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A Fundação Memorial da América Latina recebeu a doação de uma importante coleção de livros publicados na República Dominicana. São 300 volumes em castelhano, que incluem os principais autores que pensam o país, sua trajetória histórica, suas lutas por liberdade, sua sociedade, economia, religião, cultura, arte, geografia, folclore e literatura. As obras também abordam a região caribenha. Por exemplo, “El Caribe Hispano em el Siglo XIX”, de Luis Alvarez-Lópes, e “História de Cuba”, de Jose Abreu Cardet, ambos publicados pelo Archivo General de la Nación. Alguns desses livros estão expostos em julho em uma vitrine no saguão da Biblioteca Latino-Americana, no Memorial.
Os livros foram doados pelo Consulado dominicano em São Paulo. A ideia de enviar à biblioteca do Memorial foi do Cônsul Geral Geomar García. Há quatro anos acreditado em São Paulo, ele notou que havia disponível pouca informação sobre o seu país. Mesmo os dominicanos residentes em São Paulo (há noventa registrados no consulado, mas o número é maior, pois outros têm chegado ultimamente na esteira dos haitianos) não tinham aonde recorrer para ler sobre sua pátria. Então ele foi solicitando os livros, que vieram aos poucos de São Domingos, a capital. Queria formar uma biblioteca no próprio consulado. Dada a quantidade e qualidade deles, resolveu doá-los a uma biblioteca pública e parte à Escola Estadual República Dominicana, que fica em Arujá-SP.
Os livros foram trazidos ao Memorial por uma comitiva encabeçada pela vice-cônsul Genis López de Rodriguez. Com ela também vieram as diplomatas Silvana Herrera, Carolina Alba e Francia Concepción Martinez. Elas foram recebidas pelo presidente do Memorial, João Batista de Andrade, e pela diretora do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL), Marília Franco. O presidente João Batista agradeceu a doação e colocou o Memorial à disposição do país para a realização de atividades culturais.
Entre os livros doados, alguns enfocam a complexa relação do país com a República do Haiti, com quem divide a mesma ilha Hispaniola, como por exemplo, “Haiti Y República Dominicana/História”, de Euclides Gutierrez Féliz (Editora Corripio) e “Haiti Pueblo Afroantillano”, de Ricardo Pattee (Editora Taller). “Temos com eles uma relação de amor e ódio”, diz Genis Rodriguez, “já fomos colônia do Haiti e atualmente recebemos levas de refugiados desse país”. Outro tema muito abordado pelos livros dominicanos doados ao Memorial é a ditadura de Trujillo, como “América contra Trujillo” e “La Verdad sobre Trujillo”, ambas compilações publicadas pela Editora Nacional.
São Domingos, a capital da República Dominicana, é a cidade mais antiga das Américas, fundada em 1496. Lá foi erigida a primeira catedral, o primeiro hospital e a primeira universidade das Américas. É o núcleo inicial a partir do qual o Novo Mundo se constituiu e se consolidou. Sua tradição cultural é sólida e reconhecida pela Unesco. Em 2007 o Memorial organizou uma exposição denominada “Primazias da América”, sobre o centro histórico de São Domingos. Uma demonstração de sua pujança cultural moderna são os livros que o Memorial acaba de receber e que podem ser conferidos este mês na entrada da biblioteca latino-americana.
fotos Diego Souza Carlos