Não foi só pelo primeiro beijo de novela, em 1951, que Vida Alves gravou seu nome e fez história como uma das primeiras divas da televisão brasileira. Também não foi pela segunda ousadia, 12 anos depois, quando protagonizou com Georgia Gomide o pioneiro beijo entre mulheres.
A trajetória da mineira Vida Amélia Guedes Alves nascida há 88 anos na pequena Itanhandu, é muito mais do que toda a repercussão dos trabalhos que a fizeram conhecida no meio artístico nacional. Mulher trabalhadora, irrequieta, perseverante, também era crítica contumaz das condições de trabalho dos seus colegas, que chamava os pioneiros da televisão.
Por isso, já fora da telinha, em 1995 criou a Pró-TV- Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira. Sua missão seria preservar a memória da radiodifusão e congregar toda classe de trabalhadores dos seus artistas. Mas o sonho a ser perseguido era a criação do Museu da TV, que Vida Alves não conseguiu ver concretizada.
Em 2012, quando a TV brasileira comemoraria 60 anos, o Memorial da América Latina abriu as portas do Auditório Simón Bolívar para acolher o projeto de Vida Alves. Era a grande oportunidade sonhada por ela para alavancar a proposta do Museu. Foi uma festa inesquecível, prestigiada por profissionais de várias gerações da classe artística. O sucesso do evento foi mais uma injeção de ânimo para Vida, mas ela já não se iludia em ver o projeto concretizado tão cedo. “Mesmo que eu não consiga ver esse Museu de pé, sou feliz porque sei que plantei a semente”.
Não será por falta de apoiadores do projeto. O presidente em exercício da Fundação Memorial da América Latina, Irineu Ferraz, destacou a característica guerreira de Vida Alves e, em nome da instituição que dirige, manifestou sua solidariedade e a convicção de que o sonho do Museu da TV Brasileira “é uma chama que não se apagará”.