O filme “Trago Comigo”, de Tata Amaral, foi o grande ganhador do 10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo. A história de um diretor de teatro que, ao montar novo espetáculo, procura preencher lapsos de sua memória – especialmente os relacionados ao período em que aderiu à luta armada contra a ditadura e amargou prisão e tortura – foi apontado pelo público como sendo o melhor filme desta edição do Festlatino.
Saiba como foram as edições passadas.
O prêmio para filmes produzidos por mais de um país latino-americano foi para “Viva a Música”, co-produção colombiana e mexicana, dirigida pelo colombiano Carlos Moreno. Jovem de classe média sai da casa dos pais e experimenta a sensualidade das ruas de Cali por meio da música e da dança.
Já o curta “400 Maletas”, da jovem mexicana Fernanda Valadez (do Centro de Capacitación
O público lotou não só as apresentações no Memorial, mas em todas as 10 salas do Festlatino na cidade
Cinematografica), foi o vencedor da Mostra de Escolas Ciba-Cilect. Ao narrar a busca de uma mãe por seu filho na fronteira EUA/México, a obra mergulha em um universo no qual o sonho da imigração se depara com a realidade do tráfico e da violência.
Competiram 43 filmes produzidos por estudantes e professores de quinze instituições de ensino de cinema da América Latina, que fazem parte da Cilect (Centre Internacional de Liaison des Écoles de Cinéma et Télévision, que congrega 160 escolas de cinema de 60 países). O júri que escolheu “400 Maletas” foi composto pela documentarista Carla Gallo, a cineasta Caru Alves de Souza e o diretor de cinema e teatro Cristiano Burlan, todos brasileiros.
Os vencedores foram conhecidos na quarta, 5 de agosto, em solenidade de encerramento do Festlatino, no Memorial da América Latina. Segundo um dos diretores do evento, Francisco Cesar Filho, cerca de 20 mil pessoas foram às 10 salas do Festlatino assistir 111 filmes de 17 países.
A identificação com um público jovem, que ama o cinema latino-americano, cria as condições para que o Festlatino tenha vida longa
Para coroar a 10ª edição do FestLatino foi exibido o documentário “Não Estávamos Ali para Fazer Amigos”, de Miguel de Almeida e Luiz R Cabral. O filme defende a ideia de que o caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo, teve um papel modernizador na cultura brasileira no fim da ditadura militar. Durante o período de abertura política, haveria aqueles que queriam retomar os movimentos culturais interrompidos pelos militares, de viés nacional e popular, como o teatro ligado aos CPCs (Centro Popular de Cultura), e, por outro lado, os que olhavam sem preconceitos para o que se estava praticando no país em termos artísticos. Por meio de imagens de época, a obra procura reconstituir certo ambiente cultural nos anos 70 e 80 e dar voz aos repórteres do jornal responsáveis por matérias iconoclastas sobre grandes artistas nacionais.
João Batista de Andrade, presidente do Memorial e fundador do Festlatino, comemorou o sucesso da décima edição do festival. “O
encerramento ontem à noite foi uma delícia. Muito obrigado a todos que participaram, que ajudaram, que apoiaram ou simplesmente torceram. Já estamos pensando na edição do ano que vem, que será melhor ainda”.
Foto da primeira página e de João Batista de Andrade: Daniela Agostini
Demais Fotos: Marcos Finotti