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O Colóquio Internacional 400 anos de Padre Antônio Vieira Imperador da Língua Portuguesa foi aberto na noite de terça-feira, 22 de abril, no auditório da Biblioteca Latino-americana Victor Civita. O presidente do Memorial, Fernando Leça, deu as boas vindas aos participantes, especialmente aos que vieram de Portugal para o evento. E aproveitou para anunciar que os papers do seminário serão publicados em livro, a ser lançado pelo Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL) ainda este ano.
O professor português radicado no Brasil João Alves das Neves é o coordenador acadêmico do Colóquio. Presidente do Centro de Estudos Fernando Pessoa, o professor Neves destacou a importância e a influência do jesuíta na formação e no estilo de grandes escritores da língua portuguesa ao longo do tempo. O próprio Fernando Pessoa, por exemplo, considerava Vieira “imperador da língua portuguesa”.
Um dos destaques da noite foi a apresentação do grupo A Quatro Vozes, formado pelas irmãs Dora, Jurema e Jussara e sua sobrinha Thatiana. Acompanhadas de percussão e cordas, elas executaram repertório que resume bem o espírito do evento: foram de “Kuenda”, composição do séc. XVII, época de Vieira, a “Cantiga do Pastor”, do grupo contemporâneo português Madredeus, passando por “Araruna”, tema indígena recolhido por Marlui Miranda, “Vila Rica”, composição de Lula Barbosa que alude à barroca Minas Gerais, e terminando com “Planeta Sonho”, de Cláudio Venturini, que bem poderia ser o Brasil.
Por último, a professora portuguesa Regina Anacleto, da Universidade de Coimbra, apresentou a palestra “A Arte no Tempo de Vieira”. Por meio de um arquivo power point, ela discorreu sobre a criação dos primeiros colégios jesuítas e franciscanos em Portugal e depois no Brasil, como o Colégio de Jesus, construído em 1542 em Coimbra. Mostrou imagens da “talha barroca do tipo jesuítico na qual o Padre Vieira pregou, em Salvador, BA” e de várias pinturas em retábulos de igrejas em Portugal e no Brasil.
Segundo a profª Anacleto, a arquitetura e a arte portuguesa no tempo de Vieira estava a meio caminho entre o Renascimento e o Barroco. Os artistas portugueses se viam influenciados pelos italianos, que à época desenvolveram o estilo conhecido por “maneirismo”. Mestres pintores pouco conhecidos no Brasil, como António Campelo, que esteve na Itália, e o espanhol Francisco Venegas desempenharam importante papel na construção do imaginário que certamente impregnou Padre Vieira e seus contemporâneos. Outros pintores de destaque do período foram Diogo Teixeira, Francisco João, Gaspar Dias e Cristóvão de Morais, que pinta um famoso retrato de D. Sebastião.
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