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Por Daniel Pereira
“Ele é toda a ilha”. Como léxico, a definição de Jean-Paul Sartre para Fidel Castro é curta, mas, densa no sentido do que representou o líder revolucionário para o povo cubano e para a América Latina. Tão densa como a trajetória do homem identificado como tirano, sedutor, venerado, irônico, dramático, amado, odiado, controverso. Polêmico, sempre.
Em março de 1990 Fidel veio ao Memorial da América Latina. Era a segunda das várias visitas que fez ao Brasil. Convidado para participar das comemorações do primeiro ano de aniversário do Memorial, esbanjou simpatia, passeou pelos espaços recém-inaugurados e não economizou nos elogios ao seu criador, Oscar Niemeyer.
No Auditório Simón Bolívar, lotado, entregou o Prêmio Governo do Estado de São Paulo ao indigenista e etnólogo Orlando Villas-Boas. Fez um discurso inflamado, ao seu estilo: “Eu gostaria de abordar muitos temas aqui, mas o tempo urge. Por isso, tentarei ser breve, embora nem sempre o consiga”. A plateia foi abaixo. Também fez graça quando foi interrompido pelo choro de uma criança e concluiu com vários agradecimentos, especialmente “pela paciência e amabilidade em nos ouvir”.