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São Paulo, 25 de março de 2009.
Quem percorre a Avenida Paulista a certa altura se depara com uma estátua em bronze de um homem com trajes do século XVIII, com direito a capa e espada e gesto de quem está pronto para ir ao ataque em defesa de seus ideais. Um ponto de interrogação surge na cabeça do passante. Quem seria aquele personagem, é provável que se pergunte. Não se parece com nenhum dos nossos heróis.
Na verdade, poucos brasileiros sabem quem foi o homenageado, personagem muito conhecido na América Latina, principalmente na Venezuela, Colômbia e Equador. Uma oportunidade para descobrir mais detalhes sobre o General Francisco Miranda – este é seu nome – se dá neste sábado, 28 de março, na própria avenida Paulista. Nesta ocasião, quando se comemora seu 259º aniversário natalício, a partir das 10 da manhã, haverá uma Oferenda Floral no monumento, promovida pelo Consulado Geral da Venezuela em São Paulo. A estátua do General Francisco de Miranda foi feita por dois artistas venezuelanos, L. Gonzalez e Carmelo Tabacco e doada ao povo de São Paulo por aquele país em 1978.
Sebastián Francisco de Miranda Rodríguez é considerado o precursor da independência hispanoamericana. Muito jovem ainda, em 1771, viajou à Espanha, onde ingressou no exército espanhol. Serviu no norte da África e em Cuba, defendendo as colônias espanholas, mas logo foi contagiado pelos ventos libertários que varriam a Europa e as Américas na virada dos sécs. XVIII e XIX. Na América do Norte participou da Guerra de Independência Americana e na Europa, dos desdobramentos da Revolução Francesa ao lado de Napoleão Bonaparte. Sobre ele, Napoleão teria declarado: “Nesse homem arde no peito o fogo sagrado do amor à liberdade”.
No Caribe, passa a defender a liberdade das colônias espanholas e forjou um plano de independência com apoio britânico e norte-americano que o levou a invadir a Venezuela em 1806. A revolta não deu certo e Miranda se exilou. Em 1810, ele foi convencido por Simón Bolívar a liderar nova revolução. Em 5 de julho de 1811 a Venezuela proclama sua independência com Francisco de Miranda como primeiro presidente.
Mas os espanhóis contra atacam e recuperam o país no ano seguinte. Francisco de Miranda é levado para a Espanha como prisioneiro, onde morre em 1816. No entanto, o processo por ele iniciado foi levado adiante por Simón Bolívar, que havia se refugiado em Cartagena das Índias, na Colômbia. Em 6 de agosto de 1813, um exército liderado por Bolívar conquista Caracas e proclama a Segunda República Venezuelana.
Por Eduardo Rascov