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Obras fazem parte da coleção do Instituto Valenciano de Arte Moderna e ficam expostas até 12 de novembro, com entrada franca
O rosto transmutado em patética máscara de manequim. A condição humana convertida numa encenação do teatro do absurdo. A magia e o fogo purificador, a morte e os fantasmas. Assim poderiam ser descritas algumas das preocupações presentes nas obras expostas no Memorial do artista plástico John Davies. A mostra "John Davies: Desenhos 1967-2005", inaugurada em 2 de outubro, pernamece na Galeria Marta Traba da Fundação Memorial da América Latina até 12 de novembro. Ela é uma das exposições importantes que gravitam em torno da 27ª edição da Bienal de São Paulo, cujo feliz tema é "Como viver junto".
A mostra “John Davies: Desenhos 1967-2005” reúne 44 obras que foram doadas pelo autor ao Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM), da Espanha, parceiro do Memorial em vários projetos. Realizados entre 1967 e 2005, os desenhos acompanham a ampla trajetória do artista, um dos maiores expoentes da escultura britânica atual. Complementam a exposição dois objetos e cinco esculturas. Entre suas obras mais conhecidas, encontram-se as séries de cabeças realizadas durante os anos 80 e 90, que vão desde as pequenas peças até as que medem mais de dois metros de altura.
Apesar de ter se consagrado no campo da escultura, a formação inicial de Davies (Cheshire, 1946) é pictórica. A exposição vem acompanhada de um catálogo editado pelo IVAM, com textos do crítico de arte Timothy Hyman e de Consuelo Císcar.
A exposição de Davies permitirá ao público brasileiro descobrir a enorme fascinação ainda exercida pelo discurso plástico figurativo. Ainda que suas pinturas, esculturas e desenhos formem um todo coerente, desde o início Davies viu sua faceta de desenhista como algo que se desenvolvia paralelamente à sua obra tridimensional, algo intimamente ligado a ela, mas essencialmente diferente.
Para Davies, os desenhos representam “uma forma de pensamento rápido”, ao contrário da escultura, “que tem seu próprio ritmo e é um processo muito lento, que às vezes, francamente, me deixa farto”, disse. Ele sente que o desenho contempla certa imediatez na execução que falta na escultura, e, ao fazê-lo, recusa qualquer tipo de naturalismo.
John Davies estudou nas Escolas de Arte de Hull e de Manchester e completou sua formação na prestigiada Slade School de Londres entre 1968 e 1969. Em 1972, realizou sua primeira grande exposição individual, na Whitechapel Art Gallery de Londres, onde três anos depois voltaria a apresentar suas esculturas. O efeito dramático e teatral da instalação causou surpresa no público e na crítica londrina, que descobria o trabalho de um escultor figurativo e realista, afastado, portanto, dos modos abstratos que predominavan na escultura britânica da época.
Seu trabalho pode ser relacionado ao de outros escultores figurativos recentes como Kienholz, Segal ou Hanson, embora Davies esteja hoje afastado do que se faz comumente na escultura británica, sendo mais fácil encontrar paralelismos à sua obra no campo da pintura, do teatro ou da perfomance. Sua última grande exposição individual aconteceu no IVAM, em Valência, e no Museu de Belas Artes de Bilbao, em 2005, com uma grande restrospectiva de sua obra. Atualmente vive e trabalha en Londres.
Serviço:
John Davies: Desenhos 1967-2005
De 3 de outubro a 12 de novembro
Terça a domingo, das 9h às 18h
Memorial da América Latina
Galeria Marta Traba
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda (ao lado do metrô)
Entrada franca
Telefone para informação: (11) 3823-4600