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Falas do debate (arquivos mp3)
“A produção tem de estar aliada à reflexão.” Esta frase, dita pela professora de Cinema da USP Maria Dora Mourão ao final do debate sobre Ensino, a quarta mesa do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, traz o principal ponto abordado pelos professores e realizadores presentes à mesa.
Mourão mediou o debate entre Hugo Rodríguez, professor do Centro de Capacitação Cinematográfica do México, Silvio Fischbein, professor da Universidade de Buenos Aires, e Mario Antonio Santos, professor da Universidade de Cinema de Buenos Aires. Todos eles, além de professores, são realizadores.
Mario Antonio Santos acredita que um curso de cinema deve ter uma profunda carga humanística. “Só assim poderemos dar conta de todas essas mudanças e avanços no campo digital”, considerou. Ele acha que um bom curso deve aliar uma forte produção acompanhada de forte conteúdo teórico e humanístico.
Para Hugo Rodríguez, ao mundo audiovisual está influenciando o nosso pensamento e a nossa forma de pensar a tal ponto que já podemos falar do Homo videns, em contraposição ao Homo sapiens. “A nossa capacidade de apreender a imagem aumentou consideravelmente”, disse ele, contando que leva cursos de cinema a cidades como Tijuana, que não têm escolas formais de cinema.
Ele defende o ensino de cinema também para a formação de público. Mourão retomou a essa questão ao final do debate acrescentando que advém daí a importância de se oferecer disciplinas de audiovisual para alunos do Ensino Fundamental.
“O cinema não morreu, mas nós temos que aceitar que essa já não é mais a única forma de produção audiovisual possível”, disse Silvio Fischbein, da Argentina, que concorda com a afirmação do Homo videns proposta por Hugo Rodríguez: “Hoje ainda pode haver analfabetos, mas não há quem não compreenda as imagens”.
Fischbein destacou a importância do olhar de cada realizador. “Nosso olhar é influenciado pelo que somos”, afirmou. A partir daí, ele fez uma diferenciação entre as formações técnica e humanística. Enquanto a primeira capacita um técnico, a segunda propicia uma reflexão sobre o fazer, a realização de pesquisas e, principalmente,condições para a criação de novos conhecimentos.