O cientista político venezuelano Carlos Romero, professor do 3° módulo da Cátedra Memorial da América Latina, ministrou palestra na Universidade Federal de São Carlos, no último dia 23 setembro, por conta do ?Fórum de Debates ? Série América Latina?, ocasião em que tratou da delicada equação crescimento + integração = desenvolvimento, dentro do contexto econômico da América Latina nos últimos dois anos.
Romero, cujo currículo conta com 40 anos de estudos sobre a América Latina – tendo desenvolvido uma relação de caráter filosófico, politico, econômico e até ecológico com a região -, conta que se sente orgulhoso quando abordado por pessoas de diversas partes do mundo perguntando sobre a América Latina; o que, segundo ele, comprova o crescente interesse por questões como planos de governo e cultura econômica latino-americanas.
A relação entre Estado e sociedade na América Latina é uma das indagações mais recorrentes dirigidas ao professor, que tende a responder que o papel da sociedade civil no sistema democrático deve caminhar para um caráter participativo baseado na confiança.
No plano econômico, Romero ressaltou a importância dos modelos de integração dos anos 60 e 70, que geraram um grande impulso nas exportações, por meio da abertura de mercado e intercâmbio amigáveis e, desta maneira, fomentaram uma industrialização que poderia ser comparada com o que acontece na China hoje. Para ele, atualmente ?temos que analisar a exportação de produtos primários no comércio exterior e, para um retorno maior, devemos investir em industrialização gerando avanço tecnológico?. Segundo o catedrático, ?o que prejudica muito a América Latina é a desigualdade nos mercados de exportação, pois quando um país se vê ameaçado se fecha para se proteger. Exemplo é o Uruguai que rompe com os paises da América Latina para se relacionar com os Estados Unidos criando um paralelo de acordos bilaterais?.
Romero apontou algumas nuances de um mundo globalizado durante sua palestra; dentre os quais a criação de uma nova expressão, a ?economia da sobra?. Termo usado para se referir ao mercado informal que cria um intercâmbio interno na América Latina. Este mercado vem crescendo cada dia mais e deve ser em breve formalizado. Outra situação abordada foram as remessas enviadas a parentes que residem na América Latina por cidadãos que, insatisfeitos com seu país de origem, vão procurar trabalho fora; essa realidade já atinge o Equador em 30% e se torna cada vez mais visível também no Brasil.
O ultimo tema discutido foi a dinâmica da América Latina no plano de estudos acadêmicos, já que falta um filtro qualitativo aos meios de comunicação, que muitas vezes ocultam ou divulgam (des)informações sobre política e sociedade da latino-americanas. É preciso, segundo Romero, refinar tais informações, dinamizar o conhecimento e celebrar os autores nacionais.
Carlos Romero cursou o mestrado nos EUA e galgou consolidada carreira acadêmica na Universidade Central da Venezuela, de Caracas. Sua trajetória internacional inclui períodos lecionando nos EUA, França, Espanha, Inglaterra e Brasil, onde ensinou no Prolam ? Programa de Pós-graduação em Integração da América Latina, da USP. Romero é autor de 10 livros, entre eles, ?Jugando com el Globo. La política exterior de Hugo Chávez?.
Fotos: Fábio Pagan