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O I Festival Ibero-Americano de Teatro foi aberto oficialmente com a peça “A Descoberta das Américas”, da cia brasileira Leões de Circo, que lotou a platéia A do auditório Simón Bolívar. Um pouco antes, no foyer, houve o teatro de bolso da Cia. Território Brasil, que apresentou uma esquete do espetáculo “Risoterapia”, dirigido por Creusa Borges. Nele a transformer Botocada recapitula sua vida infeliz desde a infância.
Mas não podia haver escolha melhor para abrir o I Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo do que o espetáculo “A descoberta das Américas”, da cia. carioca Leões de Circo Pequenos Empreendimentos, adaptada de texto de Dario Fo. A obra é baseada em fatos reais contados pelo cronista do séc. XVI conhecido por Cabeça de Vaca. Há pelo menos 3 razões para se afirmar isso.
Ator Júlio Adrião no início do espetáculo
A primeira é por seu tema oportuno, pois o Memorial organiza o festival justamente para DESCOBRIR e dar a conhecer o que se está fazendo nos palcos da América Latina. O Memorial já havia tomado iniciativa semelhante na área cinematográfica, ao criar o I Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo há 2 anos. Pelo segundo ano consecutivo o Memorial desenvolve o projeto Conexão Latina, que traz músicos de países hermanos para se apresentar ao lado de colegas brasileiros. Faltava contemplar o teatro. Não falta mais.
A segunda razão tem a ver com a performance do ator Julio Adrião durante o monólogo. Sem usar recursos comuns no teatro, como mudanças na iluminação e no figurino, trilha sonora e cenário elaborado, Adrião conta somente com o corpo e a voz para narrar sua história. Durante 90 minutos ele encanta a platéia com a aventura de um italiano maltrapilho e espertalhão, que meio sem querer embarca na terceira viagem de Cristóvão Colombo às Américas O italiano sobrevive a um naufrágio e vai parar na Flórida, onde é preso por índios canibais. Usando de subterfúgios, consegue não só não ser comido como lidera os índios contra os europeus invasores.
Essas artimanhas também iludem a platéia, que assiste embasbacada uma narração repleta de palavreados que são completados por gestos, ruídos, onomatopéias e caretas que funcionam como uma linguagem corporal, fisiológica, que narra em filigranas fenômenos da natureza, como uma tempestade e o nascer da luaa a uma impagável seqüência de cirurgias em plena floresta.
A 3ª razão por ter sido mesmo acertada a escolha de “A descoberta das Américas” para abrir o I Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo é simples: ela é muito engraçada. Não é à toa que o ator Júlio Adrião venceu o Prêmio Shell 2005 como melhor ator. O espetáculo já foi visto por mais de 100 mil pessoas em 3 anos de sucesso.
Os organizadores do Festival, Fernando Leça, presidente do Memorial, Fernando Calvozo, diretor de atividades culturais, e Neyde Veneziano, curadora, foram unânimes em ressaltar a importância de um evento como este para a cultura de São Paulo e nacional. “Com mais esse festival, o Memorial reafirma sua vocação de ser um local de encontro, integração e estímulo para a criação artística”, resumiu o presidente Leça, que aproveitou para convidar a todos os presentes para acompanhar a programação e prestigiar os festejos do 19° aniversário do Memorial, a ser comemorado no próximo dia 19 de março.
Neste domingo, não dá para não voltar ao Memorial e assistir os espetáculos do dia, que começam às 18h, com o teatro de bolso “Zacarias, um artista pirotécnico”, da Troupe Drao. Depois, às 19h, não perca “A sessão da tarde, ou Você Não Soube Me Amar”, da Cia de Teatro Rock, de São Paulo, cuja trilha sonora é toda construída com o rock dos anos 80. Às 21h, finalmente, será a vez da primeira troupe estrangeira, a uruguaia Cia. Teatro de Aça, que traz “Pentágono”.
Todos os dias os ingressos podem ser retirados a partir das 14 h na bilheteria do Auditório Simón Bolívar.
Confira a programação completa do festival aqui.
Para ver trechos das peças clique aqui.
Bom espetáculo.
Fotos: Fábio Pagan