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A presença de animais nestes quadros não deve chamar a nossa atenção completamente. A riqueza de sua presença está nas relações que eles estabelecem com os outros elementos. A divisão do espaço em áreas bem definidas gera numerosos elos e comunicações visuais de diversas naturezas.
Analogamente, as preferências pelos tons ocres e pelas escalas de cinza permitem o desenvolvimento de uma construção caracterizada pela satisfação do fenômeno pictórico como um processo mental em que a imagem é o resultado de todo um andamento de um percurso de escolhas e formação de camadas.
Os rostos humanos que se fazem presentes colaboram para instaurar esse curioso diálogo em que os componentes reconhecíveis estão dentro de áreas delimitadas, como a ter seu presente e futuro restringido a certos parâmetros. Talvez a arte seja a forma de atingirem a liberdade.
Sobre os animais, formas pontiagudas surgem como se pudessem expor feridas, mas isso não acontece. O movimento interno se dá sempre na esfera das possibilidades permanentes de busca de significado. Animais e pessoas não estariam no mesmo plano de restrição e de um futuro comprometido?
Oscar D’Ambrosio