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O pintor e arquiteto português Júlio Quaresma levou a sério a experiência sensitiva que deve suscitar uma obra de arte. Na inauguração de sua exposição Homem.Com-Se, no dia 11 de fevereiro, na Galeria Marta Traba, o pintor falou ao público e produziu uma performance em que um ator nu ficava dentro de uma gaiola coberta por números, que eram retirados pelas pessoas que iam entrando na galeria.
A exposição, que fica em cartaz de 12 de fevereiro a 23 de março no Memorial da América Latina, conta com o apoio do Instituto Valenciano de Arte moderna (IVAM). A exposição, composta por obras de pintura e fotografia e uma instalação de vídeo (com imagens da performance da abertura), apresenta o espaço em torno do homem como um espaço multicultural, um misto de comunicações e interrelações, que podem converter-se numa barreira, um espaço de conflito e incompreensão pela difícil relação entre a religião e os outros poderes.
A abertura contou com as presenças de Consuelo Císcar, diretora do IVAM, José Guilherme Queiroz de Ataíde, cônsul de Portugal, Fernando Martinez, cônsul da Espanha, Paulo Roberto Amaral Barbosa, do MAC USP, Fábio Magalhães, historiador e crítico de arte, entre outros. Todos foram recebidos pelo próprio artista, Júlio Quaresma, e por Fernando Leça, presidente do Memorial.
Antes da inauguração, o artista proferiu uma rápida conferência sobre as obras expostas e seu processo criativo, abrindo para perguntas do público. A diretora do IVAM, Consuelo Císcar, frisou a importante parceria que o IVAM mantém com o Memorial, trazendo exposições de lá para cá desde 1996. "Aqui me sinto muito bem, acolhida e encantada sempre que entro nesses belos prédios de Oscar Niemeyer". Quaresma, que também é arquiteto, concordou.
Júlio Quaresma (Angola, 1958), é um artista múltiplo, formado em arquitetura, atividade que exerce juntamente com a pintura e a cenografia entre outras, tendo sido o único arquiteto português a ser convidado para a Bienalba 2007 – Bienal de Arquitectura de Buenos Aires. Expôs pela primeira vez com 15 anos, no Museu do Huambo, em Angola, tendo desde então realizado inúmeras intervenções no âmbito da arquitetura e das artes plásticas.
Apresenta-se comprometido com seu tempo e com os desafios que geram grandes conflitos, fazendo com sua pintura questionamentos aos graves acontecimentos políticos e sociais.
Na exposição tudo se posiciona como um espaço de diálogo e de conflito, mas sobretudo como um espaço de reflexão sobre os valores que nos regem e que estruturam a sociedade em que vivemos e sobre a força da perversidade das palavras. Júlio Quaresma é arquiteto e o espaço nele releva o sagrado onde os corpos dialogam entre a pintura e a fotografia, como afirma Lyle Rexer, crítico de arte americano, acrescentando que “a apropriação da fotografia aqui é um atrevimento e se Wharol propôs um segundo modo de ser para a fotografia, Quaresma propõe-nos um terceiro”.
Para o crítico e curador italiano Achile Bonito Oliva, no seu texto “Il corpo glorioso di Quaresma”, “aqui, o corpo moderno ambiciona um nível de espetacularidade capaz concentrar a atenção e de subtrair-se ao anonimato”.
Consuelo Ciscar, escreve “A sua obra constrói-se em torno do corpo enquanto edifício com vida e mostra as suas personagens na pintura com tridimensionalidade, como esculturas atléticas presas à tela. Quaresma estuda a metamorfose do corpo dos homens, andróginos e transexuais, símbolos do primeiro homem, na sua busca permanente da felicidade e oposição à religião que o persegue obsessivamente”.
A exposição foi apresentada pela primeira vez na Espanha, no IVAM. Antes de chegar a São Paulo, passou por Ávila (Portugal) e Fortaleza e Recife. Daqui, segue para o Panamá e depois para a China.
Veja aqui as fotos da inauguração
Para saber mais:
Serviço:
Homem.com-se, de Júlio Quaresma
12 de fevereiro a 23 de março
Terça a domingo das 9h às 18h
Memorial da América Latina – Galeria Marta Traba
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda
(ao lado do metrô) - Entrada pelos portões 1, 5 e 6
Fone: 3823-4600