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O Brasil vive um momento de polarizações políticas. Tornou-se comum ouvir nas manifestações o grito “vá pra Cuba” quando alguém é identificado com um símbolo esquerdista. Vitor Ribeiro foi. E o que ele viu poderá ser conferido na exposição “Vá para Cuba!”, que o Memorial da América Latina e o Consulado de Cuba inauguram nesta terça, 20 de outubro.
As vinte fotos do repórter fotográfico Vitor Ribeiro fazem parte do Dia da Cultura Cubana, que é comemorado em 20 de outubro na Ilha e em vários países. Este ano o Consulado Geral de Cuba programou para o Memorial, além da mostra fotográfica, uma breve apresentação de balé clássico (três bailarinos) e outra de dança folclórica (dois dançarinos) por parte do grupo Dança Cumbre.
Será uma espécie de amostra grátis da arte de dançar cubana, famosa no mundo todo. Essas atividades se darão em frente à Sala de Vídeo do Pavilhão da Criatividade (onde funciona também o Cineclube Latino-Americano) e farão a abertura do Dia da Cultura Cubana. Em seguida, já na Sala de Vídeo, haverá a exibição de documentário de cinco minutos sobre essa data, seguida da fala oficial de autoridades.
Mas o melhor ficou para o final: o quinteto de músicos cubanos Batanga & Cia, todos radicados em São Paulo, puxará o público para fora para ouvir e dançar ao seu som. Eles pretendem fazer um percurso pelos vários gêneros musicais nascidos na Ilha, sem deixar de contar curiosidades sobre o surgimento de cada ritmo.
As fotos que Vitor Ribeiro selecionou para a exposição “Vá para Cuba!” são resultado de um recorrido feito por ele por todo o país em maio deste ano. Jornalista especializado em economia e política, ele atualmente é diretor do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Foi um dos cinco brasileiros convidados a participar do Festival de Turismo de Cuba deste ano. Gostou do que viu. “Fiquei impressionado com o profissionalismo e a infraestrutura turística que eles têm por lá. É muito melhor que a brasileira”, comenta.
Não à toa, no ano passado Cuba foi visitada por 3,2 milhões de turistas, principalmente europeus e canadenses. Apenas 19 mil eram brasileiros. O potencial de aumento é grande. Para o cubano, explorar o turismo é uma questão de sobrevivência nacional. É a melhor forma deles obterem divisas em face do bloqueio econômico imposto pelos EUA desde os anos 60.
Foi a primeira vez de Vitor Ribeiro em Cuba. Suas imagens refletem esse deslumbramento de noviço. “O brasileiro não conhece Cuba”, diz, “tem muito mito, tem muito dogma, tanto da direita quanto da esquerda. Se você se basear no que falam… Para mim, Cuba é uma Bahia mais organizada, sem violência, sem sujeira, em que as pessoas tem saúde e educação”.
E são solidários. Ele conta que, ao chegar em um hotel repleto de turistas italianos, foi recebido por um típico carregador de malas. O homem percebeu que estava diante de pessoas que falavam português e não italiano, como a maioria. O diálogo a seguir é revelador do ser cubano:
-Eres brasileño? Perguntou o negro forte após empunhar a mala de Vitor Ribeiro.
– Sou.
– Me encanta Brasil! Disse, após depositar a mala no carrinho.
– É?
– Sí. Tengo una sobrina que ayuda a su país.
– Como assim?
– Ella es un médica.
E sorriu antes da porta do elevador se fechar diante de si.
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Serviço:
Dia da Cultura Cubana
20 de outubro, 19 h
Show Batanga & Cia
Exposição “Vá para Cuba!”
Fotos de Vitor Ribeiro
21 a 25 de outubro, 9h às 18h
Pavilhão da Criatividade
Grátis
Por Eduardo Rascov
Fotos Vitor Ribeiro