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O artista plástico autodidata Jeffer Zion visitou comunidades indígenas do Alto Xingu, no Mato Grosso e voltou de lá com o esboço pronto do Memorial Tupinambá, mostra que entra em cartaz dia 9 de maio na Galeria Marta Traba, com entrada franca até o dia 08 de junho.
Nessa imersão pelo Xingú, o artista, segundo Alex Collontonio, curador da mostra, “metabolizou o processo de canonização tribal interpretando aqueles indivíduos quase como divindades, numa narrativa avessa à ação predatória da catequização dos anos 1500”.
“Memorial Tupinambá” está dividida em nove módulos, com obras que misturam técnicas de pinturas, materiais e registros. Da mente criativa do artista saem quadros e instalações inspiradas em etnias indígenas, ancestralidade e sociedade moderna, reunindo obras inéditas e outras feitas ao longo de sua carreira.
A mostra com conteúdo de inspiração sacra-indígena, porém não destinadas ao culto, abrigará 15 obras que convidam à apreciação e à reflexão do conceito da crença baseada em simbologias que permeiam a história da Humanidade e sua relação com a Natureza e o Divino.
Nas telas a óleo sobre lona ou nos acrílicos, preservando a memória das matérias-primas, nos desenhos em carvão ou nanquim, nas plataformas alternativas que vão da rigidez do metal à delicadeza do murano, passando pela cerâmica das farinheiras, Jeffer “tatuou” sua leitura de grafismos, simbologias, sincretismos, ancestralidade e socialização num futuro sem diferenças. Não à toa, voltou de lá rebatizado pelos tupinambás como Khahuetèni, nome que designa “pessoa importante”.
“Foi uma experiência transformadora estar em contato com a cultura indígena dessa forma; fiz um mergulho nas minhas crenças pessoais de passado, presente e futuro”, define Jeffer Zion.
Zion usa simbologias que remetem ao sagrado perante a sociedade e sua importância nas culturas através do tempo. Dentre os materiais utilizados, obras feitas de metal questionam a força de imposição de outras culturas para o enriquecimento, além de lonas de caminhão.
Para finalizar a mostra, quatro grandes obras circulares apresentam o sonho de um futuro sem diferenças, fruto da unificação de tudo que sabemos sobre nossa existência. Ponto chave da mostra, um dos módulos apresenta, ao som do canto do Uirapuru a união das crenças, trazendo a lembrança de um passado roubado e a esperança de preservação de nossas origens.
Sobre Jeffer Zion
Jeffer Zion nasceu em 15 de junho de 1984, na cidade de Taquarituba, no interior de São Paulo. Autodidata em desenhos artísticos com ênfase em expressões humanas e pinturas de grandes dimensões, Jeffer atua no mercado das artes desde 1997. Atualmente, o artista que reside em Itu, município paulista, já produziu obras em grafite no papel, óleo sobre tela, farinheiras, além de dezenas pinturas em grandes escalas que estão no Brasil e no exterior.
Filho de agricultores, sem qualquer influência familiar, a busca pela beleza e a originalidade contribuíram para que as técnicas utilizadas por Jeffer Zion fossem reconhecidas como uma arte figurativista e contemporânea. Este reconhecimento se justifica pelo fascínio do artista em utilizar materiais diferentes do convencional, como folhas de ouro e prata, linho puro, lonas de caminhão e metais, objetos estes que estabelecem uma boa relação com as pinturas acrílicas e a óleo. Além de figuras humanas, Zion também demonstra a sua paixão através da figura de animais, paisagens e imagens abstratas.
Serviço:
Memorial Tupinambá
Exposição: de 09 a 27 de maio de 2018
Local: Memorial da América Latina – Galeria Marta Traba
Endereço: Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda
Entrada franca
Horário: de terça a domingo, das 9h às 18h
Estacionamento: portão 4
Classificação: livre