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De 4 a 8 de agosto, a Fundação Memorial da América Latina sedia um encontro internacional cujo tema não poderia ser mais oportuno: “Paz para todos os seres: por um mundo saudável, sustentável e compassivo”. O 1º Congresso Vegetariano Brasileiro e Latino-Americano foi aberto por Mary Winckler, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, na manhã de sexta-feira, 3 de agosto de 2006. Ao seu lado, o Secretário do Verde e do Meio-ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge Sobrinho, e Nina Rosa Jacob, presidente do Instituto Nina Rosa. Na pratéia, convidados de vários países latino-americanos, como México, Bolívia, Uruguai e Argentina.
“Esse encontro é uma confraternização entre latino-americanos, um estímulo à união entre seus povos com vistas à difusão do vegetarianismo em nosso continente”, resume Winckler. Ela foi contundente ao denunciar que “nunca na história da humanidade os animais foram criados e abatidos em tamanhas quantidades e em condições tão execráveis, tolhidos de seus instintos mais básicos, impedidos de conviver em família, tratados como um ítem na linha de produção. A saúde da população deixa muito a desejar. Os sistemas de saúde estão falidos. O cenário é desolador”.
É por isso que o secretário Eduardo Jorge e a militante pelo fim da crueldade contra os animais Nina Rosa aportaram a oportunidade deste congresso estar acontecendo agora em São Paulo e no Memorial da América Latina. “Sou quase vegetariano”, confessa Eduardo Jorge, “não como mais mamíferos”. O secretário, que também é médico, ressaltou que serão discutidos temas como a alimentação vegetariana de crianças e a função social (e não apenas fisiológica) da alimentação. “O conteúdo ético da proposta vegetariana é muito bem vindo nos dias de hoje. De fato, a situação cultural e tecnológica contemporânea da humanidade permite o crescimento dessa opção”, conclui.
Em seguida, a carioca Ana Branco – em companhia da sua irmã, Maria Luíza, que trabalha com saúde pública no Instituto Oswaldo Cruz – fez uma apresentação da pesquisa “Convivência com o Biochip”. A professora da PUC-RJ expôs sua teoria sobre a “energia vital” nos alimentos. Segundo ela, todo ser vivo carrega uma memória com informações que podem nos ajudar a viver. “O que é um chip de computador senão silício. Pois bem, toda célula contém esse elemento químico, silício, e, portanto, a capacidade de armazenar informações, como o chip de um computador. O que nós temos que fazer é entrar em contato com esse conhecimento vital – disposto nas plantas também – e começar a mudar a nossa vida”.
Segundo Ana Branco, as sementes no exato momento que estão começando o processo de germinação detém vinte vezes mais energia vital e capacidade alimentícia. E se consumidas com verduras, leguminosas e frutas, completam nossa alimentação. A partir desse conceito, ela vem desenvolvendo uma elaborada forma de preparar os alimentos, que devem ser comidos praticamente crus. Professora do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio desde 1981, ela prefere o contato direto com o Sol e a Terra para seus experimentos. Em função disso, após sua palestra, ofereceu uma degustação ao ar livre de sucos, pastas e massas preparadas segundo as técnicas da biochip alimentação.
Ana Branco une uma das atividades humans mais antigas – a coleta de sementes e depois a agricultura – à tecnologia de última geração. Ela por exemplo não publica livros em papel nem apostilas – “para evitar a devastação das florestas”. Toda a sua produção pode ser encontrada no site wwwusers.rdc.puc-rio.br/anabranc/.
Assim como essa atividade, muitas outras palestras, workshops, demonstrações, desfile de moda e beleza, entre outras atrações, estão sendo oferecidas aos participantes desse congresso utópico, que une pessoas preocupadas não só com o seu bem estar, mas com o próximo, os animais, o planeta e o meio-ambiente.
fotos: Adriano Capelo