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O Memorial da América Latina é muito mais do que imponentes edificações projetadas pelo gênio visionário de Oscar Niemeyer, assim como a América Latina é muito mais do que suas paisagens naturais, seus lagos, florestas e cordilheiras. A América Latina é um continente fantástico, cuja história milenar é marcada por descobrimentos, conquistas, colonizações, mitos, lendas, guerras e misturas raciais que criaram um povo cuja expressão artística e cultural é inigualável. Esta matéria lhe permitirá conhecer um pouco do Memorial da América Latina , mas somente visitando os espaços e suas exposições, assistindo os shows, palestras e tantas outras atividades, você conhecerá a América Latina com o coração.As pessoas que participaram das oficinas oferecidas pelo memorial no contexto da 8° Semana de Museus,por exemplo, sabem do que estamos falando.
O Memorial da América Latina participou entre os dias 17 e 23 de Maio da 8° Semana de Museus com três oficinas especiais. A presença nessa Semana sempre contempla a visita monitorada ao conjunto arquitetônico, por isso dispõe de um serviço de monitoria preparado para receber grupos de visitantes. Com base no acervo, são transmitidas informações referentes à arquitetura dos espaços, às artes e história dos vários povos latino-americanos.
As oficinas destinadas a artistas, estudantes ou pessoas interessadas pelo tema se iniciou com a Fotografia com qualquer Máquina, ministrada pelo fotógrafo Tony de Marco. Voltada ao público leigo que gosta de fotografar mas tem dificuldade, no primeiro momento foi passado o conteúdo teórico e no segundo foi feito um “Safári” ao Parque da Água Branca com o objetivo de registrar a natureza, suas árvores e animais. “Muitas vezes se procura por mais recursos técnicos, melhor câmera, estúdio e não paramos para pensar em coisas simples como composições de fotografia, luz e o olhar que se tem sobre determinado lugar, pessoa, objeto”, afirma o fotógrafo.
Na Galeria Marta Traba ,onde aconteceu a oficina, estavam expostas as 30 fotos de “Pierre Verger – Um Olhar Sobre Buenos Aires” . A exposição inédita trazia também reproduções das páginas originais das publicações argentinas nas quais o fotógrafo franco-brasileiro Pierre Verger publicou seu “olhar” sobre a capital argentina. Também foi visitada a mostra “All’Boeira” , que traz um “olhar não realista” por meio de pinturas e gravuras do artista espanhol José Sanleón sobre o lago na região na qual passou a infância.
A segunda oficina, Produção de Imagens Táteis para Deficientes Visuais, foi ministrada pela artista plástica Ângela Barbour, que deu a palestra De Olhos Fechados. Na conversa ela conta a história de como foi desenvolvida as imagens táteis no Memorial para o livro Uma Visão Especial para Cegos. A obra feita para o Pavilhão da Criatividade foi aceita pelo Museu do Louvre de Paris, França, como parte de seu acervo. “A oficina Produção de Imagens Táteis para Deficientes Visuais quer despertar nas pessoas ligadas a artes a consciência de que existem seres humanos com necessidades especiais que poderão aparecer na sua exposição.Como você se prepara para isso?”, Ângela Barbour.
Para encerrar sua participação na 8° Semana de Museus, o Memorial da América Latina ofereceu a Oficina de Animação do artista visual Lucas Schlosinski. No primeiro momento ele mostrou filmes e discorreu sobre o raciocínio por detrás da linguagem dos vídeos atuais e como muitas vezes as experiências artísticas se tornam dispositivos do amanhã, que todo mundo vai usar e falar em sua vida cotidiana. A oficina foi concluída com a produção coletiva de uma animação que usou a imagem dos rostos dos participantes. O interessante é que essa animação será usada como vinheta oficial do Memorial na abertura de todas as sessões do 18º Festival Internacional de Animação do Brasil, Anima Mundi, que se realiza todos os anos em nossas dependências.
Sobre o Memorial
Projetado por Oscar Niemayer, o Memorial da América Latina foi inaugurado em 18 de março de 1989 com a missão de aprofundar as relações culturais, políticas, econômicas e sociais do Brasil com os países da América Latina. Seus espaços culturais mostram ao visitante um pouco da história desses países.
Biblioteca Latino-americana Victor Civita reune, organiza e dissemina a expressão cultural dos países da América Latina. A “Bibla” oferecer aos usuários a produção cultural latino-americana por meio de suportes tradicionais e modernos: livros, revistas, jornais, vídeos, centro de informática e o portal Biblioteca Virtual da América Latina, BV@l, em parceria com a Fundação Paulista de Amparo à Pesquisa, Fapesp.
Praça Cívica. Sua vocação é o encontro de multidões. Nela acontecem festas típicas dos países do continente e das regiões brasileiras, shows populares, festivais, oficinas e espetáculos. Também conhecido como Praça do Sol, o local abriga a famosa escultura de Oscar Niemeyer, a “Mão”, cuja palma contém o mapa da América Latina como que se esvaindo em sangue, representando a luta pela identidade e autonomia cultural, política, social e econômica da região. A obra de arte se tornou um dos cartões de visita da cidade de São Paulo.
O Pavilhão da Criatividade guarda um acervo permanente com cerca de 4 mil peças de arte popular do Brasil, México, Peru, Equador, Guatemala, Bolívia, Paraguai, Chile e Uruguai. Trajes típicos, máscaras, estandartes, instrumentos musicais, objetos de adorno e de uso cotidiano, obras em argila, madeira, esculturas em ferro, brinquedos, adereços religiosos e profanos, entre muitas outras peças. Esse acervo foi recolhido pelo casal de fotógrafos e especialistas em arte popular Jacques e Maureen Bisilliat, em 1988, a pedido do antropólogo Darcy Ribeiro.
Auditório Simon Bolívar tem capacidade para 1600 pessoas. O palco no meio une suas duas platéias, conferindo-lhe originalidade. É onde acontecem shows, concertos, espetáculos de dança, etc, além de uma extensa programação de congressos e convenções.
Salão de Atos Tiradentes. É o coração do Memorial. Sede de solenidades e recepções oficiais ligadas às questões do subcontinente latino-americano. A luz tênue filtrada por uma parede envidraçada preenche o ambiente de 30 metros de pé direito. Abriga a mais importante obra de Cândido Portinari, o Painel “Tiradentes”, de 1948, além de seis painéis construídos em concreto aparente pelos artistas plásticos Caribé e Poty.
Galeria Marta Traba de Arte Latino-Americana é um espaço privilegiado para a difusão da arte latino-americana e para o intercâmbio cultural com os países do nosso continente. Hoje é o único espaço museológico existente no Brasil inteiramente dedicado às artes e à cultura latino-americana.
A Galeria Marta Traba possui todos os equipamentos necessários para a segurança das obras de arte como controle de temperatura, umidade e iluminação, bem como local adequado para climatização na desembalagem, manuseio e guarda.
Quem chega ao Memorial pelo metrô é obrigado a seguir por uma passagem subterrânea de 50 mestro. Pois lá está uma linda obra pública de Maria Bonomi, o Painel Etnias – do Primeiro e Sempre Brasil. São enormes peças esculpidas em bronze, barro e alumínio que retratam a saga dos povos indígenas em nosso país desde antes da chegada dos europeus até os dias de hoje.
O acervo do Memorial é composto também por obras a céu aberto, como “Flor Tropical”, de Franz Weissmann, “Torso Negro”, de Vera Torres, e “Integração”, de Bruno Giorgi, entre outras. São os cartões postais para brasileiros e estrangeiros que registram com suas máquinas fotográficas momentos da sua visita.
A Fundação Memorial da América Latina cativa público de todos os gostos , por isso é um dos lugares de São Paulo mais procurado por turistas, inclusive internacionais. Todos desejam conhecer o conjunto arquitetônico, que seu autor chamou de o “espetáculo da arquitetura”, e seus espaços de exposição. Querem também participar de sua programação cultural integradora e assim cada vez mais se sentir um latino-americano.
Por: Mônica Saraiva