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A Fundação Memorial da América Latina sediou o “International Symposium Enhancing Water Management Capacity in a Changing World: Science Academies Working Together to Increase Global Access to Water and Sanitation” (Simpósio Internacional Aperfeiçoando a Gestão da Recursos Hídricos em um Mundo em Transformação), com a presença de representantes de 34 países. Durante três dias, especialistas da Europa, América, África e Ásia debateram formas e propostas de lidar com a água em nível mundial a partir da experiência de suas respectivas regiões. É o que eles chamam de “governança mundial e democrática da água”.
O Simpósio Internacional se deu no âmbito das atividades de encerramento da Cátedra Unesco Memorial da América Latina, que neste semestre trata da questão do “Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos para a América Latina”, sob a coordenação do professor José Galizia Tundisi. A Cátedra Unesco Memorial é um programa de formação do Memorial, em interface com a USP, Unicamp e Unesp.
Segundo o professor Tundisi, não havia melhor hora para uma iniciativa como essa. “Isso ficou demonstrado na recente Rio + 20”, declarou, pois “não resta dúvida de que se apresenta para nós, cientistas, um desafio muito grande: incorporar a sociedade aos debates que envolvem a sustentabilidade, especialmente essa problemática da gestão democrática e do melhor uso das bacias hidrográficas, que muitas vezes passam por vários países e cortam regiões”.
O simples fato desse simpósio se dar desse modo, concatenando várias academias de ciências do mundo, já é uma demonstração pungente de que há formas pacíficas e racionais de se enfrentar grandes problemas internacionais. Esse foi o ponto destacado pelo professor Hernan Chaimovich, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências. E disse mais. “Não é atoa que esse encontro acontece em um lugar como o Memorial, símbolo da integração de povos e culturas diferentes e que, cotidianamente, promove uma rede de relacionamentos que sem dúvida contribui para a paz”.
A água sempre foi estruturante para as sociedades que deram certo no passado. E atualmente, com a escassez dos recursos hídricos, é imperativo que a ciência e a tecnologia falem acima de ideologias e disputas políticas, defendeu Walter Tesch, especialista, militante da causa e editor de um blog chamado Rede Social Portal das Águas & Parelheiros Sustentável. Segundo ele, é preciso instrumentalizar os governos, em todos os seus níveis, do maior ao menor. A micropolítica dos recursos hídricos também é importante. “Cerca de 80% das decisões sobre a água são tomadas pelos governos locais e regionais”. Aí está a importância de um evento como esse simpósio. “Nossa auto-organização pode servir de exemplo para o mundo em como lidar com questões internacionais delicadas e complexas”, resume Chaimovich.
Confira mais informações e a programação completa do simpósio.
Texto por Eduardo Rascov
Fotos por Luiz Tristão