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São Paulo, 16 de março de 2009.
Há 20 anos o mundo era diferente. No início de 1989 a Europa estava divida entre comunistas e capitalistas. Na América Latina, persistiam ditaduras no Chile e no Paraguai. Não havia a atual integração de mercados, as pessoas não circulavam tanto pelo planeta. O uso massivo do computador pessoal e da tv a cabo ainda não principiara. Ninguém falava em internet ou em telefone celular.
O mundo era maior e menos interligado. Isso começou a mudar no mesmo ano. Em meados de 1989 caíram o Muro de Berlim e as ditaduras chilenas e paraguaias. No Brasil, houve a primeira eleição direta para presidente em 28 anos. Com o fim do comunismo europeu e a abertura econômica da China, forças produtivas foram liberadas.
É nesse ambiente democratizante e de incremento econômico que surge a Fundação Memorial da América Latina, em 18 de março de 1989. Na época, o Brasil e a Argentina negociavam uma maior integração comercial. Mais tarde, com a adesão do Uruguai e do Paraguai, surgiria o Mercosul, em 1991.
Faltava a integração cultural e científica. O Memorial é justamente uma iniciativa do Estado de São Paulo para suprir essa lacuna. Seja pelo desenho de Oscar Niemeyer, que transformou o conjunto arquitetônico do Memorial, com a Mão ao centro, marca registrada da cidade e um dos pontos turísticos mais visitados por estrangeiros. Seja pelo conceito estabelecido pelo antropólogo Darcy Ribeiro, que se abre para a arte popular, as manifestações artísticas e o fomento da pesquisa, reflexão e conhecimento da América Latina.
Nesses 20 anos o Memorial cumpriu bem sua função. No campo artístico, recebeu o Balé Nacional de Cuba por 2 vezes, a Orquestra Filarmônica de Israel, regida por Zubin Mehta, Mercedes Sosa, Astor Piazzola, Libertad Lamarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Jobim. Em sua galeria foram organizadas mostras antológicas de “monstros sagrados”, como Rugendas, Fernando Botero, Juan Rulfo e Guayasamín.
Seria impossível destacar nesta página os principais acontecimentos no Memorial nesses 20 anos. Teria que mencionar as visitas dos presidentes Mikhail Gorbachov, Fidel Castro, Hugo Chaves, Bill Clinton e do Papa Bento XVI; a revista Nossa América, a edição de livros premiados, as festas ao ar livre, o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo, o Festival Ibero-Americano de Teatro…
Por Eduardo Rascov