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Arquiteto por formação, o artista plástico Marcelo Salum trouxe para o Memorial da América Latina, na mostra Transfronteiras Contemporâneas, uma vídeo-instalação intitulada Paciência, que faz parte da série Mitologia Marginal.
A obra trabalha com a questão da simultaneidade do tempo e ainda não está concluída, já que a cada instante se modifica: as montanhas de gordura vegetal se derretem e se transformam cedendo ao calor mínimo de uma lâmpada enquanto é projetado um passeio por uma jazida multicolorida de rochas usadas para fazer cerâmica.
Marcelo joga com a espacialidade construída através de dados de resíduos, de sobras de memória e de fragmentos de linguagem. “É a imagem da fragmentação que vai construindo esse lugar de passagem”, diz. Nessa obra ele explora a continuidade possível entre um recurso de linguagem e outro.
Nascido no interior e radicado na capital paulista, Marcelo Salum acredita que o Pólo São Paulo de Arte Contemporânea é uma iniciativa importante porque cria uma situação de “integração descentralizada, bem condizente com a cidade de São Paulo que tem milhares de coisas acontecendo ao mesmo tempo”.
O artista adorou a experiência de poder trabalhar com tantos artistas diferentes: “você encontra olhares confluentes e descobre como cada um arruma uma estratégia para desenvolver seu trabalho”. O público do Memorial também foi outro ponto que Marcelo julgou favorável, já que “aqui não vem só especialistas, é um lugar que qualquer tipo de público pode visitar”.
Texto: Juliana Frutuoso
Fotos: Daniela Agostini