de setembro, 16h, MALBA
Painel: Homenagem: Machado de Assis e Guimarães Rosa
Participantes: Vilma Arêas, Santiago Nazarian, Adriana Lisboa e Florencia Garramuño
Moderador: Mario Cámara
Joaquim Machado de Assis (Memórias póstumas de Brás Cubas) e João Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas) são dois autores emblemáticos da literatura brasileira. O primeiro no século XIX e o segundo no século XX, inauguraram estilos narrativos ao mesmo tempo em que definiram literariamente as regiões que habitaram. A acadêmica carioca Vilma Arêas, o narrador e poeta Santiago Nazarian, a narradora Adriana Lisboa e a especialista em literatura brasileira Florencia Garramuño refletem sobre a obra de ambos os autores e suas influências na literatura brasileira contemporânea.
Quarta-feira, 14 de setembro, 18h, MALBA
Entrevista: João Gilberto Noll em Primera Pessoa
Por Silvina Friera
João Gilberto Noll publicou seu primeiro livro de relatos, O cego e a dançarina, em 1980. Desde então escreveu várias novelas: Lorde, Bandoleiros, A céu aberto, Harmada, entre outras, e recebeu o Prêmio Jabuti, o mais importante do Brasil, cinco vezes. A experimentação e a complexidade de suas novelas o colocam como um dos escritores mais originais da literatura brasileira. Nesta entrevista pública feita pela jornalista Silvina Friera, Noll percorrerá sua obra e os vínculos que gerou com o cinema.
Sábado, 17 de setembro, 16h, MALBA
Painel: Literaturas Lusofónos Ilhas Linguísticas?
Participantes: Luiz Ruffato, Joca Reiners Terron e Adriana Lisboa
Moderador: Cristian De Nápoli
Estreitamente ligada ao seu contexto hispanofalante, a literatura em português se apresenta às vezes como uma “ilha linguística” cujas tradições e dinâmicas são desconhecidas dos argentinos. Luiz Ruffato (Eles eran muito cavalos), Joca Reiners Terrron (Do fundo do poço se vê a lua) e Adriana Lisboa (Azul-corvo) tentarão compreender este fenômeno. Quão dinâmica é a circulação de obras entre Brasil e Portugal? Como se instaura o abismo literário nos países lusofalantes? Qual é o centro de legitimação e qual o espaço para as vozes da vanguarda?
Sábado, 17 de setembro, 20h, MALBA
Painel: Homenagem: A paixão segundo Clarice
Participantes: Vilma Arêas, Luiz Ruffato e Florencia Abbate
Moderador: Mario Cámara
Contista, novelista, cronista e autora de textos infantis, Clarice Lispector construiu uma voz que se destaca tanto por sua intimidade como por sua inteligência e humor. Depois de realizar um apanhado pela obra de uma das escritoras mais importantes do século XX, os escritores convidados debaterão sobre sua influência na narrativa contemporânea e o auge a que chegaram os textos da Lispector nos últimos anos.
Currículos dos brasileiros participantes:
Adriana Lisboa (Brasil,1970) Viveu em Paris e Avignon (França), e desde o final de 2006 reparte seu tempo entre Denver (EUA) e Rio de Janeiro. É autora de nove livros de ficção e compiladora de várias antologias de contos no Brasil e no exterior. Recebeu o Prêmio José Saramago, por sua novela Sinfonia em branco. Em 2007 foi incluída pelo projeto Bogotá 39/Hay Festival na lista dos mais importantes escritores latino-americanos menores de 39 anos. Traduziu para o português obras de Cormac McCarthy, Marilynne Robinson, Robert Louis Stevenson, Mary Shelley, Amy Bloom e Émile Faguet, entre outros. Seus livros foram publicados no México, Portugal, Itália, França, Suécia, Suiça e Estados Unidos. Sua novela O coração às vezes para de bater foi adaptada para o cinema no Brasil em 2009 por Maria Camargo.
João Gilberto Noll (Brasil, 1946). Estudou Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Seu primeiro livro de relatos, O cego e a dançarina, foi editado em 1980. É autor das novelas Lorde, Bandoleiros, Harmada e A céu aberto. Entre outras distinções recebeu o Prêmio Jabuti e o prêmio máximo de ficção da Academia Brasileira de Letras. http://www.joaogilbertonoll.com.br/
Joca Reiners Terron (Brasil, 1968). Poeta, narrador e disigner gráfico, foi editor de Edições Ciência do acidente, devido ao qual publicou a novela Não há nada lá (2001) e o livro de poemas Animal anônimo (2002). É autor também de dois volumes de contos Hotel Hell (2003), Curva de Rio Sujo e Sonho interrompido por guilhotina (2006). Sua última novela Do fundo do poço se vê a lua (2010) recebeu o Prêmio Machado de Assis como melhor novela do ano. Também foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2011. É colaborador da Folha de São Paulo e da TV Cultura.
Luiz Ruffato (Brasil,1961). Depois de trabalhar vários anos como jornalista, decidiu dedicar-se exclusivamente a escrever. Publicou os livros de relatos Histórias de remorsos e rancores (1998) e Os sobreviventes (2000), a coletânea de poemas As máscaras singulares (2002) e o ensaio Os ases de Cataguases (2002); além de Mamma, son tanto felice (2005), O mundo inimigo (2005), Vista parcial da noite (2006), O livro das impossibilidades (2008) e Domingos sem Deus, que constituem um ciclo de cinco novelas chamado “Inferno Provisório”, sobre a história do proletariado brasileiro desde 1950. Eles eram muito cavalos (2001) lhe rendeu o Prêmio Machado de Assis de melhor novela, concedido pela Academia Brasileira de Letras, e o Prêmio da Associação de Críticos de Arte de São Paulo (APCA); foi publicada em Portugal e traduzida para o francês e o italiano, como Estive em Lisboa e lembrei de você (2009).
Moreno Veloso (Brasil, 1972) Músico, cantor e compositor. É filho de Caetano Veloso, um dos grandes expoentes da música popular brasileira. Estudou física na universidade, mas se dedica a la música tanto no Brasil como no exterior. Em 2000, gravou seu primeiro disco, Máquina de escrever música, mas sua estreia na composição foi muito antes em 1982, com “Um Canto de Afoxé para o Bloco Do Illê”, em clara referência à mitologia africana.
Santiago Nazarian (Brasil, 1977) É autor de cinco novelas, entre elas, Mastigando Humanos e Feriado de Mim Mesmo. Em 2003 recebeu o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Literatura para sua primera novela, Olívio. Em 2007 foi eleito um dos jovens autores mais importantes da América Latina pelo jurado do Hai Festival, representando a Brasil em Bogotá. Se dedica também à tradução de textos literários do inglês ao português, e colabora com crônicas e resenhas em diversos periódicos e revistas. Em 2011 publicará seu primero livro de contos, Pornofantasma. http://www.santiagonazarian.blogspot.com/
Vilma Arêas (Brasil), É professora de literatura brasileira na Universidade Estadual de Campinas. Recebeu o Prêmio Jabuti duas vezes, pela novela Aos trancos e relâmpagos e pelo livro de contos A terceira perna.
Maiores informações:
Site oficial: http://filba.org.ar/
Twitter: http://twitter.com/#!/FundacionFilba
http://www.capitaldellibro2011.gob.ar/acerca_bacml2011.htm
http://www.lanacion.com.ar/1399283-seis-escritores-en-bariloche-en-busca-de-inspiracion
http://www.revistaenie.clarin.com/feria-de-frankfurt/