/governosp
AGOSTINHO DA SILVA
George Agostinho Baptista da Silva, mais conhecido como Agostinho da Silva, nasce, na cidade portuguesa do Porto, no dia 13 de Fevereiro de 1906. Contudo, passa a sua infância em Barca D’Alva (aldeia fronteiriça da Beira Alta). Só voltará à cidade que o viu nascer em 1912.
Em 1924, entra para a Faculdade de Letras da Universidade do Porto para cursar Filologia Românica mas, no mesmo ano letivo, transfere-se para o curso de Filologia Clássica. No ano de 1928, termina a sua graduação e passa a colaborar na revista Seara Nova (onde virá a estabelecer uma rica interlocução com o historiador e filósofo português Antônio Sérgio). Um ano depois conclui a sua tese de doutoramento: O Sentido Histórico das Civilizações Clássicas.
Freqüenta a Escola Normal Superior, em Lisboa (1930), publica A Religião Grega e, no ano imediatamente a seguir, estuda em Paris, como bolsista, na Sorbonne e no Collège de France. Nesse ano, escreve Miguel Eyquem, Senhor de Montaigne. Regressa de Paris, em 1933, e é colocado em Aveiro (cidade portuguesa), como professor efetivo no Liceu de José Estevão. No entanto, dois anos depois, é demitido do ensino oficial por não ter assinado a Lei Cabral (lei que, durante o Regime Salazarista, impunha que todos os funcionários públicos declarassem que não pertenciam a sociedades secretas, tais como a maçonaria e organizações políticas clandestinas, como a dos comunistas). Ganha uma bolsa do Ministério das Relações Exteriores de Espanha e vai estudar para o Centro de Estudos Históricos de Madrid, sob a orientação de Américo Castro. Mas, com a iminência da Guerra Civil Espanhola, em 1936, volta para Portugal. A partir de 1937, começa a publicar uma série que se intitularia Biografias dos Grandes Autores (14 títulos) e a coleção À Volta do Mundo (treze títulos). A partir de 1940, dedica-se à elaboração de Iniciação – Cadernos de Informação Cultural (mais de sessenta títulos) e da Antologia (cerca de cinqüenta títulos). Estas obras acabariam por ser fundamentais para que grande parte dos portugueses tivesse acesso a uma divulgação cultural e pedagógica na época da Ditadura.
Em 1943 é preso pela Polícia Política e, no ano de 1944, para além de editar a obra Conversação com Diotima, auto-exila-se na América do Sul. A sua primeira estada é no Brasil, depois na Argentina (onde leciona na Colegio Libre de Estudios Superiores de Buenos Aires a convite do filósofo argentino Francisco Romero) e, em 1946, no Uruguai. Em 1945, são editadas, em Portugal, as obras Diário de Alcestes, Glossas e Sete Cartas a um Jovem Filósofo. Regressa do Uruguai ao Brasil em 1947 e instala-se na Serra de Itatiaia (no estado do Rio de Janeiro). Um ano depois, fixa-se na capital fluminense e trabalha no Instituto Oswaldo Cruz, na Faculdade Fluminense de Filosofia (futura Universidade Federal Fluminense), da qual foi um dos professores fundadores, e na Biblioteca Nacional. Em 1952, integra o corpo docente responsável pela implantação da Universidade da Paraíba. Colabora, com Jaime Cortesão, na organização da Exposição Histórica do IV Centenário da Cidade de São Paulo, em 1954. No ano seguinte, contribui para a fundação da Universidade de Santa Catarina e escreve a obra Um Fernando Pessoa. Em 1956, publica Ensaio para uma Teoria do Brasil, na célebre revista Anhembi, de Paulo Duarte, e, no ano seguinte, publica Reflexão à Margem da Literatura Portuguesa.
Em 1959, cria o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), em Salvador, e ensina Filosofia do Teatro na Universidade da Bahia, tendo o jovem Glauber Rocha sido um dos seus alunos. Nesse mesmo ano, naturaliza-se brasileiro. No ano seguinte, edita As Aproximações, coletânea de alguns dos textos que escreveu para o “Suplemento Literário” do jornal O Estado de São Paulo. Em 1961, torna-se mentor da política externa independente do Brasil com relação à África, no governo Jânio Quadros. Contribui, junto com Darcy Ribeiro, para a fundação da Universidade de Brasília e, em 1962, cria o Centro Brasileiro de Estudos Portugueses da Universidade de Brasília. No mesmo ano, sai, em Salvador, Só Ajustamentos, uma outra compilação de artigos igualmente provenientes de sua extensa colaboração (1947-1960) no Estado de São Paulo.
No ano de 1963, desloca-se ao Japão como bolsista da UNESCO. A partir de 1964, embora continue em Brasília, assenta moradia também entre Cachoeira (no Recôncavo baiano) e Salvador (onde concebe a formação do Museu do Atlântico Sul, no Forte de São Marcelo). Em 1965, escreve As Folhas Soltas de S. Bento e Outras. Em 1968, é eleito membro da Academia Internacional de Cultura Portuguesa e vai aos Estados Unidos da América lecionar em cursos de Mestrado e Doutoramento do Queens College (Nova Iorque) e dar conferências em Harvard e Yale.
Em 1969, regressa a Portugal. Escreve Educação de Portugal, no ano de 1970, que só será editada em 1989. Em 1981, regressa temporariamente ao Brasil. No ano seguinte, vai ao Senegal com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1983, é nomeado Diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Técnica de Lisboa e do Gabinete de Apoio do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICALP). Em 1986, escreve as Cartas Várias. Recebe a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada, em 1987, e no ano que se segue, vai a Moçambique. É eleito membro da Academia da Marinha Portuguesa. Em 1990, participa em programas de televisão (protagoniza o programa Conversas Vadias) e, em 1992, re-nacionaliza-se português. No Domingo de Páscoa de 1994 (3 de Abril), morre em Lisboa.