/governosp
Há vinte anos, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinavam, na capital do Paraguai, um documento que criava o Mercado Comum do Sul. O “Tratado de Assunção”, como ficou conhecido, visava estabelecer um bloco econômico estável, nos moldes do então Mercado Comum Europeu (que se transformou em União Européia, atualmente).
Eram tempos de distenção e integração econômica. O simbólico Muro de Berlim havia caído há apenas dois anos e a União Soviética se esfacelou justamente em 1991, jogando uma pá de cal no comunismo do leste europeu. As mercadorias tinham mais campo para circular e novos mercados estavam sendo desbravados. Era preciso reorganizar o comércio mundial e novas regras e instituições foram criadas pelo capitalismo central.
Na América Latina se completava o fenômeno da redemocratização. Nações antes rivais (como Argentina e Brasil, por exemplo), agora sentiam a necessidade de integrar suas economias, não só para melhor concorrer no mercado mundial (a expressão “globalização” apenas surgia), mas também para conhecer e ajudar seu vizinho, por motivos geopolíticos e de identidade cultural.
Foi nesse caldo de cultura que nasceu a Fundação Memorial da América Latina, em 1989. Era uma iniciativa do governo do Estado de São Paulo que respondia à necessidade de se aproximar dos hermanos. Para que os negócios fluíssem, era preciso haver uma integração cultural, era preciso se conhecer. Foi esse mesmo clima sócio-político que levou à criação do Mercosul, em 1991.
O Mercosul é uma união aduaneira, ou seja, uma área de livre comércio, onde as mercadorias podem circular livremente, em tese. Dele fazem parte o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A Venezuela solicitou sua inclusão em 2006. Os parlamentos de três países já a aprovaram. Falta apenas o do Paraguai. Os próximos passos a serem dados são na direção de uma união alfandegária, que determinará uma taxa comum para importações. Para se tornar um mercado comum, como na Europa, seria necessário a coordenação de políticas macroeconômicas setorias, harmonizar as legislações nacionais e permitir a livre mobilidade dos fatores produtivos entre os países membros e a adoção de uma política comercial comum. O que parece ainda estar bem distante.