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O Memorial da América Latina oferece a partir de 31 de março, o curso de extensão “Literatura na América Latina – Debates Contemporâneos”. A partir da análise crítica de alguns autores como Mario Bellatin, Sergio Chejfec, Fernando Vallejo, Juan Villoro, Roberto Bolaño, Tamara Kamenszain, Pedro Lemebel, Copi, Carlos Liscano, Diamela Eltit, e de obras particulares de meados dos anos 1970 até o presente, o curso procurará aproximar-se de temas, estilos literários e estratégias discursivas que permeiam o cenário atual da literatura da América Latina.
PROGRAMAÇÃO
Por Marcos Piason Natali (USP) – 31 de março
2. Um mapa possível da narrativa latino-americana contemporânea
Por Diana Klinger (UFF) – 14 de abril
3. A encruzilhada da narrativa e a arte contemporânea na obra de Mario Bellatin.
Por Idalia Morejón Arnaiz (USP) – 21 de abril
4. Sobre o desastre na história e na língua: “El uruguayo” de Copi.
Por Pablo Gasparini (USP) – 28 de abril
5. Os ecos da memória: poesia e memória autobiográfica em Tamara Kamenszain.
Por Adriana Kanzepolsky (USP) – 5 de maio
6. Palestra e diálogo com o escritor uruguaio Carlos Liscano – 12 de maio
7. Literaturas em trânsito: Sergio Chejfec e Juan Villoro.
Por Ana Cecilia Olmos (USP) – 19 de maio
8. Fernando Vallejo: os limites da ficção
Por Jorge Wolff (UFSC) – 02 de junho
10. Ditadura e memória. Entre o cinema e a literatura.
Por Adrián Cangi (UNLP/ UBA – Argentina) – 16 de junho
11. Pedro Lemebel: deboche, excesso e transgressão contra a violência..
Por Laura Hossiasson (USP) – 23 de junho
Aula 1: A narrativa de Roberto Bolaño
Por Marcos Piason Natali (USP)
A aula partirá de leituras de dois contos de Roberto Bolaño – “Dos cuentos católicos” e “Dentista” – para comentar alguns gestos e temas presentes em sua obra narrativa como um todo, com foco no movimento entre encantamento e desencantamento e na relação entre escrita e desejo.
Aula 2: Um mapa possível da narrativa latino-americana contemporânea
Por Diana Klinger (UFF)
Os anos sessenta e setenta representaram um momento de maturidade da narrativa latino-americana. O assim chamado boom significou, a pesar da diversidade de propostas, a culminação de um projeto estético renovador que poderíamos chamar de “utópico”, e que se entrelaçou produtivamente com um projeto político. De fato, os escritores do boom têm uma forte intervenção política na imaginação do destino do continente. Porém, com as ditaduras militares em muitos países latino-americanos, haverá uma quebra nesses projetos e uma re-configuração da relação entre literatura e História. Observaremos que muitas das narrativas das últimas décadas contrastam com os traços mais marcantes da literatura das décadas anteriores. Essas mudanças coincidem, ademais, com uma crise dos valores da “alta cultura” – e, portanto, crise do lugar do intelectual -, que é contemporânea a um “desencanto do moderno”, isto é, dos mitos da modernidade e do desenvolvimento. A proposta dessa aula é traçar um panorama dessa “transvaloração” dos valores modernos na literatura contemporânea.
Aula 3: A encruzilhada da narrativa e a arte contemporânea na obra de Mario Bellatin.
Por Idalia Morejón Arnaiz (USP)
Na opinião do filósofo de arte Arthur Danto, a principal contribuição artística da década dos anos setenta foi a emergência da imagem apropriada, ou seja o “apropiar-se” de imagens com significado e identidade estabelecidos e outorgar-lhes significação e identidade frescas. Nesse sentido, proponho abordar duas das estratégias narrativas utilizadas por Mario Bellatin: a inserção de imagens fotográficas em Shiki Nagaoka, “una naríz de ficción” e biografía ilustrada de Mishima e a referencia a obras canónicas da arte contemporânea, como “El gran vidrio” de Marcel Duchamp e “Lecciones para una liebre muerta”, de Joseph Beuys, a partir das quais o autor mexicano compôs dois livros autobiográficos, nos quais tem dado lugar ao ambicioso projeto de “desaparecer”.
Aula 4: Sobre o desastre na história e na língua: “El uruguayo” de Copi.
Por Pablo Gasparini (USP)
O objetivo desta aula é apresentar o cartunista-dramaturgo-escritor-ator Raúl Natalio Roque Damonte, mais conhecido por seu apelido, “Copi” (Buenos Aires, 1939- París, 1987), através da analise de um de seus textos mais conhecidos: “El uruguayo” (1973), escrito originalmente, como praticamente a obra toda deste autor, em língua francesa. Para esse objetivo, indagaremos o conceito de literatura extraterritorial e desenvolveremos a partir dessa reflexão uma leitura de El Uruguayo não só como um texto precursor de certos “desbordamentos identitários” (nacionais, lingüísticos e genéricos) da literatura argentina, mas também como um texto que antecipa a transgressão de certos consensos representacionais sobre a história e a política latino-americana.
Aula 5: Os ecos da memória: poesia e memória autobiográfica em Tamara Kamenszain.
Por Adriana Kanzepolsky (USP)
Qual a pertinência de se ler a inscrição de uma memória autobiográfica e de aquilo que poderíamos denominar “o íntimo” em “El ghetto” (2003), “Solos y solas” (2005) e “El eco de mi madre” (2010) da poeta argentina Tamara Kamenszain, livros que postulam um diálogo entre si e que podem ser concebidos como três momentos no relato do luto: pelo pai, pela separação do casal, pela perdida da memória e posterior morte da mãe. Que tipo de memória constrói a poesia? Como a mesma se diz na língua do poema? Quais entrecruzamentos se estabelecem entre o eu lírico que se nomeia nos poemas e uma escritora que nas dedicatórias desses livros se posiciona no lugar da filha ou de irmã? São estas algumas das perguntas que nos formularemos nessa aula.
Aula 6: Palestra e diálogo com o escritor uruguaio Carlos Liscano
Aula 7: Literaturas em trânsito: Sergio Chejfec e Juan Villoro.
Por Ana Cecilia Olmos (USP)
As narrativas de Juan Villoro e Sergio Chejfec apelam, com frequência, a figurações de escritor que se caracterizam por uma errância vital que coloca em crise a identificação linear com a cultura de origem, embora não deixem de indagar um modo de relação com a próprio. Uma errância que, em termos simbólicos, pode ser também reconhecida nas cartografias literárias que desenham os ensaios de leitura desses autores; textos que evidenciam um trabalho crítico em favor da configuração de mapas literários que abandonam as devoções locais e dialogam com processos dinâmicos de re-significação cultural. Proponho refletir acerca das relações entre ensaio e ficção nas obras de Villoro e Chejfec a partir da indagação, que seus próprios textos colocam, sobre as condições de possibilidade da literatura hispano-americana no contexto de processos culturais globalizadores que desestabilizam a demarcação de fronteiras e suas referências identitárias.
Aula 8: Fernando Vallejo: os limites da ficção
Por Rafael Gutiérrez (FAPESP/USP)
Procuro abordar a questão dos limites entre a autobiografia, o ensaio e a ficção na obra do escritor colombiano Fernando Vallejo. Interessa-me analisar o tipo de enunciação que o autor constrói e que se apresenta de maneira muito similar tanto nos seus romances de corte autobiográfico, como em seus ensaios e biografias, problematizando as fronteiras entre os diferentes tipos de discurso (ensaístico, autobiográfico e ficcional).
Aula 9: O entrelugar da literatura.
Por Jorge Wolff (UFSC)
A exposição parte do debate suscitado pela noção de “literaturas pós-autônomas”, com base no ensaio homônimo da crítica argentina Josefina Ludmer. Postado em 2007 na Internet e logo transformado em recordista de visitas (para os moldes de um ensaio de crítica literária), trata-se de um discurso no âmbito das ficções críticas que corresponde àquele das noções de “literatura sem qualidades” (Juan José Saer) ou de “literatura má” (César Aira) – cuja (im)produtividade se propõe discutir.
Aula 10: Ditadura e memória. Entre o cinema e a literatura.
Por Adrián Cangi (UNLP/ UBA – Argentina)
A partir de uma leitura dos ensaios e testemunhos da escritora chilena Diamela Eltit, propõe-se uma reflexão em diálogo com a série de filmes sobre a ditadura do Chile do diretor Patricio Guzmán (Os títulos dos filmes são “La batalla de Chile”, “El caso Pinochet”, “Salvador Allende”, “Nostalgias de la luz”). Será analisada a relação entre o dizível e o visível, entre o texto literário e a imagem cinematográfica.
Aula 11: Pedro Lemebel: deboche, excesso e transgressão contra a violência..
Por Laura Hossiasson (USP)
A obra de Lemebel, olhada em seu conjunto e para além dos múltiplos gêneros que ele pratica – performance, vídeo-texto, crônica, conto , romance-, pode ser pensada como um esforço por enfrentar a violência por meio da neutralização de seus pressupostos nos campos artístico e literário. Proponho refletir sobre algumas das estratégias disso que chamarei aqui, provisoriamente, a ‘guerrilha da dessacralização’, em alguns dos seus livros de crônicas, romances e contos.
Aula 12: Palestra e diálogo com o escritor chileno Pedro Lemebel
Coordenação Acadêmica: Ana Cecília Olmos, Pablo Gasparini, Rafael Gutiérrez Giraldo.
SERVIÇO
Curso “Literatura na América Latina – Debates Contemporâneos”, a partir de 31 de março.
Total de aulas: 12 (carga horária: 36 horas-aula)
Horário: das 9 às 12 horas
Local: Anexo dos Congressistas / CBEAL / Memorial da América Latina
Inscrições: De segunda à sexta, das 10 às 18 horas, no Anexo dos Congressistas/ CBEAL / Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Metrô Barra Funda – São Paulo).Valor da inscrição R$ 250,00 (taxa única). Vagas limitadas.
Serão concedidos certificados aos alunos com presença igual ou superior a 75% da carga horária. Caso não se atinja o número mínimo das inscrições necessárias para a sua realização, o curso poderá ser cancelado (nesse caso, a taxa de inscrição será devolvida integralmente).
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Mais informações:
Site: www.memorial.sp.gov.br
E-mail: cursos@memorial.sp.gov.br
Tel.: (11) 3823-4780