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Evento de lançamento, ocorrido nesta quarta-feira (13/9), contou com a presença de representantes de diferentes países latino-americanos e com discurso da Secretária de Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo, Marília Marton.
O número 61 da revista Nossa América foi lançado nesta quarta-feira (13/9), às 10h, dentro do contexto de abertura do VIII IFLAC World Brazil Peace Congress. O periódico, semestral, traz na capa uma mamãe onça e seu filhote, pintada pela pataxó Tamikuã Txihi em um muro do Museu das Culturas Indígenas. A imagem ilustra uma reportagem sobre a instituição, que em julho de 2023 completou um ano.
As matérias sobre os povos originários marcam essa edição: O refúgio nas palavras das mulheres Warao; Uma ocupação indígena no centro de São Paulo; Leituras entrelaçadas: reflexões acerca do painel Etnias: do primeiro e sempre Brasil de Maria Bonomi.
Questões de gênero também se destacam no novo periódico. Além do ensaio visual da fotógrafa Bárbara Wagner, que traz à tona a cultura do funk da periferia de São Paulo, a revista conta com textos que abordam o tráfico de mulheres, representação de gênero na política, a participação feminina no planejamento urbano e o protagonismo da mulher no teatro latino-americano.
Ademais, a Nossa América resgata um importante ensaio sobre o modernismo na Colômbia e na Venezuela da crítica argentina Marta Traba, responsável por divulgar as artes latino-americanas para o mundo, e traz à tona um conto da escritora chilena Lina Meruane que não estava mais disponível para o público brasileiro.
Todos os textos podem ser conferidos gratuitamente pelo link. Caso haja interesse em adquirir um exemplar físico, é possível busca-lo presencialmente na Biblioteca Latino-Americana (Rua Tajipuru, nº500), aberta de segunda a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados, das 10h às 15h.
Evento de lançamento
A festa de lançamento aconteceu na manhã desta quarta-feira (13/9) no Anexo dos Congressistas junto à abertura do VIII IFLAC World Brazil Peace Congress. O evento contou com a apresentação de um quarteto de cordas da Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp) e a presença da Secretária de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, Marilia Marton, que parabenizou o trabalho do Memorial durante seu discurso:
“Ter aqui, de volta, uma estrutura que pudesse tratar de todas as linhas e seguimentos, discussões quer seja no âmbito da política, sociologia, cultura, cinema, teatro, é fundamental retomar esse espaço. Fiquei muito feliz de saber que estávamos muito alinhados, a gente entendia a importância de retomar este lugar como um centro de referência, de estudos, de transformação, de palco e tantas coisas que a nossa América Latina precisa.”
O Presidente do Memorial, Pedro Mastrobuono, reforçou que o aparelho cultural idealizado por Darcy Ribeiro, deve ser visto também como um espaço de reconhecimento da identidade do povo brasileiro e da divulgação dos povos latino-americanos.
“Os eventos que aqui se desenrolam não se esgotam naquilo que é um encontro ou uma breve reflexão, aqui temos a expectativa de que esse conhecimento vá reverbera no ponto de vista acadêmico, políticas públicas e da pesquisa”, pontuou Mastrobuono. O Presidente da Fundação também ressaltou o alinhamento com o Governo Estadual, em especial com a Secretaria de Cultura, para que esta gestão promova o reencontro do Memorial com suas vocações originais.
O diretor do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, Roberto Bertani, fez menção àqueles que fizeram a revista acontecer, lembrando ainda que o conteúdo da edição está alinhado com as linhas de pesquisas das bolsas de estudos lançadas este ano.
“A responsabilidade não é pequena, por que hoje na posição de diretor, a gente tem que verificar pesquisas, pesquisadores, interesses dessas instituições públicas e da principal agência de fomento do estado que é a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp, além de ter o conselho editorial que busca um alinhamento com aquilo que é relevante com a sociedade, cultura e história que a gente busca construir”, afirmou Bertani.
Presente na cerimônia, a Secretária Municipal de Segurança Urbana, Elza Paulina de Souza, querida aliada da Fundação, lembrou que o lançamento da revista se encontra dentro do contexto de abertura do Congresso da Paz e que o Memor tem sido grande parceiro nas ações relativas à prevenção contra a violência doméstica com o intuito de “ter paz dentro das nossas residências, de modo que nossas mulheres possam ser acolhidas em suas casas, em seus lares e nos lugares que elas deveriam encontrar a paz”. Os participantes do VIII IFLAC World Brazil Peace Congress, oriundos de diferentes nações, comemoraram o lançamento da nova revista com bandeiras de diferentes países latino-americanos.
O evento contou ainda com a participação do Diretor Cultural João Carlos Corrêa, da Chefe de Gabinete Rebeca Fingermann e dos demais funcionários da Fundação que participaram diretamente e indiretamente da criação da nova edição da Nossa América.
Participantes do VIII IFLAC World Brazil Peace Congress comemoraram o lançamento da Nossa América com bandeiras de diferentes países latino-americanos. Foto: Maria Vitória Lima/Memorial
Sobre a revista Nossa América
Publicada pelo Memorial da América Latina initerruptamente desde 1989, é um dos periódicos brasileiros mais antigos e relevantes dedicadas a temas culturais da América Latina.
Nossa América surgiu para apresentar aos brasileiros a cultura, a arte e o pensamento de nossos vizinhos latino-americanos e caribenhos. E para mostrar a esses vizinhos o que o Brasil pensa, tem, cria e faz. Em outras palavras, assim como o Memorial, a revista nasceu para estimular o diálogo entre tradições culturais diferentes e, ao mesmo tempo, paralelas.
Até os anos 1980, os brasileiros pouco conheciam a América Latina e o Caribe. As manifestações culturais e artísticas do subcontinente apenas se insinuavam, algo misteriosas e fascinantes. O antropólogo Darcy Ribeiro, que concebeu a instituição, captou esse clima. E escreveu no projeto do Memorial:
“O Memorial publicará a revista Nossa América – Nuestra America para divulgar suas próprias atividades e dar voz aos anseios de expressão da criatividade cultural e da identidade nacional dos povos latino-americanos. O horizonte prioritário de Nossa América/Nuestra América deverá ser a vida e a cultura latino-americanas – Cinema, Teatro, Literatura, Artes Plásticas, História, Sociologia, Economia, Antropologia, Política, Psicologia Social. A revista Nossa América/ Nuestra América deverá traduzir e sintetizar, no plano cultural, político e informativo, o objetivo central do Memorial da América Latina: a integração do Brasil à América Hispânica.”
As primeiras edições da Nossa América entraram para a história do jornalismo brasileiro como exemplo de revista bem editada e inovadora no conteúdo e na forma. Diversos aspectos das culturas ancestrais latino-americanas foram abordados com olhar compreensivo e transformador da realidade, num estilo não acadêmico e acessível ao grande público. Autores como Gabriel García Márquez, Mário Vargas Llosa, Mario Benedetti, e muitos outros importantes escritores latino-americanos, colaboraram com a publicação.
Até hoje a revista do Memorial pensa de forma independente os grandes temas da América Latina – sua história (dolorosa), sua identidade profunda (em evolução), sua soberania (a ser construída) e sua integração econômica, social e cultural (em processo). Em suas páginas, você encontra textos muito bem ilustrados sobre as linguagens artísticas modernas em mutação sob o impacto da tecnologia na literatura, no cinema, no teatro, na música, na dança, na fotografia, nas artes plásticas…
Nossa América pode ser consultada ou retirada gratuitamente na biblioteca do Memorial. A revista merece ser colecionada. Ela pode ser lida no site www.memorial.org.br.