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O cientista político argentino Jorge Szeinfeld proferiu palestra sobre “Os desafios da globalização na região do Mercosul” no dia 20 de julho no Memorial da América Latina para um público predominantemente universitário – discentes e docentes de áreas como Direito, Relações Internacionais, Ciências Sócias e História.
Szeinfeld é professor de relações Internacionais e Direito Político na Universidad Nacional de la Plata, diretor do Centro de Estudos e Investigação em Defesa, Estratégia e Comunicação da mesma universidade, secretário do Instituto de ciência Política da Província de Buenos Aires e professor convidado da FLACSO, no Equador.
De acordo com o professor, enquanto o mundo assistia à queda do Muro de Berlim e ao fim da U.R.S.S., a região do Mercosul continuava a viver conflitos, assim como o resto do planeta, só o que mudou foi a natureza destes. “Os conflitos deixavam de ser políticos e ideológicos para ser sociais”, disse. “Enquanto a Internet e as novas tecnologias quebram barreiras, as fronteiras sociais se agravam”, afirmou, para citar um exemplo favorável e um desfavorável do processo de globalização.
Szeinfeld acredita no Mercosul e na sua força para alavancar os países-membros. “Por sorte, nossa região começou a encontrar respostas pela integração. ”Para ele, um dos destaques do bloco é ter criado uma zona de paz. As missões de paz enviadas ao Haiti, lideradas pelo Brasil, são um ótimo exemplo disso. Ele defende também uma verdadeira união entre as universidades, gerando um intercâmbio de pesquisadores, como existe na União Européia.
Formada por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde o início deste mês, Venezuela, o Mercosul tem como membros associados Peru, Colômbia e Equador. A entrada definitiva da Venezuela no mercado é bem vista pelo professor, que acha que podem haver conflitos de interesse, como já existem, mas que estes devem ser debelados internamente. “Eu vejo o mercosul como um mercado comum de diálogo”, diz, otimista, o cientista político, apesar de reconhecer que muitas vezes os conflitos extrapolam o bloco, como o caso das papeleiras entre Uruguai e Argentina.
Neste caso, em que a Argentina queria impedir o país vizinho de construir fábricas de celulose na região da fronteira, o processo foi parar na Corte Internacional de Justiça de Haia, na Holanda. “O Mercosul deveria ter a sua própria corte. Há um vazio legal e político na região, que deve ser preenchido o quanto antes”, defende.
Fotos: Paloma Varón