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Confira a galeria de fotos do evento “Eu Amo a Bolívia”, por Luiz Tristão
No final de semana passado, milhares de bolivianos se reuniram no Memorial da América Latina para celebrar o aniversário de 187 anos da Independência do país, reproduzindo uma versão brasileira do milenar carnaval de Oruro e reverenciando as virgens de Copacabana e Urkupiña.
Ao todo foram 13 agrupações folclóricas, formadas por homens, mulheres e crianças bolivianas, descendentes de bolivianos e brasileiros, que desfilaram fantasiados nas dependências do Memorial, partindo da “Passarela do Amor”, passando pela Estátua da Grande Mão e chegando à parte traseira do Salão de Atos Tiradentes.
As danças interpretadas pelos grupos representam a cultura de diferentes regiões da Bolívia. A Diablada, por exemplo, representa a tradição da cidade de Oruro, assim como a Morenada representa La Paz, os Caporales, Cochabamba, e o Tinku, Potosí.
O Grupo Folclórico Jairas é formado por bolivianos que residem em São Paulo. Seu porta-bandeira, Ronald Osvaldo Quispe, de 20 anos, nasceu em La Paz e veio para São Paulo há três anos, em busca de melhores condições de trabalho. “Aqui no Brasil, o trabalho está mais avançado e há mais oportunidades. Isso traz muitos bolivianos para cá, junto com suas famílias, para trabalhar com costura, principalmente”, contou.
Além de bolivianos, brasileiros(as) também desfilaram na passarela improvisada do Memorial, como é o caso da paulistana Leonor Colque, de 34 anos, que é casada com um boliviano e participa do evento pelo segundo ano consecutivo. “Conheci a cultura do país e me apaixonei, daí senti vontade de estar aqui no meio”, contou,
antes de falar sobre as diferenças entre o carnaval brasileiro e boliviano. “Foi difícil aprender. As brasileiras têm um remelexo voltado para o samba e as bolivianas, para o caporal. A dança representa os negros afro-bolivianos, os capatazes, que eram separados entre os demais negros e selecionados para supervisionar os outros, maltratando-os, muitas vezes”, explicou.
É desconhecido o número de bolivianos que vivem em São Paulo atualmente. Por baixo é mais de 200 mil. A presença deles já é notada na paisagem, em letreiros de lojas e restaurantes em algumas regiões da cidade. A maioria veio de pequenas localidades do altiplano boliviano ou de aldeias às margens do lago Titicaca. Aos poucos esses imigrantes bolivianos – antes tão apegados à sua milenar tradição – vão se abrindo e começam a dialogar com a cultura envolvente. Nesta edição da festa nacional da Bolívia, por exemplo, chamou a atenção certa “fraternidade”, cuja cor predominante da fantasia é o amarelo, que entoava com seus instrumentos tradicionais o sucesso mundial “Ai se eu te pego”, do brasileiro Michel Teló. Antropofagia à boliviana.
Veja a galeria de fotos da festa boliviana
Texto por Luiz Tristão e Eduardo Rascov
Fotos por Luiz Tristão