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Há mais de 60 anos os Demônios da Garoa cantam com bom humor as dores e as alegrias de São Paulo. Ninguém melhor do que eles para encerrar a programação de 2007 da série musical que leva o nome de Adoniran Barbosa, talvez o mais paulistano dos paulistanos. O show acontece no dia 12 de dezembro, quarta-feira, no Auditório Simon Bolívar, às 20h30.
Formado, atualmente, por Sérgio Rosa (pandeiro e afochê), Roberto Barbosa (cavaquinho), Sydney C. Thomazzi (violão de 6 cordas), Izael Caldeira da Silva (timba) e Ricardo C. Rosa (percussão), os Demônios da Garoa – imortalizados na história da música popular brasileira – interpretam como ninguém os sucessos de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi, Zé Kéti e Frank Sinatra, sem falar nas inesquecíveis canções de Adoniran Barbosa como “Trem das Onze”, “Saudosa Maloca”, “Samba do Arnesto” e muitas ouras.
Não se pode falar de Demônios da Garoa sem lembrar de Adoniran Barbosa e vice-versa. Adoniran queria ser ator, mas conseguiu destaque como cantor e compositor desde cedo. Em 1936, gravou seu primeiro disco, na Columbia, e somente na década de 40 conseguiu realizar o seu sonho de ser ator, participando de várias produções, inclusive "O Cangaceiro", de Lima Barreto. Foi durante as gravações do filme que Adoniran conheceu os Demônios da Garoa. Desse encontro, nasceram a amizade e a parceria que proporcionam até hoje momentos de boa música e humor.
Demônios da Garoa
No princípio da década de 40, quatro garotos, entre 12 e 14 anos, formaram o Grupo do Luar, que se apresentava em clubes, festinhas de amigos e serenatas, já sob o comando de Arnaldo Rosa. O grupo foi se tornando conhecido, pessoas vinham de longe para ouvi-los e a fama corria pelos bairros da Mooca, Brás e Belém, onde moravam.
O reconhecimento veio com a participação em programas de calouros, como "A Hora da Bomba", comandado por J.Antônio D’Ávila, na Rádio Bandeirantes, onde ganharam o primeiro prêmio: um contrato para duas apresentações semanais nas Emissoras Unidas (Bandeirantes, Record, Panamericana e São Paulo). Era o primeiro passo da longa carreira de 64 anos. Em 1949, fizeram um arranjo para “Mulé Rendeira” e a interpretaram junto com Homero Marques na trilha do filme “O Cangaceiro”.
O nome Demônios da Garoa foi escolhido em um concurso entre os ouvintes do programa de Vicente Leporace, sugerido por um ouvinte: “Demônios” porque Leoporace os chamava de garotos endiabrados e “Garoa” numa alusão à expressão “São Paulo, terra da garoa”.
No carnaval de 1951, fizeram sucesso com a gravação do samba “Malvina”, o mesmo ocorrendo em 1952 com “Joga a chave” (parceria com Oswaldo Molles). Já nessa época, os Demônios tinham estilo próprio com um linguajar dos bairros populares e uma grande identificação com os sambas de Adoniran. A década de 50 foi importante tanto para Adoniran quanto para os Demônios da Garoa. “Saudosa Maloca” (1955) e “Trem das Onze” (1964) tornaram-se marcos na música popular; e os Demônios regravaram “A Voz do Morro” (Zé Kéti). Pode-se afirmar com tranqüilidade que Adoniran Barbosa tinha os Demônios em mente quando compunha, assim como eles foram os grandes responsáveis pela divulgação do compositor . Vale lembrar também as canções “Malvina”, “Iracema”, “Joga a Chave” e “Samba Italiano”.
Entre os prêmios e honrarias conquistados estão os troféus Roquette Pinto e Chico Viola, o Prêmio Sharp de Música (1995), o Prêmio Ary Barroso (1998), a Medalha Anchieta da Câmara Municipal de São Paulo e a instituição da Semana Demônios da Garoa, pela Lei Municipal nº 1430, de 25 de Outubro de 1993. O grupo tem uma discografia invejável; gravou seis compactos duplos, 69 compactos simples, 34 LPs, 13 CDs e, mais recentemente, lançou o primeiro DVD ao vivo, gravado no Olympia em novembro de 2005.
Diante de toda essa história, gerada pela música popular e pela amizade entre um grupo musical e um compositor, o Projeto Adoniran não poderia fechar o ano, senão com a apresentação dos Demônios da Garoa – grupo que melhor representa a cidade de São Paulo – interpretando canções de seu mais ilustre compositor, Adoniran Barbosa.
A realização do Projeto Adoniran é uma iniciativa da Diretoria Artística do Memorial da América Latina, com o objetivo de revitalizar o já conhecido Projeto Adoniran Barbosa (realizado entre 1990 e 2000). A estrutura segue os mesmos moldes das edições anteriores, ou seja, apresentações de música popular brasileira por seus compositores e/ou intérpretes. A estréia desta nova edição do projeto aconteceu em 14 de março com show de Toquinho, seguindo-se apresentações com Chico César, Fátima Guedes, Arrigo Barnabé, Evinha, Vânia Bastos & Eduardo Gudin, Ná Ozzetti e Alaíde Costa & João Carlos Assis Brasil, Wagner Tiso, Célia, Zezé Motta, Suzana Salles & Arthur Nestrovski, Maria Alcina e Mônica Salmaso & Toninho Ferragutti. O Projeto Adoniran programou, para o ano de 2007, um total de 15 apresentações, sempre às quartas-feiras, com ingressos populares a R$ 10,00 (com meia-entrada).
Em 2008, o Projeto Adoniran Oito e Meia retoma sua programação em 21 de fevereiro em novo dia, às quintas-feiras. Sempre apresentando grandes nomes da MPB, o roteiro do próximo ano será composto por três shows mensais.
Projeto Adoniran
Show: Demônios da Garoa
Integrantes: Sérgio Rosa (pandeiro e afochê), Roberto Barbosa (cavaquinho), Sydney C. Thomazzi (violão de 6 cordas), Izael Caldeira da Silva (timba) e Ricardo C. Rosa (percussão).
Dia 12 de dezembro – quarta-feira – às 20h30
Memorial da América Latina – Auditório Simon Bolívar
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda/SP Tel: (11) 3823-4600
Ingressos: R$ 10,00 (meia-entrada: R$ 5,00) – Duração: 1 hora – Censura: Livre
Capacidade: 800 lugares – Não faz reservas – Bilheteria: 1 dia antes (14h às 19h) e no dia do show (a partir das 14h) – Ar condicionado. Acesso universal
Estacionamento: R$ 12,00. Possui lanchonete.
Realização: Fundação Memorial da América Latina