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Sede de solenidades e recepções oficiais ligadas às questões do subcontinente latino-americano, o Salão de Atos Tiradentes é o coração do Memorial. A luz, tênue, filtrada por uma parede envidraçada, preenche o ambiente de 30 metros de altura. Essa “catedral profana” abriga a mais importante obra de Cândido Portinari, o Painel Tiradentes, de 1948, que mede 18,00 x 3,00 m, além de seis painéis em baixo-relevo, construídos em concreto aparente pelos artistas plásticos Caribé e Poty, e que medem cada um 4 x 15 m.
Painel Tiradentes
“Certifico que o Réu Joaquim José da Silva Xavier foi levado ao lugar da forca levantada no Campo de São Domingos, e nela padeceu morte natural, e lhe foi cortada a cabeça, e o corpo dividido em quatro quartos, e como assim passou na verdade lavrei a presente certidão; e dou minha fé. Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792". Francisco Luís da Rocha, escravidão da Comissão expedida contra os Réus da Conjuração formada em Minas Gerais.
O Painel Tiradentes é uma pintura a têmpera (tinta artesanal) composta por três telas justapostas, com dimensão total de 17,70 x 3,09m. A obra, concluída em 1949, uma das mais importantes de Candido Portinari, está exposta permanentemente no Salão de Atos Tiradentes. Ela foi comprada pelo Governo do Estado em 1975 e permaneceu no Salão Nobre do Palácio dos Bandeirantes até 1989, quando foi transferida para o Memorial, em sua inauguração.
Nos anos 40, por sugestão de Oscar Niemeyer, o industrial e literato Francisco Inácio Peixoto encomendou a Candido Portinari um quadro para ocupar uma enorme parede no saguão de entrada do Colégio de Cataguases, em Minas Gerais, que havia sido projetado por Niemeyer. O tema era livre. Após a encomenda, Portinari, um dos principais nomes do Modernismo no país, mergulhou neste episódio brasileiro repleto de ideal, sonhos, patriotismo e traição, que é a Inconfidência Mineira. Consultou livros e documentos da época até tornar-se praticamente um especialista no assunto.
O painel começou a ser pintado em 1948. Portinari teve que construir um ateliê especial, nos fundos da sua casa, para caber a tela. O pintor deu as últimas pinceladas com o painel já instalado no colégio. Nele, de maneira magistral, são representados os principais episódios e os protagonistas da Inconfidência Mineira .
No Salão de Atos também se encontram fac-similes dos esboços, desenhos e estudos originais de Candido Portinari para o Painel Tiradentes. Segundo Antonio Callado, autor de Retrato de Portinari, considerada a melhor biografia do pintor, “Portinari era pintor de uma inesgotável paciência com os pormenores da obra que tivesse diante de si, no cavalete (…) Para os quadros históricos fazia, baseados em suas leituras e pesquisas, esboços, croquis, até se satisfazer com a expressão que devia dar ao rei, ao bandeirante, ao mártir”.
Os painéis de Poty e Carybé têm os seguintes temas:
Painel dos Povos Pré-Colombianos:
Homenageia os povos que habitavam o continente antes da chegada do europeu, com ênfase nos Astecas, Maias e Incas.
Painel dos Povos Afros
Revela não só os aspectos da escravidão, mas também a rica contribuição cultural trazida por esses povos.
Painel dos Conquistadores
Retrata a chegada do europeu à América, o choque cultural e os conflitos gerados, e a posterior miscigenação.
Painel dos Imigrantes
Mostra o papel dos imigrantes na trajetória histórica da América Latina, não só devido à bagagem cultural e mestiçagem, mas pela riquíssima contribuição do seu trabalho.
Painel dos Libertadores
Destaca o momento em que os latino-americanos, conscientes da dominação européia, lutam em busca de liberdade, o que levará à formação dos diversos Estados independentes .
Painel dos Edificadores
Demonstra o desenvolvimento tecnológico e a contribuição do trabalho de todos os povos citados, com destaque para o homem comum, o trabalhador braçal.