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Entre as obras que compõem o acervo do Pavilhão da Criatividade, desde a fundação do Memorial da América Latina, estão alguns exemplares da série “Mulheres- Moringa”, de Izabel Mendes da Cunha, com destaque para a “Noiva”. No final do ano passado elas ganharam mais uma irmã, uma rara mulher-moringa que amamenta um bebê, doada por Edson Minoru Kubo.
Artesã popular mineira de 88 anos (em março de 2012), Izabel iniciou sua trajetória artística ainda nova, sob influência de sua mãe, que era paneleira. Filha de um lavrador, nasceu no município de Itinga, mas ainda jovem, logo após sua viuvez, mudou-se para o Vale do Jequitinhonha, onde ainda reside. O interesse pelas artes é natural na família de Izabel: seus filhos, genro e neta são envolvidos com a cultura local. Esculturas e artes visuais estão entre as preferências dos Cunha.
Suas composições são marcadas por traços femininos, figuras delicadas, vestes e acessórios precisamente trabalhados. Mulheres, principalmente noivas , são o foco de suas esculturas. As figuras recebem um belíssimo acabamento, são agregados detalhes como maquiagem e bijuterias, que elevam ainda mais o valor da obra. A artesã produz em barro e cerâmica, e atua em um longo processo de modelagem, pintura e queima, para que chegue ao resultado esperado.
O reconhecimento do trabalho de Izabel Mendes da Cunha tem aumentado nos últimos anos. Em 2012, ela participa de uma grande exposição na Fondation Cartier pour l`Art Contemporain, em Paris, conforme noticiado pelo jornal O Estado de São Paulo, e no Instituto Tomie Ohtake, ao lado de outros grandes criadores da chamada arte popular, como Antonio de Dedé, Alcides Pereira dos Santos, Aurelino, Zé Bezerra, José Antônio da Silva, Nino e Véio.
Fotos: Daniela Agostini