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São Paulo, 25 de junho de 2009.
Considerado o maior cineasta brasileiro vivo, Nelson Pereira dos Santos é o primeiro brasileiro a ser homenageado pelo Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo. O diretor recebe em 2009 o Troféu Fundação Memorial da América Latina, que nas edições anteriores do evento foi outorgado aos argentinos Fernando Birri e Fernando Pino Solanas e o mexicano Paul Leduc.
Seis longas da extensa filmografia do diretor são exibidos, sendo o destaque maior para o clássico “Vidas Secas” (1963), uma adaptação do livro homônimo de Graciliano Ramos. O público pode conferir também outros marcos da história do cinema brasileiro assinados pelo diretor, como “Rio 40 Graus” (1957), obra que influenciou o movimento do Cinema Novo, e “Memórias do Cárcere” (1984), outra elogiada adaptação de Graciliano Ramos. Completam a homenagem “Amuleto de Ogum” (1974), que trata de candomblé e jogo do bicho na Baixada Fluminense, o antropofágico “Como era Gostoso o Meu Francês” (1970) e “El Justicero” (1966), uma bem humorada – e menos conhecida – produção do diretor que tem como protagonista um playboy da zona sul carioca.
Filho de um alfaiate e de uma dona-de-casa de origem italiana, Nelson Pereira dos Santos nasceu no bairro do Brás e foi criado no Bixiga, em São Paulo. No início dos anos 50, formou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas já estava apaixonado pelo cinema. Escolheu, então, o Rio de Janeiro para morar e iniciou a trajetória que o tornaria um dos mais importantes precursores do movimento do Cinema Novo.
Após uma viagem a Paris, fez o curta-metragem “Juventude”, um documentário em 16 mm. No ano seguinte estreou como assistente de direção no filme “O Saci”, de Rodolfo Nanni. Em 1955, aos 27 anos, lançou o longa “Rio 40 Graus”, o primeiro de uma trilogia idealizada sobre a cidade que adotou. Dois anos depois concluiu “Rio, Zona Norte”.
Em 1984, transformou uma obra-prima de Graciliano Ramos, “Memórias do Cárcere”, em filme e ganhou o prêmio da crítica especializada no Festival de Cannes, França. Nelson foi professor fundador do curso de cinema da Universidade de Brasília (o primeiro do Brasil). Lecionou ainda na Ucla (Universidade da Califórnia em Los Angeles) e na Universidade de Columbia, em Nova York. É também membro do Conselho Superior da Escola de Cinema de Havana.
No dia 17 de julho de 2006, aos 77 anos, foi o primeiro cineasta a se tornar membro da Academia Brasileira de Letras, na cadeira de número 7, cujo patrono é Castro Alves, que pertencia anteriormente a Sergio Correia da Costa.