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Quem passa pelo Memorial nestes últimos dias deve se surpreender: uma lona de circo, com estranhas criaturas infláveis recebe os visitantes logo na entrada. Em frente ao Auditório Simón Bolívar, uma estrutura enorme está sendo montada para o 1º Festival de Cinema Latino-Americano e pro Anima Mundi. Tudo isso somado à inconfundível beleza dos prédios projetados por Niemeyer e a grandiosidade do espaço ocupado na Barra Funda enchem o ambiente de vida.
Qem tiver a curiosidade de entrar e percorrer o Memorial corre o risco de se deparar com situações surpreendentes, plenas de cores e de animação. É o caso dos participantes da série de atividades programadas pela Divisão de Oficinas da Fundação Memorial da América Latina. Paralelas à 8ª Bienal Brasileira de Design Gráfico, em cartaz na Galeria Marta Traba até o dia 06 de agosto, as oficinas ocupam espaços inusitados da Fundação, como os fundos do Auditório. Foi lá que ocorreu a oficina de colagem.
Um som alto chama a atenção para trás do Auditório Simón Bolívar. Contornando o prédio, começa-se a perceber melhor os refrões da música: Jimmy Hendrix canta alto nos falantes do estéreo. Chegando ao local, vários jovens espalhados em grupos, com tintas, tesoura, papel, grampeadores e cola, fazem arte. Literalmente.
Ao som de Hendrix e outros clássicos de uma geração, jovens estudantes de artes, design, publicidade e a quem mais interessasse, participam da oficina de colagem ministrada pelo artista multimídia Erik Müller Thurm.
Artista plástico formado pela Unicamp, com especialização em colagem na Inglaterra e Alemanha, Erik propõe a desconstrução e recombinação de produtos industriais – todos doados pela Bienal de Design Gráfico de 2004 – resignificando sua função. Ou seja, os alunos aprendem a eliminar a função comercial dos produtos, das embalagens, redefinindo-os esteticamente. Para tal, a atividade conta com uma parte teórica que aborda aspectos da história da arte em geral e da colagem.
O mais difícil, segundo o artista, é expor a colagem como conceito e não apenas como um amontoado de coisas umas sobre as outras. A colagem estaria, deste modo, nos diferentes pontos de vista, na edição do cinema, no hiperlink das páginas de Internet, etc. É contra uma visão conservadora de arte, que ainda a concebe apenas como figurativa, que Erik vêm ministrando suas oficinas.
O artista encerra o bate-papo, depois de uma aula de história da arte, com uma frase de Leonardo da Vinci: ”pintura é cosa mentale”. Por mais diversas que sejam as formas de expressão, a arte está em nossas mentes; e a colagem, tal como Erik a concebe, é uma excelente forma de manifestação artística.
Ao final da oficina, amplos painéis serão montados para a exposição dos trabalhos produzidos pelos alunos, formando uma grande colagem das colagens.
Fotos: Adriano Capelo
Conheça mais sobre o trabalho de Erik Thurm:
www.fotolog.com/erik_master_01
8ª Bienal Brasileira de Design Gráfico