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Brasil e México na América Latina do séc. XXI
Protagonismo político, modelos de desenvolvimento, encontros culturais e perspectivas de integração
Organizado pela Unesp e pelo Centro Universitario de Ciencias Sociales y Humanidades-CUCSH, da UdeG, México, o encontro de especialistas dos dois países acontece no Brasil e no México. Dois gigantes da América Latina passados a limpo.
Parte do Colóquio “Brasil e México na América Latina do século XXI” está acontecendo no Memorial da América Latina. A mesa de abertura desta parte do evcento contou com as presenças dos organizadores do evento Milton Lahuerta (Brasil) e Alberto Rocha Valencia (México), do presidente do Memorial da américa Latina, Fernando Leça, e do pró-reitor de pesquisa da Unesp, José Arana Varela, representando o reitor Macos Macari.
Lahuerta explicou o colóquio como resultado de um trabalho que vem sendo realizado pelas universidades (Unesp e Universidad de Guadalajara) para aproximar Brasil e México. Segundo ele, já existe um intercâmbio de alunos e de professores, mas as perspectivas para o futuro incluem lançamento de livros com resultados dos trabalhos pore eles promovidos e o desenvolvimento de uma agenda de pesquisa em comum.
Valencia destacou a importância do diálogo entre os dois países. “Eles são os dois líderes da América Latina., duas potências regionais, é fundamental que dialoguem e que se unam”. Para Fernando Leça, o Memorial é o local mais apropriado para que esta integração aconteça, pois o aintegração latino-americana é a sua missão desde a sua criação, em março de 1989. Leça falou da importância da cultura mexicana, que sempre é representada nos eventos que acontecem aqui.
Para finalizar, Varela disse que as semelhanças entre os países são maior que as suas diferenças. “Infelizmente ainda são poucos os esforços de integração. Por isso é importante o papel dos pesquisadores”, concluiu.
Sobre o Colóquio:
Brasil e México se constituem desde os anos de 1950 como os dois principais países da América Latina. Possuidores de economias complexas, de populações significativas e de culturas muito diversificadas, estes dois países são expressivos do potencial criador e da energia típica de sociedades que não seguiram o padrão anglo-saxônico em seu caminho para a modernidade. Exatamente por isso qualquer projeto que se proponha a pensar e implementar a integração latino-americana e americana não poderá deixar de passar por esses dois países. Por suas realidades geopolíticas singulares – com o México colocado em situação de fronteira e de nexo entre a América Latina e os Estados Unidos, e com o Brasil, pelo território quase continental na América do Sul, exercendo um papel de liderança e contraponto à presença dos EUA no subcontinente – esses países estão destinados a cumprir um papel de liderança crescente nas relações internacionais. E talvez seja por isso mesmo que, cada vez mais, estejam sendo reconhecidos como potências emergentes e como jogadores regionais e até globais.
Não obstante, na atualidade, e não sem motivos, esses países se mantêm distantes e não têm convergido para uma perspectiva comum de liderança que beneficie o ressurgimento da América Latina e melhore suas relações com a América do Norte. Tudo parece indicar que tal dificuldade se relaciona com os processos internos vivenciados em cada um desses países. Dentre esses processos poderíamos destacar alguns. O primeiro, que tem grande relevância por seu caráter fundador, está relacionado com a forma como esses países obtiveram suas independências políticas, garantiram o domínio territorial e construíram seus estados nacionais. O segundo nos remete às identidades culturais e às modalidades de construção nacional, aos vínculos que permitiram articular as diversidades culturais (étnicas, raciais, lingüísticas, regionais, etc.) com um projeto de integração nacional. O terceiro se refere às características particulares dos sistemas políticos federativos que se logrou institucionalizar em cada um deles, atravessados pelas tensões entre centralismo e autonomias locais e regionais. O quarto processo está relacionado com as dinâmicas particulares de modernização capitalista que essas duas sociedades experimentaram. O quinto processo, vinculado intimamente aos anteriores, nos conduz às difíceis relações entre democracia, direitos e cidadania no contexto de “revoluções burguesas” sui generis ou não plenamente realizadas. O sexto processo nos conecta diretamente com os projetos de reforma política e econômica que se desenvolveram durante as últimas três décadas sob o predomínio das concepções neoliberais. E por último, o sétimo processo, se refere às formas como estas sociedades estão se inserindo no fenômeno da globalização, com suas conseqüências em termos de avanço do individualismo, desorganização social e violência.
E se é verdadeiro que não se deve subestimar as conseqüências problemáticas desses processos, é indubitável também que essas sociedades são marcadas por um dinamismo e uma energia impressionantes, além de seus habitantes continuarem a alimentar uma grande esperança com relação ao futuro, a despeito de todas as dificuldades por eles enfrentadas. Por todos esses motivos, esse colóquio visa ampliar a nossa capacidade de rever as respectivas trajetórias históricas, aprendendo a nos olhar e pensar comparativamente, criando assim melhores condições para nos aproximar, cooperar e integrar de forma criativa e duradoura.
Objetivo geral
Realizar uma análise dos dois maiores países de América Latina em perspectiva comparada, visando o estabelecimento de uma agenda comum aos pesquisadores das duas universidades.
Objetivos específicos
1. Compartilhar o conhecimento histórico acumulado por cada comunidade acerca de sua realidade nacional;
2. Contribuir no aprofundamento das perspectivas de cooperação e integração dos dois países;
3. Abrir novas perspectivas de intercâmbio institucional, acadêmico e intelectual, aprofundando as relações entre a Unesp e a UdeG, como uma forma de aproximar as duas culturas;
4. Editar os materiais do colóquio como livro no México e no Brasil
Temas
1. A visada histórica: formação do Estado e da Nação
2. Identidades e cultura moderna: similitudes, diferenças e especificidades.
3. Cidadania, movimentos sociais e partidos políticos: a formação da nova sociedade civil.
4. Processos de democratização e seus impactos no regime político: governo, partidos, sistema eleitoral e opinião pública
5. Individualismo, desagregação social e violência
6. Institucionalização universitária, intelectuais e vida pública
7. Crise do Estado desenvolvimentista e as conseqüências das reformas neoliberais
8. Centralização e descentralização: os dilemas do federalismo
9. Continuidades e mudanças na política externa e na geopolítica
10. Integração regional: projetos y perspectivas
Dinâmica dos participantes
O colóquio se realizará em dois módulos:
1. Módulo Brasil (20-24 de outubro de 2008). Sede: Universidade Estadual Paulista-Unesp / Memorial da América Latina.
2. Módulo México (24-28 de novembro de 2008) Centro Universitário de Ciências Sociais e Humanidades da UdeG).
Os expositores serão acadêmicos de ambas universidades (um grupo de 10 expositores por cada país).
Sedes
Universidad Estadual Paulista-Unesp / Memorial da América Latina
Centro Universitario de Ciencias Sociales y Humanidades-CUCSH
Organizadores
Departamento de Estudos Ibéricos e Latino-americanos – Deila (UdeG).
Departamento de Antropologia, Política e Filosofia (Unesp).
Coordenação
Brasil: Marco Aurélio Nogueira e Milton Lahuerta
México: Alberto Rocha Valencia e Jorge Abel
Datas
Módulo Brasil: 20-24 de outubro de 2008
Módulo México: 24-28 de novembro de 2008