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” Todo o nosso trabalho será apenas uma irradiação
no círculo mais afastado do ponto central das coisas
Serão apenas vestimentas e por vezes gestos externos da alma”.
Maureen Bisilliat
Quando o Memorial da América Latina completou 25 anos, em 2014, Maureen Bisilliat resolveu agir. Aos 83 anos ela sabia que era preciso mostrar às novas gerações o seu legado relacionado ao Memorial, assim como o Instituto Moreira Salles e o cineasta Lauro Escorel haviam feito com as suas fotos. Buscou então trechos de suas andanças pelo continente, nos primórdios do Memorial, e editou cuidadosamente este documentário sobre o Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro. No filme vemos, em seu contexto, os artesãos que criaram o luxuriante acervo de arte popular latino-americana do Memorial. Revemos Jacques Bisilliat que, ao lado de Maureen e do arquiteto Antônio Marcos Silva, implantaram o Pavilhão da Criatividade. Que figura bonita, serena, singela e majestosa era esse Jacques (1926 – 1991), a ingenuidade do estrangeiro combinada a certo fatalismo bem ao gosto latino-americano. A gente vê nesse filme discorrer e encher os nossos olhos a história do Pavilhão em seu primeiro quarto de século. Vão passando Carybés, os irmãos Villas Boas, Cláudia Andujar, argentinos, uruguaios, chilenos, a filha do Che, Fábio Magalhães, que dá um belo depoimento sobre o seu amor pelo Memorial. Estão no vídeo trechos de outros filmes, de indígenas incivilizados, de negros em rituais, de muita coisa que aconteceu no Memorial no passado. Além, é claro, da figura incomensurável de Darcy Ribeiro, origem de tudo, inspirador de todos. Para aonde foi tudo isso? Maureen, que é sábia e não é boba, deixou um legado, este filme – “Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro 25 anos / Memorial” – que mostra o que era, o que poderia ter sido e, por que não, o que será.
Por Eduardo Rascov
Foto: Roberto Nemanis
O documentário pode ser assistido na íntegra no nosso canal do Youtube https://www.youtube.com/playlist…
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