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O Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo chega à sua 5ª edição consolidado como um dos principais eventos do cenário cultural da cidade. Fruto de uma iniciativa do Memorial da América Latina, o Festlatino presenteia a cinefilia, todo mês de julho, com debates, oficinas, aulas e, claro, muitos filmes da recente e da histórica cinematografia latino-americana.
Os amantes de cinema – cerca de 16 mil por edição – assistiram, nestes quatro anos, mais de 400 filmes, entre longas, médias e curtas, divididos em panoramas que contemplaram autores consagrados, como Tomás Gutiérrez Alea, Miguel Littin, Arturo Ripstein e Jorge Sanjínes; premiados diretores contemporâneos como Carlos Sorín, Andrés Wood, Pablo Trapero, Karim Aïnouz e Lucrecia Martel; além de alunos-cineastas de escolas audiovisuais espalhadas pela América Latina.
Cada edição ainda prestou homenagem a um diretor ilustre que, pelo conjunto de sua obra, representa o melhor da produção do continente. Já passaram pelo tapete vermelho do Memorial personalidades como os argentinos Fernando Birri e Fernando Solanas (foto ao lado), o mexicano Paul Leduc e o brasileiro Nelson Pereira dos Santos (foto abaixo). E quem ganhou foi o público que, além de conferir as obras desses mestres, ainda pode assistir aulas-magnas proferidas por cada diretor.
Mostras como “A invenção do caminho” de documentários e a “A desinvenção da fronteira” com a nova cinematografia latina na 1ª edição; “O Brasil vê a América” e a homenagem ao fotógrafo Gabriel Figueroa na 2º; “Os desdobramentos do cinema-novo” e a retrospectiva da obra de Tomás Gutiérrez Alea na 3ª; “Docs musicais brasileiros” e “1990 – retomada do cinema latino-americano” na 4ª, são apenas um vislumbre do que já passou pelas salas de exibição do Festival.
E para completar, o público ainda participou de oficinas e mesas, debatendo os rumos do novo cinema do continente, o papel dos cineclubes e da tv pública, formas de exibição e distribuição alternativas, enfim, inventaram e reinventaram os caminhos de sua própria cinematografia.
É com esta bagagem que o 5º Festival de Cinema Latino-Americano desponta para mais uma festa de cinema, entre os dias 12 e 18 de julho. Na programação deste ano estão previstas exibições de longas recentes de mais de 15 países, em grande parte inéditos no país; uma retrospectiva com sucessos de público e crítica desta década; competição de curtas-metragens produzidos em escolas de cinema e um programa comemorativo do Bicentenário da Independência da Argentina, Chile, Colômbia, México e Venezuela; além de debates, palestras e uma série de oficinas ministradas por profissionais do Brasil e do exterior.
Um dos homenageados é o brasileiro João Batista de Andrade (abaixo com Marcelo Piñeyro) consagrado por “O Homem Que Virou Suco” (1980), eleito melhor filme no Festival de Moscou, e um dos idealizadores do Festlatino (quando Secretário de Estado da Cultura). O cineasta, que dirigiu cerca de 40 títulos em quase meio século de carreira, recebe agora sua primeira mostra abrangente, com exibição de títulos como “Doramundo” (1978), “A Próxima Vítima” (1983) e “O País dos Tenentes” (1987). Sua trajetória como documentarista também está representada: ”Liberdade de Imprensa” (1966), ”Greve!” (1979) e “Vlado – 30 Anos Depois” (2005) estão na programação. O festival promove ainda o relançamento, em edição ampliada, do livro “João Batista de Andrade – Alguma Solidão e Muitas Histórias: A Trajetória de Um Cineasta Brasileiro”, assinado por Maria do Rosário Caetano e editado pela Imprensa Oficial.
Também recebe homenagem o argentino Marcelo Piñeyro (acima), diretor de “O Que Você Faria?” (“El Método”, 2005), “Kamchatka” (2002) e “Plata Quemada” (2000), que ganha mostra retrospectiva e vem ao festival apresentar seu mais novo filme “Las Viudas de Los Jueves” (2009), inédito no Brasil.
Dentre os contemporâneos, títulos premiados festivais afora serão exibidos pela primeira vez no país. O público terá a oportunidade de assistir ao vencedor de melhor direção e roteiro no Festival de Sundance 2010, “Zona Sul”, de Juan Carlos Valdivia; e o equatoriano “Impulso” (2009) de Mateo Herrera, prêmio de melhor filme do Festival de Toulouse. Ainda se destacam o thriller psicológico “Miente” do portorriquenho Rafi Mercado, vencedor do prêmio de melhor diretor no Havana Filme Festival de Nova York e o peruano “Paraiso”, de Héctor Galvez, selecionado para o Festival de Veneza e vencedor do prêmio de melhor roteiro original no Festival de Huelva. “Hiroshima”, co-produção do Uruguai com Espanha, Colômbia e Argentina que mereceu estréia mundial no Festival de Toronto, é a nova realização do uruguaio Pablo Stoll, um dos diretores do consagrado “Whisky” – filme presente na retrospectiva.
A retrospectiva histórica desta edição contempla as produções latino-americanas de maior destaque entre os anos 2000 e 2009, período em que vimos o cinema do continente conquistar grande repercussão internacional. No cardápio estão presentes sucessos de bilheteria como “Nove Rainhas”, do argentino Fabian Bielinsky, visto por mais de um milhão de espectadores em seu país; “E Tua Mãe Também” (foto abaixo)do mexicano Alfonso Cuarón, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, em 2003. Do cineasta José Juan Campanella, diretor que levou a estatueta deste ano com “O Segredo de Seus Olhos”, foi escolhido “O Filho da Noiva”, produção vencedora de melhor filme pelo público da 26ª Mostra Internacional de São Paulo.
Sucesso nos cinemas brasileiros, na Europa e nos Estados Unidos, “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, recebeu quatro indicações ao Oscar e foi visto por mais de três milhões de espectadores no Brasil. Outro cineasta brasileiro de circulação internacional, Walter Salles assina a co-produção entre Argentina, Brasil, Peru, Chile e Estados Unidos. “Diários de Motocicleta”, obra que obteve mais de 40 prêmios e/ou indicações internacionais. Já “O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias” (foto abaixo), de Cao Hamburger, foi selecionado para o Festival de Berlim, venceu o prêmio da critica em Guadalajara, o prêmio do público no Festival do Rio e foi eleito pelo júri internacional da Mostra de São Paulo como a melhor ficção do evento.
Uruguai e Peru também estão na seleção da retrospectiva. Do primeiro vem o já citado “Whisky” de Pablo Stoll e Juan Pablo Rebella (este último falecido precocemente em 2006), filme que colocou o país no circuito de cinema internacional. O peruano “A Teta Assustada” (foto abaixo) dirigido por Claudia Llosa, que venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2009 e foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e eleito melhor filme pelos festivais de Guadalajara e Havana.
O Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo tem como objetivo divulgar e discutir a singularidade estética da cinematografia recente e histórica da América Latina. Realizado pelo Memorial da América Latina, o Festlatino conta desde o início com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e é organizado pela Associação do Audiovisual.
fotos: Marcos Finotti
Serviço:
5º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo
12 a 18 de julho de 2010
Memorial da América Latina – Av. Auro Soares de Moura Andrade 664, Barra Funda
Cinesesc – Rua Augusta 2075, Cerqueira Cesar
Sala Cinemateca – Largo Senador Raul Cardoso 207, Vila Mariana
Museu da Imagem e do Som – Av. Europa, 158, Jardim Europa
Cinusp Paulo Emílio – Rua do Anfiteatro 181 favo 4, Cidade Universitária
ENTRADA FRANCA
Oficinas Audiovisuais do 5º Festlatino
Homenagem a João Batista de Andrade
‘Água fria do mar’, da costarriquenha Paz Fábrega, abre o 5° Festlatino
Confira como foram as edições passadas: