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Taubkin rege orquestra da América do Sul
(Folha de S. Paulo)
Por Janaína Fidalgo
Nada de panelaços na Argentina, crise do petróleo na Venezuela nem de escândalos políticos no Brasil. O que faz dos países latino-americanos notícia hoje é a uma faceta freqüentemente ignorada entre os vizinhos: a música. Tomados por um espírito de intercâmbio, os brasileiros Benjamim Taubkin, Siba e Ari Colares, a cantora colombiana Lucia Pullido, o saxofonista Alvaro Montenegro, o violonista venezuelano Aquiles Baez, o percussionista e cantor argentino Carlos Aguierre e o contrabaixista chileno Christian Galvez dividem o palco do Sesc Pompéia, hoje e amanhã, para apresentarem o concerto “América Contemporânea – um outro centro” – última atração do festival Todos os Cantos do Mundo.
“Há uma profunda ignorância sobre o que acontece nesses países. Tínhamos contanto com a música da Mercedes Sosa, de Astor Piazolla, e ficou uma sensação de que a música sul-americana era apenas isso, mas você começa a desconfiar de que não é bem assim”, diz Benjamim Taubkin, convidados por Fortuna, diretora artística do festival, a organizar esse encontro. “Fiquei incomodado com a nossa ignorância. Só ficamos sabendo das catástrofes e dos escândalos”. Por conta da variedade de estilos musicais de cada país, a proposta aqui é que os instrumentistas mostrem músicas representativas de seus países. “A nossa reserva cultural é tão vasta quanto a biológica”, brinca o pianista. “O plano era que cada um trouxesse uma música que fizesse sentido no seu trabalho.”
Com esse recorte, a cantora Lucia Pulido mostra uma cumbia, um dos ritmos colombianos, tocando Carmelita”. Da Argentina, vem uma chacarera, “La musica e la palabra”, de Carlos Aguirre. Aquiles Baez traz ao Brasil “ A mis hermanos”, um merengue venezuelano. A saia “Mistérios de Mayo” representa a Bolívia de Alvaro Montenegro. Do Chile, Christian Galvez mostra uma cueca. O concerto terá duos e solos, com o de Lucho Solar, que tocará cajón, um instrumento de percussão típico do Peru. O Brasil vem representado por uma ciranda do rabequeiro Siba (“Vale do Jucá”) e por canções de Wisnik, “Pérolas aos poucos” e “Primavera”. “Sempre falo que esse é um projeto do coração. E o coração sabe mais que a cabeça. Acabei ouvindo coisas que eu não esperava. A música que está sendo feita na América do Sul é uma das mais interessantes e surpreendentes do mundo. Vem de recursos da criativadade”, diz Taubkin.
O Estado de S. Paulo
“O grupo multicultural se destaca pelo espaço aberto às atuações individuais. A voz da cantora Lucia Pulido em duo com a rabeca do pernambucano Siba, numa ciranda dele, é dos momentos mais tocantes.” – Por Lauro Lisboa Garcia – 6/12/2006
A bela recriação da música latina – Artistas de 7 países da América do Sul apresentam 1º CD.
(O Estado de S. Paulo – 25/09/2006 )
Por Lívia Deodato
Poucos privilegiados tiveram a chance de assistir a reunião dos músicos latinos mais criativos da atualidade. O motivo do escasso número de apresentações que fizeram até agora é simples: cada um dos dez integrantes mora em seu país de origem e só se encontram para ensaiar e exibir suas virtuoses quando convidados para algum evento agendado com bastante antecedência. Os brasileiros Benjamim Taubkin, Ari Colares e Siba (ex Mestre Ambrósio), o boliviano Álvaro Montenegro, o venezuelano Aquiles Baez, o argentino Carlos Aguirre, o chileno Christian Galvez, a colombiana Lucia Pulido, o peruano Lucio Solar Narciso (Lucho Solar), e como convidado especial, o professor e compositor José Miguel Wisnik formam o time de peso do América Contemporânea, grupo que completa seu primeiro ano de vida este mês, a contar pela primeira apresentação no Sesc Pompéia, no ano passado.
Mas a idealização de um grupo que agregasse a mais fina misturadas batidas latinas já vem de tempos. O pianista e compositor Benjamim Taubkin sonhava, há pelo menos 15 anos, reunir talentosos músicos que agregassem sua rica bagagem cultural e a transformasse em uma sonoridade diferente de qualquer outra já escutada anteriormente. Do primeiro encontro do América Contemporânea, ocorrido em setembro do ano passado no Encontro Latino do Festival Todos os Cantos do Mundo, eis um belíssimo fruto: o álbum América Contemporânea – um outro centro. O impacto já ocorre logo de cara na primeira música Carmelita, Adiós, uma canção colombiana de domínio público, é interpretada por Lucia Pulido, de forma magistral. A recriação desse canto de origem ritual e feminino é marcada pela percussão de Ari Colares (que também acompanha o grupo Palavra Cantada e Mônica Salmaso).
A triste e delicada ciranda Vale do Jucá, do pernambucano Siba, com Lucia Pullido no backing vocal, contrapõe-se com a batuca do cajón, de Lucho Solar em Cajoneando, que ganha ainda mais cores ao vivo – o peruano esbanja uma aula-solo de sapateado.
Global Rhythm
Phil Freeman
Contemporary America is a fascinating exercise in a cultural unification. Brazilian pianist Benjamim Taubkin brought musicians from all over South America to create something that synthesized their various traditions and influences into a sound that would reflect the continent in all its variety. The result, Another Center (Adventure Music), pretty much redifines the phrase “more than the sum of its parts”. Players from Bolivia, Venezuela, Chile, Argentina, Colombia and Peru ,as well as several regions of Brazil, gather to perform songs from all these places. The arrengements are intricate and quite beautiful, featuring piano, horns, guitar, violin, and, of course, plenty of percussion.
“We used to say that Brazil is looking at the ocean, with its back to Latin America,” laughs Taubkin about Brazil’s relative cultural isolationism. But the project’s been enthusiastically received – by audiences, and the group members themselves. “The thing is,” adds Taubkin, “the level of the musicians in a lot of those countries is so high nowadays, that it looks like a new revelation. Places like Venezuela, Colombia and Argentina can surprise anyone.”
The bandleader is extremely pleased with how the live recordings came together, and he’s ready to keep it going. “We did the most of the recording before the first concert, live at the studio, in one afternoon, after only two days of rehearsal,” he recalls. “I felt that for the project to continue to exist, and not to be only one event, we had to have some material. Since then we’ve been playing a lot. We had, after the first one, five more concerts in Brazil. We played New York, at Joe’s Pub, and in Montreal. We’ve had invitations to Colombia and Spain. And we have some ideas for research initiatives together. And, of course, a second album.”