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A guitarra (violão) guaireña de Panchi Duarte se “conecta” à música caipira universal de Renato Teixeira no show deste mês da Conexão Latina, série que promove o diálogo musical entre artistas brasileiros e hispano-americanos. O espetáculo é nesta sexta, 17 de junho, às 21h, no Auditório Simón Bolívar.
O exímio instrumentista paraguaio Panchi Duarte compõe e canta a partir da tradição musical de sua região natal até chegar a um sincretismo musical bem contemporâneo. Não por acaso, nos últimos anos, foi escolhido o representante do Paraguai em festivais de guitarras na França e nos EUA, entre outros lugares. De certa forma semelhante, Renato Teixeira, autor da imortal “Romaria”, se impregnou, captou, entendeu, traduziu e transmitiu certo espírito caipira, especialmente do Vale do Paraíba, de São Paulo, e o levou para todo o país e fora dele.
Do Paraguai para o mundo
Juan Gualberto Duarte Ortigoza – conhecido no Paraguai por Juan “Panchi” Duarte – nasceu em 1971, filho de Don Luís Duarte, líder do trio Os Três de Guairá. Seu pai foi seu primeiro professor. Após participar de vários festivais estudantis, formou seu próprio conjunto musical, o trio San Valentín. Jovem músico em evolução, formou também grupos orquestrais e até flertou com o rock. Sua formação inclui estudos de harmonia, jazz, piano e canto.
Atualmente, ele aponta como mestres que o influenciaram Rigoberto Arévalos, Juan Cancio Barreto, Maelo Gómez, Alfredo Gill, Paco de Lucia, Paraná y los paraguayos. Mas, paradoxalmente, essa trajetória para a frente o levou para trás, à sua terra natal, Guairá, e à guitarra popular que seu pai dedilhava. Panchi Duarte se aperfeiçoou em mexer com as entranhas musicais paraguaias e com isso leva para o mundo a arte de seu país.
Caipira universal
Renato Teixeira também nasceu em uma família de artistas. Seus avôs eram músicos e literatos. Em 1967 Gal Costa e Sílvio César defenderam sua canção “Dadá Maria” no Festival da Record. Desde então, viveu intensamente um dos períodos mais criativos da MPB. “Ouvi a ‘Banda` do Chico em São José dos Campos, antes do festival e foi um impacto inesquecível. Ainda morava em Taubaté”, conta Relembra Renato, “ouvi Milton Nascimento antes do sucesso e era deslumbrante. Todos que o conheceram nessa época, já tinham por ele uma admiração que só os grandes mitos podem desfrutar. Vimos e ouvimos Elis, todos os dias. Assisti bem de perto o surgimento do Tropicalismo…”
Com o aumento da repressão política e a censura total implantada pelo regime na virada dos anos 60/70 do século passado, Renato Teixeira se recolheu e foi fazer jingles publicitários para sobreviver. “Enquanto atuei nessa área consegui realizar um bom trabalho, pois criei jingles que fizeram muito sucesso como aqueles do Ortopé, do Rodabaleiro e do Drops Kids Hortelã, que muita gente lembra até hoje”, conta.
Também paradoxalmente, a urbanidade e sofisticação musical de Renato Teixeira o levou a se identificar totalmente com a música caipira, que ele ouvia na infância. Gravou algumas canções para a Coleção Música Popular Centro Oeste/Sudeste, entre elas “Moreninha Se Eu Te Pedisse”. Entusiasmado, com seus lucros publicitários e em parceria com Sérgio Mineiro, criou o Grupo Água, bancado pelos dois.
No Grupo Água, Renato Teixeira logrou não só assimilar o espírito da cultura caipira, como projetá-la de uma forma contemporânea para todo o Brasil. Um dia a cantora Elis Regina descobriu “Romaria” e convidou o grupo para acompanhá-la na gravação. Foi um grande sucesso que mudou a carreira de Renato Teixeira e criou um grande espaço para que a música do interior paulista invadisse o mercado. O resto é conhecido pelo seu público fiel.
PROGRAMA
Renato Teixeira
Viola Malvada (Renato Teixeira)
Amanheceu, peguei a viola (Renato Teixeira)
Um violeiro toca (Renato Teixeira/Almir Sater)
Cavalo Bravo (Renato Teixeira)
Plantinhas do Mato (Renato Teixeira)
Calix Bento (Extraído do Folclore adaptado por Tavinho Moura)
Casinha Branca (Elpídio dos Santos)
Saudade Danada (Elpídio dos Santos)
Trem do Pantanal (Geraldo Rocca/Paulo Simões)
Cuitelinho (Extraído do Folclore adaptado por Paulo Vanzolini/Antônio Xandó)
Frete (Renato Teixeira)
Pai e Filho (Renato Teixeira/Chico Teixeira)
Mais que um viajante (Chico Teixiera)
Amizade Sincera (Renato Teixeira)
Amora (Renato Teixeira)
Tocando em frente (Renato Teixeira/Almir Sater)
Romaria (Renato Teixeira)
Cabecinha no Ombro (Paulo Borges)
Felicidade (Lupicínio Rodrigues)
Juan “Panchi” Duarte
Gallito Cantor (Jose A. Flores)
Punteada Mbaraka`ipe (Juan Cancio Barreto)
Kuarahy Reikepe (German Bogado)
Te sigo esperando (Florentin Gimenez/Ben Molar)
India (Manuel Ortiz Guerrero/Jose A. Flores)
Angela Rosa (Felix Perez Cardozo)
Vy`a Y Jave (Carlos Ramirez)
Che Kamba Ra`y (German Bogado)
Serviço
Conexão Latina: Panchi Duarte & Renato Teixeira
17 de junho, sexta, às 21h
Auditório Simón Bolívar
Ingressos: R$ 15,00 e meia-entrada
Bilheteria: dias 16, das 14h às 19h, e 17, a partir das 14h
Antes do show, às 18h30, haverá sessão de autógrafos com o poeta Thiago de Mello no lançamento de seu livro “Poetas da América de Canto Castelhano”. Veja mais.