
Hoje, o mundo se despede de Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia contemporânea, cuja obra atravessou fronteiras e tempos, sempre movida pela busca incansável por revelar a dignidade humana onde muitas vezes o mundo só via ausência ou silêncio. Ele tinha 81 anos e morreu em paris, na França.
Para o Memorial da América Latina, a trajetória de Salgado ocupa um lugar de profunda admiração. Não apenas pela excelência estética, mas por sua escolha ética de colocar a fotografia a serviço do testemunho social, da memória e da preservação.
Na década de 1980, Salgado lançou o marcante livro “Outras Américas”, projeto que resultou de quase uma década de viagens pelo interior do Brasil e de outros países latino-americanos, com especial atenção aos povos indígenas, aos camponeses e aos trabalhadores invisibilizados pelas narrativas oficiais. Suas imagens, em preto e branco rigoroso, capturaram não apenas os traços físicos, mas os modos de vida, os gestos, as resistências silenciosas que compõem a América Latina profunda.
Em “Outras Américas”, Salgado nos legou um documento histórico e poético sobre a identidade latino-americana, desafiando estereótipos e propondo uma reflexão sobre o pertencimento e o destino comum dos povos deste continente.
Seu olhar foi mais do que técnico: foi político, ético e profundamente humano. Na sua lente, a América Latina se revelou em sua complexidade e beleza, em suas dores e esperanças.
O Memorial da América Latina presta hoje sua homenagem emocionada a este mestre, cuja obra seguirá como fonte de inspiração e referência para todas as gerações que acreditam na arte como instrumento de transformação e memória.
Obrigada, Sebastião Salgado!