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A 3ª edição da Bienal do Fim do Mundo – que se realiza a partir da última semana de agosto, na Terra do Fogo, Argentina – foi lançada oficialmente no Brasil, em cerimônia na Fundação Memorial da América Latina, nessa quinta, 24 de fevereiro de 2011. A Fundação Patagônia Arte & Desafio e o Memorial são parceiros neste projeto, desde a primeira edição, há 6 anos. Estavam presentes personalidades do mundo da arte, artistas e jornalistas. Alberto Grotteso Errazi, presidente da Fundação Patagônia, Consuelo Ciscar, diretora do IVAM – Museu Valenciano de Arte Moderna – e curador desta Bienal do Fim do Mundo, e Fernando Leça, presidente do Memorial falaram na ocasião.
“Se o homem é o responsável por propiciar a Era do Antropoceno, ele também pode reverter esta situação e iniciar uma nova era que tenha por lema a Arte, a Vida e a Natureza”, disse Ciscar. Este é o lema que inspirou a espanhola Consuelo Ciscar a aceitar o desafio de conduzir a curadoria geral da 3ª Bienal de Arte Contemporânea do Fim do Mundo, na cidade mais austral do mundo, Ushuaia.
As modificações causadas pela interferência do homem na natureza geraram a era geológica conhecida como Antropoceno – tema da edição deste ano, que, segundo Ciscar, pretende visualizar a transversalidade das Artes em todas as vertentes da atividade humana. Ela convidou e espera a participação de artistas dos cinco continentes. As obras da 3ª Bienal do Fim do Mundo serão distribuídas em sete espaços de Ushuaia, mas a mostra principal será instalada no hangar do porto da cidade – explicou Ciscar. A relação dos artistas será anunciada em breve.
Na apresentação do evento, Alberto Grottesi, presidente da Fundação Patagônia (em 1º plano, na foto ao lado), manifestou otimismo quanto ao êxito da Bienal. “Esta também será a Bienal do Bicentenário. Por isso, a responsabilidade será dobrada e vamos ter que trabalhar muito”, comento, em alusão às comemorações dos 200 anos de independência da Argentina. Ele explicou que sua iniciativa levou à criação do “Pólo Austral das Artes, Ciências e Ecologia”, que “tem propiciado diferentes maneiras de gerar espaços de reflexão que nos permitam abordar, a partir de diversos olhares convergentes, as variáveis que nos levam a pensar que na contemporaneidade é necessário produzir uma mudança, buscar a difusão não tradicional de distintas formas de homenagear e respeitar a vida, a natureza e, especialmente, a nossa Mãe-Terra.” A Bienal do Fim do Mundo é uma delas.
À mesa, conduzindo a apresentação, o presidente do Memorial da América Latina, Fernando Leça (no centro, na 1ª foto da página), fez breve exposição das parcerias com a Bienal do Fim do Mundo e com o IVAM. Lembrou que a curadora da primeira edição da Bienal para artistas de fora da Argentina foi a artista plástica Leonor Amarante – diretora da Área de Publicações do Memorial – e, instigado por uma jornalista, disse que vai analisar a possibilidade de, após Ushuaia, trazer para São Paulo um recorte da grande exposição.
Consuelo Ciscar aproveitou sua estadia no Brasil para participar da abertura da exposição “Identidade Feminina”, na Galeria Marta Traba, em 23 de fevereiro. Trata-se de um representativo recorte do acervo do instituto IVAM com a produção de artistas mulheres do século passado e deste. O evento foi prestigiado por importantes dirigentes de museus, curadores e autoridades, entre eles, Fábio Magalhães (ex-presidente do Memorial), Marcelo Araújo (diretor da Pinacoteca), Jorge Schwartz (diretor do Museu Lasar Segall), José Guedes (diretor do MAC do
Centro Dragão do Mar de Cultura e Arte, de Fortaleza, Ceará), Emanuel Araújo (diretor do Museu Afro Brasil), Pedro Benitez (diretor do Instituto Cervantes, de São Paulo), Ana Tomé (diretor do Centro Cultural da Espanha) e Cristina Aguilar Gimenez (vice-cônsul da Espanha em São Paulo).
“Identidade Feminina” é a 8ª exposição que o IVAM traz para o Memorial. Ela faz parte do esforço mundial para alcançar os “objetivos do milênio”, decretados pela ONU há 10 anos, entre eles, a igualdade de direitos entre homens e mulheres. “O trabalho artístico das mulheres não se diferencia em nada do trabalho das mulheres”, ressalva Ciscar, “embora os sentimentos dos homens e das mulheres se exprimam de forma diferente”. O que é a diferente é a luta feminina para conquistar seu espaço nos últimos séculos.
Confira, na íntegra, o discurso de Consuelo Císcar
fotos: Daniela Agostini (menos a de divulgação de Ushuaia)