O aguardado filme de Tata Amaral, “Trago Comigo”, foi exibido pela primeira vez em 31 de julho, na Tenda
Petrobrás para o Cinema Latino-Americano, montada na Praça Cívica do Memorial, epicentro do décimo Festlatino. O personagem interpretado por Carlos Alberto Riccelli vive um homem de esquerda que pegou em armas contra a ditadura militar e depois vira um diretor de teatro importante. Quando é chamado para dar uma entrevista, percebe que simplesmente esqueceu passagens e personagens de sua vida relacionadas ao seu passado de militante clandestino, inclusive de momentos da dura prisão a qual foi submetido pelos usurpadores do poder. Ou seja, trata-se de um personagem em conflito com a sua própria memória. Então ele inicia a montagem de uma nova peça teatral, sem texto. Na base de fragmentos de lembranças, na base do improviso e com a ajuda do elenco, vai resgatando a história, não só pessoal, mas do país. As cenas são costuradas por depoimentos de personagens verdadeiros, que efetivamente viveram esse drama e dialogam diretamente com a ação do filme.
A Fundação Memorial da América Latina abriu o 10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo na quarta, 29 de julho. Na ocasião, foi exibido em première mundial para convidados o belo filme de Marcelo Masagão, “Ato, Atalho e Vento”. Este ano, celebrando sua décima edição, o Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo homenageia os cineastas Hector Babenco e Lírio Ferreira, bem como o DJ Tutu Moraes. A programação reúne destaques da produção mais recente feita na região, incluindo vários títulos inéditos no Brasil e obras exibidas em eventos prestigiosos – como os festivais de Cannes e Berlim.
Há dez anos, o Festlatino foi idealizado pelo então Secretário Estadual de Cultura de São Paulo
O cineasta João Batista de Andrade assiste o seu colega argentino, Fernando Solanas, a dar uma aula magna no 3º Festlatino, em 2008
, João Batista de Andrade. Cineasta, escritor, gestor cultural e militante político, João Batista, hoje com 75 anos, é da geração que lutou contra a injustiça social e sonhou revolucionar econômica e politicamente o subcontinente latino-americano. Sua arma, o cinema. Hoje presidente do Memorial, ele relembra os motivos que levaram à criação do Festlatino. “Em sintonia com a Fundação Memorial da América Latina, lançamos sua semente com a proposta de contribuir para a evolução do papel protagonista que a cinematografia da América Latina então experimentava. Tínhamos como foco a troca de informações para possíveis ações conjuntas, no sentido de consolidar e melhor compreender a produção audiovisual da região.” O projeto deu certo, senão, vejamos:
Veja como será o 10º Festlatino. Programe-se.
O cineasta argentino atualmente radicado na Itália Fernando Birri – na foto ao lado de Marina Dias Weis, que fez um documentário sobre o Festlatino – foi o grande convidado do 1º Festlatino. Além do “cineasta pedagogo”, considerado o pai do cinema novo latino-americano, estiveram no Memorial outros cineastas históricos como os chilenos Miguel Littin e Patricio Guzmán e o brasileiro Nélson Pereira dos Santos, além dos expoentes de gerações mais recentes.
Saiba como foram as edições anteriores.
No total, o 10º Festlatino exibe 111 filmes, representando 17 países da América Latina e do Caribe. Na mostra Contemporâneos estão 21 filmes, sendo 13 inéditos no Brasil (seis são produções brasileiras em première mundial). As demais seções são Doc Musicais América Latina, Mostra de Escolas Ciba-Cilect e DocTV Latinoamérica. Entre as atividades paralelas do 10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo destaca-se o Seminário Internacional Caminhos do Audiovisual Latino-Americano no Século 21.
A programação acontece não só no Memorial da América Latina (Tenda Petrobras para o Cinema Latino-Americano, Biblioteca Latino-Americana e Galeria Marta Traba), mas também no Cinesesc, Cine Olido, Centro Cultural São Paulo (Sala Lima Barreto e Sala Paulo Emílio), Cinusp Maria Antonia, Cinusp Paulo Emílio, Reserva Cultural e Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca, Cinemateca Brasileira e Centro de Pesquisa e Formação – Sesc. Todas as sessões são gratuitas.
A homenagem a Hector Babenco traz alguns de seus grandes sucessos, “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia”, “Pixote, a Lei do Mais Fraco”, “O Beijo da Mulher-Aranha”, pelo qual William Hurt foi premiado com o Oscar de melhor ator, “Coração Iluminado”, “Carandiru” e “O Passado”. Já Lírio Ferreira tem exibidos seus cinco longas-metragens (“Baile Perfumado”, “Árido Movie”, “Cartola – Música para os Ouvidos “, “O Homem que Engarrafava Nuvens” e “Sangue Azul”) e uma seleção de oito curtas, entre eles raridades de início de carreira e obras feitas para TV e museus. Uma mesa reúne, em 30/07, o cineasta pernambucano ao lado do diretor Kiko Goifman e o ator Matheus Nachtergaele. Outro homenageado é o DJ Tutu Moraes, músico cuja carreira foi impulsionada como residente diário nas primeiras edições do festival e hoje realiza apresentações no exterior.
Entre os títulos recentes estão seis premières mundiais de longas-metragens brasileiros: “Ato, Atalho e Vento”, de Marcelo Masagão; “Trago Comigo”, de Tata Amaral; “Sermão dos Peixes”, de Cristiano Burlan; “Através”, de André Michiles, Fábio Bardella e Diogo Martins; “Não Estávamos Ali para Fazer Amigos”, de Miguel de Almeida e Luiz R. Cabral; e “Trago Seu Amor”, de Dellani Lima. Fazem ainda sua primeira exibição em São Paulo “A Misteriosa Morte de Pérola”, de Guto Parente; “Fábulas Negras”, de Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf, Joel Caetano e José Mojica Marins; “Condado Macabro”, de Marcos DeBrito e André de Campos Mello; e “Meia Hora e as Manchetes Que Viram Manchete”, de Angelo Defanti.
Produções argentinas dominam a seleção internacional, com destaque para “As Insoladas”, novo
filme de Gustavo Taretto (de “Medianeras, Buenos Aires na Era do Amor Virtual”); “Morte em Buenos Aires”, de Natalia Meta, que tem no elenco Demian Bichir (indicado ao Oscar por “Uma Vida Melhor”, de Chris Weitz) e Chino Darín (filho do Ricardo Darín); “Natureza Morta”, de Gabriel Grieco, anunciado como o primeiro filme “terror vegano” do mundo; “O Ardor” , de Pablo Féndrik, protagonizado por Gael García Bernal e Alice Braga; e “Ragazzi”, do diretor cult Raúl Perrone.
Outras obras presentes e inéditas no Brasil são “Mar”, coprodução Chile/Argentina, selecionada para o Festival de Berlim e dirigida por Dominga Sotomayor; “Sozinhos”, da peruana Joanna Lombardi (de “Casadentro”); “Viva a Música”, do colombiano Carlos Moreno, exibido no Festival de Sundance; e “Videofilia (e Outras Síndromes Virais)”, a primeira produção peruana a vencer o Festival de Roterdã.
A seção Docs Musicais América Latina traz doze produções. Entre os brasileiros estão “Dominguinhos”, de Joaquim Castro, Eduardo Nazarian e Mariana Aydar; “Eu Sou Carlos Imperial”, de Renato Terra e Ricardo Calil; “Gangrena Gasosa – Desagradável”, de Fernando Rick; “My Name is Now, Elza Soares”, de Elizabete Martins Campos; “Paulo Moura – Alma Brasileira”, de Eduardo Escorel; “Premê – Quase Lindo”, de Alexandre Sorriso e Danilo Moraes; e “Sabotage: O Maestro do Canão”, de Ivan 13P. Os títulos internacionais, todos inéditos no Brasil, são os argentinos “Pescado Rabioso – Uma Utopia Incurável”, “Blues dos Plomos” e “Não Tenho Nada”, o colombiano “Picó – A Máquina Musical do Caribe” e o mexicano “Lixo”.
Já a competição Mostra Escolas de Cinema Ciba-Cilect reúne 43 filmes, de sete países, enquanto que 16 documentários estão na seção DocTV Latinoamérica, com destaque para o brasileiro “Guataha”.
Nos primeiros anos do Festlatino, Tutu Moraes era o dj residente fixo todos os dias do evento. Animava o ambiente com musica brasileira e latino-americana com um ouvido contemporâneo. Ganhou projeção internacional. Chegou a hora dele também ser homenageado. Receberá o Troféu Memorial da América Latina na noite de encerramento do festival.
O Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo é uma realização da Fundação Memorial da América Latina, em parceria com a Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo e a Associação do Audiovisual. Ele é patrocinado pela Petrobras e pela Sabesp – Companhia de Saneamento Básico de São Paulo. A corealização é da Secretaria Municipal de Cultura, Spcine e Sesc São Paulo. Apoio cultural: Prodesp – Companhia de Processamento. O fomento é do Ministério da Cultura, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
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Veja como será o 10º Festlatino. Programe-se.
10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo
30 de julho a 5 de agosto de 2015
abertura: 29 de julho de 2015, quarta-feira, às 20h30, no Memorial da América Latina / Tenda Petrobras para o Cinema Latino-Americano
locais e ingressos:
Memorial da América Latina / Tenda Petrobras para o Cinema Latino-Americano, Biblioteca Latino-Americana e Galeria Marta Traba
Av. Auro Soares de Moura Andrade 664, portões 2 e 5, Barra Funda, tel (11) 2769.8098
Cinesesc –
Rua Augusta 2075, Cerqueira César, tel (11) 3087.0500
Cine Olido –
Av. São João 473, Centro, tel (11) 3331.8399
Centro Cultural São Paulo / Sala Lima Barreto e Sala Paulo Emílio –
Rua Vergueiro 1000, Paraíso, tel (11) 3397.4002
Cinemateca Brasileira –
Largo Senador Raul Cardoso 207, Vila Clementino, tel (11) 3512.6111
Cinusp Paulo Emílio –
Rua do Anfiteatro 181 (Colmeias, Favo 4), Cidade Universitária, tel (11) 3091.3540
Cinusp Maria Antônia –
Rua Maria Antônia 294, Vila Buarque, tel (11) 3123.5200
Reserva Cultural –
Av. Paulista 900, Bela Vista, tel (11) 3287.3529
Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca –
Rua Frei Caneca 569, Consolação, tel (11) 3472.2365
Centro de Formação e Pesquisa do Sesc (seminário: R$ 15,00, R$ 7,50 e R$ 3,50)
Rua Dr Plínio Barreto 285, Bela Vista, tel (11) 3254.5618
Veja como foram as edições anteriores do Festlatino:
1º Festlatino (2006)
2º Festlatino (2007)
3º Festlatino (2008)
4º Festlatino (2009)