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A Aula Magna da Cátedra Memorial da América Latina – 3º Módulo – será ministrada pelo professor Carlos Romero na segunda, 18 de agosto de 2008, no auditório da Biblioteca Latino-americana Victor Civita, às 19h30. Sob o título “El Debate Actual sobre América Latina”, o pesquisador venezuelano discorrerá sobre a delicada equação “Crescimento + Integração = Desenvolvimento” em face dos desdobramentos das crises de crédito e inflação das commodities nos últimos dois anos.
Mas as atividades da Cátedra já começaram. “Comercio y Desarrollo. Los Nuevos Retos de América Latina” é o tema do curso que Carlos Romero, da Universidade Central da Venezuela, iniciou na segunda, 4 de agosto de 2008. A aula foi ministrada no auditório do Anexo dos Congressistas. A maioria dos alunos presentes faz pós-graduação na área de relações internacionais, especialmente na USP ou Unesp, entre eles, um moçambicano e outro peruano. E estão ligados ao Programa Santiago Dantas.
A Cátedra Memorial da América Latina surgiu há três anos por meio de uma parceria entre o Memorial e as três universidades públicas paulistas (USP, Unicamp e Unesp), e conta com o apoio de instituições de ensino latino-americanas e empresas privadas. Essas atuam como sponsors (financiadoras). Seu objetivo é investigar um tema previamente escolhido de relevância latino-americana. Para isso, a Comissão de Orientação da Cátedra Memorial da América Latina escolhe o catedrático entre os mais conceituados pesquisadores latino-americanos.
“Energia” foi o tema a ser enfrentado no 1º módulo da Cátedra, em 2006, pelo professor da Universidade de Itajubá, MG, Luiz Augusto Horta Nogueira. O prof. José Goldberg foi o catedrático do módulo “Meio ambiente”, no ano passado. Em 2008, as implicações em torno da questão do “Comércio e Integração latino-americana” serão analisadas pelo professor Carlos Romero, que orientará um grupo de bolsistas.
Carlos Romero é um cientista político venezuelano com mestrado nos EUA e carreira acadêmica na Universidade Central da Venezuela, de Caracas. Sua trajetória internacional inclui períodos lecionando nos EUA, França, Espanha, Inglaterra e Brasil, onde ensinou no Prolam – Programa de Pós-graduação em Integração da América Latina, da USP. Romero é autor de 10 livros, entre eles, “Jugando com el Globo. La política exterior de Hugo Chávez”.
Em sua aula inicial, Romero expôs a falta de unidade dos países latino-americanos nas negociações multilaterais, como as recentes divergências no âmbito da OMC deixaram claro. A ambigüidade é a tônica da atuação de algumas nações, em diferentes fóruns, como a Venezuela, que está e não está no Mercosul, ao mesmo tempo que investe na Alba. A Venezuela é um caso interessante, pois mesmo tendo saído da Comunidade Andina de Nações, o comércio com os países que dela fazem parte, especialmente com a Colômbia, aumentou bastante nos últimos dois anos.
Uma outra indefinição que assombra o subcontinente latino-americano é o que o professor Romero detecta como uma volta ao período pré-Segunda Guerra Mundial, quando claramente os países da região tinham a vocação de grandes produtores agrícolas. Nos anos seguintes, quase todos os países acataram o pensamento da Cepal e iniciaram o processo de industrialização. Queriam passar de uma economia primária para uma industrializada. Essa política pode estar sendo deixada de lado, pois a região tem lucrado muito com as commodities.
Alguns países sofrem especialmente com a crise internacional. El Salvador, por exemplo, tem 48% de suas divisas vindas de remessas de parentes emigrados. Mas imigrantes começam a voltar, com a diminuição das oportunidades nos países ricos. O curso do prof. Romero vai analisar a atual crise mundial, com inflação e baixo crescimento. Com a recessão às portas o que fazem os países? “A primeira coisa é o protecionismo, o fechamento em suas fronteiras, e o aumento da participação do estado na economia”. Tudo isso dificulta a unidade de ação dos blocos. “Com a crise a integração é mais difícil, os países voltam-se para os TLC (Tratado de Livre Comércio)”.
Fotos: Fábio Pagan