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São Paulo, 21 de março de 2011
A Fundaçao Memorial da América Latina viveu uma jornada teatral na semana passada muito importante para consolidar o seu Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo. Em sua 4ª edição, ele conquistou destaque na mídia e caiu nas graças do público. Todas as apresentações tiveram bom público, até mesmo as peças em espanhol.
Como São Paulo é uma cidade cosmopolita continua atraindo imigrantes, principalmente de outras nações da América Latina. As respectivas colônias dos países latino-americanos representados no Festibero fizeram questão de prestigiar os espetáculos de seus lugares de origem. Mas muitos brasileiros também estavam presentes, mostrando que os dois idiomas – português e espanhol – podem circular livremente pelo continente.
No encerramento, novamente com casa lotada, podia-se sentir o entusiasmo do público e dos artistas com o Festibero. As peças “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues, e “Yo, Mono Libre” foram as últimas a serem apresentadas. Os aplausos se prolongaram. Ficou o gostinho bom de quero mais.
Além das peças de teatro, o Festibero contou com lançamentos de livros, noites de autógrafos e o debate “Avanços e Dificuldades do Teatro Contemporâneo”. Dividido em partes e dias diferentesia, os protagonistas do teatro contemporâneo discutiram o tema dos pontos de vista da produção, do ator e do autor.
A oficina do diretor teatral José Renato também foi concorrida. Durante a tarde de sábado, ele pode passar um pouco da sua longa experiência nos palcos, que se iniciou nos anos 50, com a criação do Teatro de Arena. Mestre de sua geração, Zé Renato é um homem de teatro completo. Ele é dramaturgo, ator, diretor, produtor e professor das artes cênicas.. Os participantes da oficina foram instigados a pensar o teatro como arte, como técnica e como linguagem. E não deixaram de refletir sobre as implicações de compromisso e responsabilidade social do fazer teatral.
Sucesso desde o início
A largada do IV Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo foi na segunda, 14, no Auditório Simón Bolívar, do Memorial, que estava lotado. No foyer, a partir das 19h30, os autores Analy Alvarez, Maria Lucia Candeias e Umberto Magnani (foto) autografaram os livros lançados por eles pela Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
A largada do IV Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo foi na segunda, 14, no Auditório Simón Bolívar, do Memorial, que estava lotado. No foyer, a partir das 19h30, os autores Analy Alvarez, Maria Lucia Candeias e Umberto Magnani (foto) autografaram os livros lançados por eles pela Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
Às 8h30, após as boas vindas do coordenador do Festibero, Fernando Calvozo, e do presidente do Memorial, Fernando Leça (foto à direita), houve uma homenagem a Maria Della Costa . Aos 85 anos, a atriz que se tornou uma referência para o teatro brasileiro, não pode estar presente, por ter sofrido uma queda recentemente em sua pousada em Paraty, onde mora.
Mas no telão foi projetado um filme (foto ao lado), feito especialmente para a ocasião, através do qual ela mandou uma mensagem ao público do Festival. Após uma sequência de imagens das montagens que protagonizou, a maioria delas no teatro que leva seu nome, Maria Della Costa arrancou aplausos e gargalhadas do público quando assumiu, sem falsa modéstia, que “gosta e merece as homenagens que recebe.”
Em seguida, a troupe do Centro de Pesquisa Teatral (à esquerda e abaixo) apresentou a peça “Lamartine Babo”, dirigida por Emerson Da. Trata-se de uma delicada obra-prima de autoria de Antunes Filho. O autor, ao invés de dramatizar a vida do músico, apenas esboça conflitos entre os componentes de um grupo musical que ensaia as composições de Lamartine Babo. Como se não bastassem as sutilezas que compuseram cada personagem – bem como os números musicais, verdadeiras celebrações da arte e da alegria de cantar – eis que irrompe no palco um homem casmurro, todo de preto, portando chapéu à moda antiga. Ele rouba a cena pelo modo que se infiltra no grupo e zela pelo repertósio lamartiniano. Confere dramaticidade, humor pulso e força ao texto de Antunes Filho, que sem ele seria exageradamente despretensioso.
Desde terça o Memorial recebe grupos teatrais que se destacaram recentemente em seus países. É oportunidade rara para o público paulistano conhecer o que se está fazendo de bom nas artes cênicas da Península Ibérica e da América Latina. Até 20 de março, serão apresentadas 17 montagens teatrais provenientes de dez países, incluindo o Brasil, que encenam autores clássicos ou contemporâneos e se utilizam de linguagens que vão do tradicional à vanguarda.
O Brasil comparece com 8 peças, entre elas, “As Folhas do Cedro” (foto ao lado), de Samir Yazbek, apresentada nesta terça, “Noel Rosa – O Poeta da Vila e seus Amores”, de Plínio Marcos, e “Boca de Ouro”, de Nélson Rodrigues (confira todas as sinopses).
Segundo o idealizador do Festival e coordenador da comissão de curadoria, Fernando Calvozo, “o intuito é mostrar a diversidade cultural e mapear a produção contemporânea das artes cênicas, além de traçar um paralelo entre a produção dos países da América Latina, Portugal e Espanha”. Integram ainda a comissão de curadoria a atriz e diretora teatral Elvira Gentil, a crítica e membro da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) Maria Lúcia Candeias, e o ator, diretor e produtor teatral Umberto Magnani.
Calvozo explica que “a ideia é fazer uma ponte que possibilite a troca de experiências entre artistas e companhias para discutir a evolução do fazer teatral dentro da realidade cultural desses países, não esquecendo suas origens e a ligação do teatro com suas comunidades, descobrindo semelhanças e problemas comuns ou específicos de cada grupo”.
O Festival Ibero-Americano foi concebido para pensar o papel do teatro na sociedade atual, evidenciando as tendências de cada região e como assimilam e respondem às questões contemporâneas. Por uma semana, atores, diretores, produtores, dramaturgos, críticos e jornalistas provenientes de diversos países discutem, formalmente ou informalmente, problemas e dificuldades e as soluções encontradas para seguir fazendo teatro. Desta maneira circula o conhecimento e a experiência de diferentes maneiras de manter viva a arte teatral.
Entre outras atividades, a comissão programou três mesas de discussão com o tema: Avanços e Dificuldades do teatro Brasileiro Contemporâneo, coordenadas pela atriz e diretora Analy Alvarez, atual presidente da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (APTESP), e a já tradicional oficina nesse ano será a de Direção Teatral terá como mestre o diretor, ator e produtor José Renato (leia mais). Com o Festibero, o Memorial cumpre sua missão de promover o diálogo e estreitar ainda mais os laços culturais entre países irmãos.
Confira a programação:
MOSTRA PRINCIPAL – AUDITÓRIO SIMÓN BOLÍVAR
14 de março – segunda-feira – ABERTURA
20h30 / Plateia A – Cerimonial de Abertura
21h00 / Plateia A – “Lamartine Babo”, de Antunes Filho – Direção: Emerson Danesi
Cia. Centro de Pesquisa Teatral – CPT – BRASIL
O musical de Antunes Filho se articula em torno da misteriosa visita de um senhor e sua sobrinha a uma banda que ensaia as clássicas composições de Lamartine Babo.
15 de março – terça-feira
19h00 / Plateia B – “Sin Fin (Collage em B/N)”, Criação Coletiva – Direção: Paula Sinisterra – Cia. Velatropa Colectivo de Arte – COLÔMBIA
20h00 Sessão de autógrafos com Elcio Nogueira e Renato Borghi
21h00 / Plateia A – “As Folhas do Cedro”, Texto e Direção: Samir Yazbek
Cia. Arnesto nos Convidou – BRASIL
22h00 / Sessão de autógrafos com Samir Yazbek
16 de março – quarta-feira
19h00 / Plateia B – “Septiembre”, de Yovinca Arredondo – Direção: Yovinca Arredondo – Cia. Artística Tucura Cunumi) – BOLÍVIA
20h00 Lançamento do livro “O teatro de José Vicente”, de Cida Moraes
21h00 / Plateia A – “Noel Rosa, O Poeta da Vila e Seus Amores”, de Plínio Marcos (foto ao lado)
Direção: Dagoberto Feliz – Cia. Coisas Nossas – BRASIL
O texto não linear de Plínio Marcos conta a vida de Noel Rosa, o boêmio compositor de grandes clássicos da música popular brasileira, por meio de cenas que “ilustram” situações presentes nas músicas e narram episódios importantes da vida do autor.
17 de março – quinta-feira
19h00 / Plateia B – “Rua do Medo”, de Leonardo Cortez – Direção: Marcelo Lazzaratto – Cia. dos Gansos – BRASIL
21h00 / Plateia A – “José Gaspar (La Soledad del Poder)”, Hernán Jaeggi – Direção: Gustavo Ilutóvich – Grupo teatral “Arte Total” – PARAGUAI
18 de março – sexta-feira
19h00 / Plateia B – “Abanico de Soltera”, de Andrea Juliá – Direção: Horácio Medrano – Cia. Tea Teatro – ARGENTINA
21h00 / Plateia A – “A Humanidade é Feia”, de Iñigo Ramirez Haro – Direção: João Craveiro – Cia Kind of Black Box – PORTUGAL
19 de março – sábado
19h00 / Plateia B – “Ya Lo Llamaremos”, de Rafael Pence – Direção: Rafael Pence – URUGUAI
21h00 / Plateia A – “Descomposición”, de Afonso Cárcamo – Direção: Alfonso Cárcamo – Colectivo Escénico Seres Comunes – MÉXICO
20 de março – domingo – ENCERRAMENTO
19h00 / Plateia B – “Boca de Ouro”, de Nelson Rodrigues – Direção: Eloísa Vitz
Cia. Grupo Gattu – BRASIL
21h00 / Plateia A – Cerimônia de Encerramento
21h15 / Plateia A – “Yo, Mono Libre”, de Ricardo Joven – Direção: Alfonso Plou – Cia. Teatro Del Temple – ESPANHA
MOSTRA PRINCIPAL – PRAÇA CÍVICA
19 de março – sábado
18h00 – “Camiños Invisibles”, de Carina Casuscelli – Direção Artística Lenerson Polonini – Cia. Nova de Teatro – BRASIL
MOSTRA PRINCIPAL – SALA DOS ESPELHOS
20 de março – domingo
17h30 – “Hilda Hilst, O Espírito da Coisa”, de José Gaspar Guimarães – Direção: Ruy Cortez com Rosaly Papadopol – BRASIL
Melhor atriz pela APCA, em 2009, Rosaly Papadopol faz sua a voz de Hilda Hilst, levando ao palco poesia, pensamentos, histórias e o que Hilda criou sobre si em si mesma. José Mora Fuentes presidente do Instituto que leva o nome da escritora deu a consultoria literária. A direção é de Ruy Cortez.
ATIVIDADES PARALELAS – SALA DOS ESPELHOS
MESAS DE DEBATES
“Avanços e dificuldades do teatro brasileiro contemporâneo” – Mesa de debates dividida em três etapas, com coordenação de Analy Alvarez – atriz, diretora e presidente da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (APETESP).
Mesa 1 – dia 17/03, das 16h às 18h – “Ponto de vista da produção”
Mesa 2 – dia 18/03, das 16h às 18h – “Ponto de vista do ator”
Mesa 3 – dia 19/03, das 16h às 18h – “Ponto de vista do autor”
OFICINA
Dia 19/03, das 13 às 16h – “Direção Teatral”, ministrada pelo ator e diretor teatral, José Renato. Público Alvo: Alunos interessados em direção teatral, com experiência ou currículo recomendável. Deverão se dispor a participar dos exercícios (inscrições a partir de 14/03, através do festiberoteatro@gmail.com – 40 vagas). Informações: 3823-4634
ENTRADA FRANCA
Para maiores informações:
Tel.: (11) 3823-4756
Fotos: Daniela Agostini
Saiba como foram as edições anteriores do Festival Ibero-americano de Teatro de SP: