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Com a presença de importantes cineclubistas da América Latina – como Carlos Seabra, diretor do conselho nacional de cineclubes, Juan Carlos Arch, presidente do Cineclube Santa Fé e da Federação Argentina de Cineclubes – e mediado por Frank Ferreira, sócio fundador e diretor do Cineclube Darcy Ribeiro, o 1º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo sediou o debate “Cineclubes na América Latina”, na Sala dos Espelhos do Auditório Simón Bolívar, na tarde da terça, 11 de julho.
As mudanças na atividade cineclubista, as dificuldades enfrentadas diante de novos meios de produção e de circulação da cultura, as facilidades e os desafios apresentados pelos novos meios de comunicação foram alguns dos temas discutidos por amantes da sétima arte que lutam para que apareçam novos adeptos de cineclubes. A mesa contou também com Julio Lamaña, presidente do comitê executivo da FICC e Presidente da Federação Catalã de Cineclubes (FCC), e o italiano Paolo Minuto, Presidente Nacional da Federazione dei Circoli Del Cinema (FICC).
O argentino Juan Carlos Arch expôs as dificuldades que os cineclubes da América Latina encontram hoje em dia, como a multiplicação das alternativas de entretenimento, que rouba expectadores. Para ele a luta deve se pautar na criação de um público, não pedir que venha e sim “ir a buscar!”. Mesmo porque, em se tratando de cineclube, não se está se falando de mais um entretenimento, mas sim de uma atividade de alfabetização áudio-visual e formação cultural.
Julio Lamaña disse que a melhoria da comunicação entre os cineclubes é essencial, pois faz com que a programação circule. Falou também da riqueza cultural dos cineclubes, do seu papel fundamental para os cinéfilos e de sua diversidade: “¿Que adianta ver una película sin hablar de ella?”. E qual é o locus natural para se discutir um bom filme?
Sobre as novas tecnologias, Carlos Seabra entende que o Brasil se adapta rápido a tais inovações, que devem ser usadas sem pensar em possíveis dificuldades. Ora, hoje quase qualquer filme pode ser “baixado” da rede de computadores. O ponto negativo é que esse uso, que deveria facilitar, atrapalha quando o assunto é “direitos autorais”. Ou seja, o problema não está na exibição, e sim na legislação. Para ele as leis devem ser diferenciadas, explicando que um cineclube não é comercial: “Mi cineclube es su casa”, brincou Seabra.
Já o italiano Paulo Minuto detecta uma nova classe de público, interessado em debater os problemas sociais. Para ele, a função do cineclube é justamente achar o que esse novo público necessita, que está longe de saber “com quantas mulheres Brad Pitt foi pra cama”. Fazendo isso, o cineclube se opõe à correnteza do mundo contemporâneo, que pode ser resumida em alugar um filme e assistir em casa. “Estamos prontos para a nova Copa do Mundo de cineclubes”, brincou Minuto falando sobre o crescimento dos cineclubes na Itália.
Fotos: Fernanda Yamamoto