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No Céu…
No Mar…
Na Terra…
Canta Brasil!
Foi com essa canção que o baiano Moraes Moreira começou o show nessa quinta-feira,19, em homenagem ao sambista Adoniran Barbosa. O enorme palco do Auditório Simón Bolívar, “o grande herói das Américas”, como ele mesmo fez questão de dizer, ficou pequeno para o baiano que não só cantou sucessos da atualidade, como também relembrou músicas da sua antiga banda Novos Baianos. Além desses ritmos quentes interpretou grandes compositores da canção brasileira, como Ary Barroso, Assis Valente e, claro, Adoniran.
Moraes Moreira conhecia muito bem o palco onde se apresentava. Em 1989 ele havia cantado na inauguração da Fundação, logo depois voltou com os Novos Baianos e, mais recentemente, com a Orquestra Jazz Sinfônica. E agora participar dessa homenagem a Adoniran Barbosa foi um presente para o cantor. “É a primeira vez que faço o Projeto Adoniran. Para mim é muito especial, porque sou muito fã dele e é o ano do seu Centenário”, declarou antes do show, “por isso irei cantar uma música que fala dele, “Planta Que o Samba Dá.” A canção retrata o samba em todos os Estados do Brasil.E quando chego,especificamente, em São Paulo quem representa o samba?Adoniran Barbosa”.
Moraes contou como foi seu primeiro contato com o sambista. “Conheci Adoniran nos corredores da TV Record, entre 1969 e 1970. Não tive oportunidade de cantar com ele, mas hoje estou aqui para homenageá-lo.” No show o cantor afirmou que não poderia mais ficar, não podia mesmo porque:
Se eu perder esse trem
Que sai agora às onze horas
Só amanhã de manhã!
Com essa canção Moraes Moreira encerrou sua participação no Projeto Adoniran que durou aproximadamente 2h. O público aplaudiu de pé. Na platéia, pessoas que nas últimas 4 décadas nasceram ou cresceram ouvindo o som veloz e alegre de Moraes Moreira. Entre elas, havia um grupo de 40 alunos e professores de uma escola da prefeitura, a EMEF Dr. Habib Carlos Kyrillos, localizada no distante bairro da zona sul, Americanópolis, na divisa com Diadema. Eram estudantes dos 18 aos 60 anos que fazem o EJA (Ensino de Jovens e Adultos), um programa público para escolarização de adultos.
Eles aderiram à iniciativa do professor de artes Sérgio Kodama, que conseguiu junto à direção do Memorial cortesia de ingressos para os alunos adultos de sua escola. O próximo passo foi contratar um ônibus para trazer a moçada. Os alunos só tiveram que fazer uma vaquinha para pagar o transporte. Valeu a pena. Muitos deles nunca tinham ido a um show em um lugar suntuoso como o Auditório Simon Bolívar, cuja beleza impressiona a todos. E muito menos visto um show do ídolo Moraes Moreira. O professor Kodama, que não perde tempo, aproveitou para guiar seus alunos na visita à exposição “Imagens Humanas”, do fotógrafo João Roberto Ripper. São imagens impressionantes de pessoas que também lutam contra a adversidade, seja climática, pobreza ou opressão.
Por Mônica Saraiva
Fotos Daniela Agostini