São Paulo, 2 de abril de 2009.
A Fundação Memorial da América Latina e o Instituto Cervantes firmaram acordo para o ensino da língua espanhola à distância a partir do próximo semestre. As negociações, estudos e estruturação do curso entre o Memorial e o Instituto Cervantes começaram há 2 anos e culminaram na reunião de 1º de abril, da qual participaram o presidente Fernando Leça, do Memorial, e os professores Pedro Benítez Pérez e Juan Jorge Fernández Marrero (foto), respectivamente director e Jefe de Estúdios do Instituto Cervantes.
Primeiramente as aulas serão voltadas para os funcionários do Memorial e logo em seguida abertas aos interessados em geral. Nesta primeira fase, serão oferecidas 100 vagas, com a formação de 4 turmas. O custo será subsidiado pelas duas instituições, tendo o aluno que pagar um valor simbólico que ainda não foi definido.
O Memorial e o Cervantes desenvolveram um modelo semi-presencial totalmente novo, que envolve as representações diplomáticas da Espanha e dos países latino-americanos e do Caribe acreditadas em São Paulo. Os alunos inscritos interagirão no ambiente virtual pedagógico criado pelo Cervantes, mas terão atividades todos os sábados no Memorial. Para isso, um setor no Anexo dos Congressistas, onde funciona o CBEAL (Centro Brasileiro de Estudos da América Latina) está sendo preparado (dividido em salas de aula) para receber os alunos.
O modelo de ensino à distância, desenvolvido pelo Cervantes e o Memorial, prevê encontros presenciais a cada 15 dias entre os alunos e o seu tutor. Esses encontros se darão aos sábados nas salas de aula do CBEAL. Nas outras semanas serão programadas atividades em espanhol sobre a cultura, a sociedade e a história dos países de língua espanhola. Para isso, a iniciativa conta com os consulados latino-americanos, por meio do Grulac (Grupo Latino-americano e do Caribe), associação criada há 2 anos para, entre outros objetivos, apoiar o ensino de espanhol em escolas públicas batizadas com nomes de países ou personalidades latino-americanas e caribenhas.
Os encontros presenciais permitirão que se forme uma comunidade de estudantes de espanhol baseada no Memorial, superando o isolamento do aluno, que é um dos pontos fracos do ensino à distância. Além disso, eles terão um mergulho na arte em língua espanhola. Por fim, os alunos que completarem os 5 módulos estarão habilitados a prestar a prova de proficiência no próprio Instituto Cervantes.
O Instituto Cervantes de São Paulo já oferece um curso à distância (veja http://ave.cervantes.es/por.htm) . Conta atualmente com 3.500 alunos. No Brasil há 9 desses centros culturais, ligados ao governo espanhol. Há um crescente aumento do interesse pela língua espanhola no país. Especialmente depois que uma lei federal torna obrigatório na rede pública do Brasil a oferta do ensino de espanhol.
Segundo Pedro Benítez Pérez, “não só no Brasil, mas no mundo todo tem crescido a procura por cursos de espanhol, como no Japão, China e África”. As razões são muitas e passam pela questão econômica e cultural. “A pujança da cultura em língua espanhola tem sido redescoberta”, conta Juan Marrero, “e no Brasil faz muito sentido aprender o espanhol, pois o país tem 7 fronteiras com países que falam essa língua”, conclui Pérez. No mapa acima, a expansão da língua espanhola a partir da Penísula Ibérica, incluindo áreas dos EUA com forte presença de pessoas de fala espanhola.
Por Eduardo Rascov
Foto Fábio Pagan