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São Paulo, 27 de novembro de 2008.
No mês de dezembro, a Videoteca do Memorial aproveita a temática natalina e apresenta uma mostra de filmes que têm o Natal como pano de fundo.
Período: de 2 de dezembro a 19 de dezembro de 2008.
Horário das sessões: Terça a Sexta – 12h e 15h.
Excepcionalmente, nos dias 04,11 e 18, sessão única às 14h.
Local: Biblioteca Latino-Americana Victor Civita
“Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.
Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.
Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.
A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.
A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.
Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.
O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.
Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.
A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.
O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.
E será Natal para sempre.”
Organiza o Natal, Carlos Drummond de Andrade In “Cadeira de Balanço”
Programação:
Dias 02, 09, 16
A felicidade não se compra. (It’s wonderful life). Direção de Frank Capra. EUA. 1946. 129 min. Com James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, Thomas Mitchell.
História de um homem prestes a se suicidar e que recebe a visita de seu anjo da guarda, que lhe mostra o que seria da localidade se ele nunca tivesse existido.
Dias 03, 10, 17
O leão no inverno (The lion in winter). Direção de Anthony Harvey. Inglaterra. 1968. 134 min. Com Peter O’Toole, Katharine Hepburn, Anthony Hopkins, Jane Merrow, John Castle, Timothy Dalton.
Chamada pelo marido, o rei da Inglaterra Henrique II, a rainha Eleanor de Aquitânia deixa o castelo onde vive enclausurada para passar o Natal com a família; na verdade, o rei pretende escolher seu sucessor entre os filhos, com a aprovação da esposa.
Dias 04, 11, 18 (Excepcionalmente sessão às 14h00)
Fanny e Alexander (Fanny och Alexander). Direção de Ingmar Bergman. Suécia / França / Alemanha. 1982. 171 min. Com Börge Ahlstedt, Pernilla Allwin, Gunn Walgren, Ewa Fröling, Jarl Kulle, Erland Josephson, Kristina Adolphson.
O universo de uma família sueca apresentado pela ótica de duas crianças durante uma festa de Natal.
Dias 05, 12, 19
Os vivos e os mortos (The dead). Direção de John Huston. EUA. 1987. 80 min. Com Anjelica Huston, Donal McCann, Helena Carroll, Cathleen Delany.
Em 1904, em Dublin, depois de uma elegante festa de Natal, o casal Gabriel e Gretta volta para o hotel onde está hospedado. E Gretta conta a seu marido uma surpreendente história sobre seu passado.